Como sempre digo, os jargões da Maçonaria viraram
banalidade, e muitos irmãos as dizem sem noção da origem, banalmente e sem a
implicação que elas produzem material e imaterialmente, dentro e fora de Loja.
Para
os ritos deístas o J.P., temos que aprofundar na
história bíblica no Antigo Testamento, precisamente no livro de Gênesis 6:9-14,
que faz narrativas sobre Noé; os seus filhos; que a Terra estava cheia de
violência; fala da destruição da Terra e da Arca. Ainda em Gênesis 6:9,
relata que “Noé, era homem Justo e Perfeito em suas gerações, e andava com
Deus”. Então, surge biblicamente nesse momento a expressão “Justa e Perfeita”
(BÍBLIA SAGRADA).
Em
referencia a ritos não deístas como o Rito Moderno ou Francês faremos
uma explicação: “que a expressão J.P. tem origem nas associações de
artesãos construtores, as chamadas Guildas de Corporação, hoje
englobadas sob o título de Maçonaria de Ofício, ou Maçonaria Operativa, para
distingui-la da Maçonaria dos Aceitos, associação maçônica, sem laços
profissionais de união”.
“Desde
remotos tempos, os construtores sempre verificaram a exatidão das construções
com o prumo, ou Perpendicular, e com o Nível, proclamando, ao constatar essa
exatidão, que “tudo está justo e perfeito”.
Vê-se,
pois, que a expressão ‘tudo está justo e perfeito’ veio de épocas pretéritas,
originária da chamada Maçonaria de Ofício, possuindo a época a finalidade de
atestar a exatidão da obra, após verificações empreendidas com o Prumo e o
Nível, instrumentos de ambos os Vigilantes, respectivamente, em informação que
era transmitida ao (Mestre mais sábio) o Venerável Mestre, Chefe da
obra.
Transformando-se
a Maçonaria, de Operativa em Especulativa (1717), por não mais agregar apenas
construtores de profissão, mas construtores no sentido simbólico, do templo
moral e social da humanidade, segundo o atual conceito da Instituição, é
intuitivo que a expressão teria deixado de possuir aquele significado, uma vez
que não mais estamos construindo edifícios ou catedrais.
O
nível hoje é símbolo da igualdade e, juntamente com o prumo, formam uma
esquadria.
Recorrendo-se
o dicionário da língua portuguesa , quase nada há de interessante,
onde o vocábulo ‘justo’ significa
‘conforme à justiça, à equidade, à razão; ou ainda, imparcial, íntegro ou exato
e preciso. De qualquer forma, ‘justo’ é um adjetivo e como tal pode ser usado,
por exemplo, para se dizer ‘homem justo’, nunca se dirá, em português, tudo
justo, como também não se diria ‘tudo virtuoso’.
Já
o ‘perfeito’ exprime
um tempo de verbo, passado, e é também um adjetivo a indicar a reunião “de
todas as qualidades concebíveis, ou a superação do mais alto grau numa escala
de valores”. Igualmente soa estranho dizer-se “está tudo perfeito”, uma vez que
também é adjetivo, servindo para modificar um substantivo, como ‘objeto
perfeito’, ‘jóia perfeita’, ‘obra de arte perfeita’, no sentido de que nestes
não se observa nenhum defeito. Fonte: www.dicio.com.br
Na
linguagem jurídica, a expressão ‘justo’, que ‘é derivada do latim ‘justus’,
entende-se o que é conforme o direito e a justiça. É o que é legítimo, próprio,
adequado, eqüitativo.” Já o ‘perfeito’, ‘do latim perfectus , é empregado na
terminologia jurídica, precisamente no sentido literal ou de origem: quer
exprimir o que está concluído, segundo as regras legais, para que produza os
efeitos desejados’, é utilizado na expressão ‘ato jurídico perfeito e acabado’.
Abandonando
tais conceitos, poucos esclarecedores para os nossos objetivos maçônicos,
surge-nos a perspectiva de partir para a análise do tema, por intermédio de
conceitos filosóficos de ‘justiça’ e ‘perfeição’, em busca oblíqua das bases da
nossa expressão ‘justo e perfeito’.
Portanto,
temos que colocar em prática no mundo profano a doutrina e os ensinamentos
maçônicos transformando-os em uma filosofia de vida, como muito trabalho e ação.
...
“É surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam
suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração devia ter
em abundância, mas quase sempre é o inverso do que o homem pratica”...
O
maior desafio para um maçom, tenho repetido isto, é honrar e representar a
instituição no desempenho de suas atividades como homem, profissional, cidadão
e chefe de família, pois deve ser exemplo de postura ética e moral numa
sociedade excessivamente individualista, consumista, voraz, onde o TER a
todo momento procura absorver o SER numa
luta desigual e numa competição desenfreada, incompreensível e desumana. Uma
sociedade em que valores familiares são desconsiderados, onde a honestidade, a
honradez e a correção de conduta são tidos como sinônimo de atraso, de práticas
ultrapassadas.
Mas
sempre haverá um maçom nesse meio, o chamado “iniciado nos augustos mistérios
da Sublime Ordem”, envolvido nesse turbilhão, atônito, muitas vezes impotente
para reagir porque se apega exclusivamente às coisas do “mundo exterior” e não
aplica as que aprendeu no “mundo interior do templo maçônico”, o que faz nascer
o conflito, a quebra da ética e do decoro pessoais, numa cadeia de afetamento
de condutas reprováveis como nunca se presenciou antes, contaminando a
convivência dentro de nossas Lojas. “Fora é uma pessoa, dentro aparenta ser
outra, mas sempre conflitante na prática dos princípios éticos e morais
maçônicos, o que traz como consequência a quebra da harmonia e da confiança no
seio de uma Loja, e consequentemente espraia por toda a Ordem.
É
certo que ser justo e perfeito não é tarefa das mais fáceis, pois devemos
procurar diariamente a busca pelo autoconhecimento, Enfrentando e aceitando
nossa dualidade, rejeitando as ocupações supérfluas e os pensamentos inúteis,
certamente estaremos bem mais perto do “justo e perfeito.
O
filósofo Platão afirma que “o homem justo será aquele que tem uma alma
harmônica, ou seja, respeita a ordem natural das coisas”. “A natureza” quer que
o homem seja orientado pela razão. “O homem injusto se deixa governar somente
pela sua parte concupiscente e irascível”.
Assim,
meus Irmãos, para que tudo de fato esteja JUSTO E PERFEITO, devemos deixar de
lado a hipocrisia, a falta de ética e sermos maçons de verdade. Primeiro,
absorvendo e incorporando os ensinamentos da Ordem. Segundo colocando-os em
prática na vida profana, pois só assim poderemos concluir que tudo realmente
ESTÁ E ESTARÁ JUSTO E PERFEITO.
Denilson
Forato M.I.