
Por Denilson Forato
Os inimigos da Maçonaria não
são nunca os homens, são os conceitos, as idéias que se opõem ao progresso. Os
inimigos são o fanatismo, a ignorância, a ambição; e é contra estes inimigos
que continuamente luta a Maçonaria.
No século XXI
podemos observar como de diferentes formas os inimigos continuam operando. A
sociedade ocidental está fazendo especial ênfase nestes valores negativos e
continua fazendo que o “homem seja o
lobo do próprio homem” realizando
afirmações tais como as que assinalam a existência de um eixo do mal e por
tanto, a existência de seres possuidores da bondade e outros da maldade.
O PRIMEIRO INIMIGO, os
fundamentalistas de determinadas confissões políticas e/ou religiosas, os
fanatismos que fazem que só eu seja o
possuidor da verdade e ninguém mais; estes fanáticos se comportam com total
falta de liberdade real, já que seu objetivo é que exista um pensamento único,
e que todo mundo veja através da forma que eu apresento, já que eu estou com a
verdade absoluta cada vez mais presente.
O SEGUNDO INIMIGO, que continua
vigente neste século é a ignorância. Parece até um pouco paradoxo esta
afirmação, mas temos elementos que nos permitem sustentar esta afirmação. O
feito de que as tecnologias avançaram, de que a comunicação seja muito rápida,
de que podemos utilizar Internet e nos colocar em contato imediato com todo o mundo,
poderá dar lugar a pensar que há diminuído o nível de ignorância mas pelo
contrário, isto tem feito aumentar já que se pensa menos, se tenha menos
critérios, seja menos livre a maneira de analisar e pensar. Como prova disto,
encontramos analisando os diferentes meios de informação e de comunicação,
vemos que cada vez estão mais globalizados, são mais idênticos, e com isto se
produz uma menor capacidade de pensamento; podemos observar também uma formação
acadêmica muito mais fechada, mais tecnocrática e com menor capacidade criativa
individual.
Possuímos uma grande massa de
informações, mas nela pairamos superficialmente, sem nos determos na sua essência.
Hoje estamos muito longe de
conseguir aquilo que se alcançou na primeira metade do século XX e por isso a
ignorância vai aumentando e a medida que ignorância aumenta os problemas fazem
que o desenvolvimento humano se estanque.
O TERCEIRO INIMIGO, para não
entrarmos em outros tantos, se traduz pela ambição,
o fenômeno mais característico da
civilização ocidental no final do século XX e princípios deste século. A
ambição marca uma pessoa não pelo o que é, senão pelo o que tem; o importante é
o triunfo social, é mais importante a competitividade, o consumismos, o que eu
possa comprar e quanto mais coisas possa eu adquirir mais importante serei. A
concorrência entre os seres humanos nos faz não
solidários com o ser que está a nossa frente, pois deverei combatê-lo para
que eu possa triunfar. Estamos novamente, diante daquilo que nossos antepassados
já consideravam como o grande problema, e pelo qual fizeram evoluir uma Instituição
como a nossa.
Nesta época em que se está
impondo o pensamento único e a globalização que servem para que o ser humano
seja menos livre, aumentam as desigualdades e se incrementa a não solidariedade,
os valores que nós defendemos são a antítese de estes valores negativos que se
vão estendendo em nossa cultura.
Diante dos fanatismos a
tolerância, é admitir o que é diferente, aceitar que outro possa pensar de
forma distinta a nossa, admitir que ninguém possui a verdade absoluta, e que as
diferentes formas de ver, são facetas e caras de uma verdade absoluta que cada
um observa e que as vezes como faces opostas de uma mesma figura, poderia nos
parecer que são antagônicas quando na realidade não são.
Esta tolerância que nos permiti
aceitar o diferente, o estranho, que nos possibilita conhecer melhor a outra
pessoa e quando melhor conhecermos as pessoas teremos menos racismo e menos
xenofobia, fatores que tem peso importante em nossa sociedade. Este é sem
dúvida, um valor importante, que
devemos de forma profunda compensar, diminuir e anular com nossos exemplos e
nossas ações nos círculos em que nós vivemos, os males que o fanatismo possui.
Diante da ignorância, o
conhecimento, o conhecimento pessoal, o conhecimento enriquecedor, o
conhecimento que permitirá que o ser humano seja capaz de possuir critérios
próprios, de possuir parâmetros que o permitam analisar se aquilo que vê, ou
aquilo que lhe dizem, reúne ou não condições e os valores que o querem
transmitir. Atualmente, em algumas ocasiões parece que o mais importante é
negar uma realidade, já que desta forma faz com que a mesma não exista. É
necessário que fomentemos ao máximo o conhecimento, a compreensão e que
voltemos aos valores da educação de extrair de cada um o melhor que disponha e
de conduzi-lo a níveis mais elevados.
