· Na sabedoria do
povo há um ditado que diz: “perdemos
a nossa infância assim que descobrimos que vamos morrer”.
· A morte é a
coisa mais democrática da humanidade, é um destino inexorável de todos os seres
vivos, mas só o homem tem essa
consciência.
· “O que se tornou perfeito, inteiramente
maduro, quer morrer”. (Nietzsche).
· A morte sempre
trouxe questionamentos e angústia para
o homem desde os tempos mais primitivos. Uma das grandes questões para a
Filosofia responder é sobre o sentido
da vida. De onde viemos?
Por que viemos? Para onde vamos?
· A crença na imortalidade simboliza a negação do
homem finito e o anseio por uma vida eterna além-túmulo.
· A Psicologia
explica que durante a vida
enfrentamos vários MOMENTOS DE LUTO: ao NASCER, experimentamos a primeira morte
quando rompemos com o aconchegante mundo intra-uterino, momento em que nos
deparamos com o desconhecido, isto é, com a vida social. Na ADOLESCÊNCIA, enfrentamos o luto pela
perda do corpo infantil e a entrada no desconhecido mundo dos adultos.
Na VIDA ADULTA enfrentamos o
envelhecimento físico e o luto pela perda do corpo jovial para entrar no
desconhecido mundo da SENILIDADE. Finalmente abandonamos o velho mundo para entrar no
desconhecido MUNDO DOS MORTOS.
· É o conflito entre o velho e o novo num
ciclo infinito de mudanças.
· “... observando
a história e os diversos povos, podemos verificar que o sentido da morte não foi sempre o mesmo.
O certo é que a maneira pela qual
um povo enfrenta a morte ou o significado que lha dá reflete de certa forma o
sentido que ele confere à vida.
· Para as sociedades mais primitivas, a morte de um
indivíduo está integrada às práticas coletivas do culto aos ancestrais.
Neste caso a morte é entendida como o
momento de assumir uma nova forma de existir na comunidade dos
mortos. Daí os rituais de passagem,
onde vivos, totem, Deuses e antepassados participam da mesma realidade vital.
· Historicamente, as cerimônias fúnebres sempre foram realizadas conforme a
tradição da religião do morto que é chorado, relembrado e sua ausência é
assinalada pelo luto que pode variar o tempo conforme a época e os costumes
locais.
· “... em algumas
regiões, a viúva deve guardá-lo pelo resto da vida. Um conjunto de atos determinados socialmente, como visitas ao cemitério,
missas para a alma do morto, flores, visitas de pêsames e cartas de
condolências, ajuda os parentes a atravessar o período doloroso da perda e
a reintegração à vida normal”.
· A vida moderna e o acelerado processo de
urbanização têm modificado o comportamento do homem diante da morte. Antigos laços comunitários vêm sendo rompidos e
as pessoas consequentemente estão caindo num extremo individualismo. O pouco tempo livre que resta não permite
mais ao homem dedicar-se aos velhos e aos doentes que são “transferidos” para
asilos ou hospitais a fim de que recebam “tratamento especializado”
de médicos e profissionais de saúde treinados.
· Os velórios também foram transferidos para
Capelas mortuárias onde em geral não se levam crianças que por sua vez não vivenciam e nem aprendem sobre
a morte e o luto. A justificativa
desta mudança é evitar traumatizar a criança que recebe explicações
vagas do tipo: “longa viagem”, “foi morar com o Papai do Céu”, etc.
· Hoje,
porém, fala-se abertamente sobre sexo,
evitando-se falar sobre morte que tornou-se “obscena” e excitante. Os filmes violentos e sangrentos tomaram o lugar
dos filmes de sexo na preferência popular.
· “A curiosidade mórbida mostra o deslocamento do
tabu: ‘A morte, não o sexo,
é agora o tabu que violamos”
· A “obscenidade” da morte se torna mais grave em casos de doenças
terminais, onde se esconde até do paciente sua doença letal e sua morte próxima. Morte
tornou-se uma palavra tão assustadora que a maior parte das pessoas prefere nem falar sobre este assunto “obsceno”.
· Daí a necessidade de se “encobrir” a morte com um
defunto bem arrumado, maquiado e num caixão acolchoado que parece até uma
confortável cama. É um modo
de disfarçar a morte sob a aparência de um repousante sono.
· A ocultação da morte está na dificuldade de lidar com ela e
relacionada com a incapacidade de lidar com a vida.
· Quanto mais difícil a vida de uma pessoa, mais insuportável se torna a
idéia de morrer sem realizar seus sonhos e metas de uma vida melhor. O homem autêntico enfrenta suas angústias e
assume com responsabilidade a construção de sua vida enquanto o inautêntico foge delas e refugia-se na
impessoalidade, na negação da transcendência e na repetição do que todo mundo
faz.
· Resgatar a consciência da morte, não é alimentar sentimentos mórbidos,
obcecados pela morte inevitável, mas assumir a finitude da vida reavaliando nossos comportamentos, escolhas e
atitudes.
EXERCÍCIO PARA CASA:
Estou eu como Maçom, mesmo sendo um ser
pensante, instruído, preparado para lidar com a morte?
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