Diante da ambição e da não solidariedade, a solidariedade, o
amor fraterno, a fraternidade ou irmandade geral, para lutar precisamente
contra os valores mais característicos destes tempos, e que se implantaram na
metade dos últimos 50 anos, do século passado, nas sociedade mais desenvolvidas
e cujo expoente ficava perfeitamente claro em um texto de psicologia intitulado
“Os escaladores da pirâmide”. No qual se explica o que cada um deve fazer para
atingir o cume desta pirâmide social onde uma série de indivíduos tentam
ascender a mesma pelas suas diferentes faces e a tarefa que temos é tirar os
que estão em cima e derrubar os que vem de baixo, para que não nos alcancem.
Esta é a antítese da solidariedade, a antítese do amor fraterno e a antítese
desta situação, por tanto é uma valor importante.
Na atualidade se está vendo em
todas as partes fundamentalistas de todas as tendências tratando a fé de afogar
a liberdade dos homens abaixo de um jugo de terror, o que bastaria para
justificar plenamente a necessidade da persistência de nossa Instituição.
Neste sentido queremos dizer quais sãos as perspectivas da
Maçonaria para este SÉCULO XXI:
- Tem sentido, ou
está antiquada, uma coisa para “velhos”
ou nostálgicos ?
Acreditamos que existe um sentido básico. Não é uma ONG, não é uma
seita, não é uma religião, é um forma de moral pessoal com projeção externa que
defende valores que continuam vigentes, por tanto, pensamos que se sabemos
explicar esta vigência de valores, explicando como no início a respeito da
tirania, ou em relação com o absolutismo das monarquias que existiam no século
XVIII e no século XIX, com uma configuração atual que apresentam estes inimigos
seculares da Maçonaria, ela tem um porvir positivo e progressista. Somos otimistas
quanto ao futuro. Se nos convertermos em uma ONG, seguramente não teremos
futuro, existem pessoas que fazem melhor do que poderemos fazê-lo. Se
unicamente nos dedicarmos a fazer uma espécie de psicodrama entre nós, sem nos
aprofundar nos princípios esotéricos, nos simbolismos e na tradição iniciática
que já dissemos vem de muito longe, também perde interesse e então se terá
pouco futuro. Pensamos que se mantendo os princípios basilares e mantendo as
raízes que por sua própria transmissão, desde feitos muito antigos, raízes
básicas e profundas, aí teremos um futuro esperançoso que desejamos atingir à
Maçonaria, e esplendoroso século XXI, e basicamente que a nossa Instituição
seja para melhoria da Humanidade.
E, finalizando gostaria de assinalar a importância que tem
nossas reuniões em Loja, pois a Maçonaria é uma espécie de escola de forma
multidisciplinar na qual o fato da reunião ir ao seio de suas Lojas, a Irmãos
de diferentes procedências, aptidões e conhecimentos, forçosamente faz que cada
um de seus membros possam extrair algumas conclusões:
- A primeira das
quais de forma indubitável é a que não só nós temos uma idéia senão que os
outros Irmãos possuem idéias; que se os outros podem aprender com nossas
idéias, nós também podemos aprender deles e que o conjunto de cada um se
manifesta, o conjunto dos conhecimentos dos diferentes Irmãos na Loja faz
que sejamos muito mais enriquecidos e que o todo que cada um leva é sempre
maior que a soma das partes.
A necessidade de implantar novos
valores, valores transcendentes, valores que superam os próprios aspectos
humanísticos. Tendo em conta os aspectos transcendentais que dá sentido a nossa
Instituição e que devemos fazer com que a tradição própria da Maçonaria, se
mantenha, apesar das mudanças que as vezes possam se parecer necessárias.
Pensamos que a sociedade,
especialmente a mais jovem, começa a demandar a existência de instituições que
dêem valor a estas tradições, e que não encontram comumente. Talvez, por este
motivo sem que possamos explicá-lo normalmente, muitos estão procurando
instituições alternativas, ONG’s, e em outras filosofias não dentro da nossa
tradição, e sim em outras culturas, como por exemplo as orientais. Mas é
evidente, que existe um núcleo importante de jovens que se dirigem a este
sentido e quando encontram alguma coisa que reúna esta condições se comprometem
com as Instituições que venham a participar.
Cabe-nos receber e orientar esses
jovens. E aqui a importância de recebê-los com todo o amor fraterno que
possamos ter.