domingo, 24 de outubro de 2021

*A DIFÍCIL MISSÃO DO RELACIONAMENTO FRATERNO*



“O que vindes aqui fazer, meu irmão?”

- “Vencer as minhas paixões, submeter a minha vontade e fazer novos progressos dentro da maçonaria”.

Ah, como é profunda essa resposta e como iremos perceber o quão difícil será nossa missão!

É claro que a missão maçônica é realizada sem pressas e sem prazos definidos e, certamente, em muitos casos partiremos para o Oriente Eterno sem termos completado a nossa tarefa.

Alguns irmãos terão menos dificuldades do que outros, mas todos, sem exceção, passaremos por terríveis crises internas na lapidação da nossa Pedra Bruta.

O maior ou menor grau de desgaste emocional vai depender da nossa estrutura psicológica, do nosso grau de maior ou menor vaidade, da nossa formação familiar e até mesmo cultural.

Enfim, eis os mistérios da maçonaria, os quais somente serão interpretados da melhor maneira possível à medida que vamos percorrendo os estreitos e tortuosos caminhos que nos levam sempre para frente e para o alto, ao encontro da luz que nos permitirá perseguirmos a busca da perfeição.

Enfim, nada é fácil dentro da nossa ordem, pois lidamos com as sutilezas dos mais profundos e intangíveis sentimentos humanos.

Talvez por isso que muitos de nós acabamos por abandonar nossos ideais nas primeiras paradas nas estações do trem da vida.

É preciso dedicação obstinada e a certeza de que, persistindo, deixaremos com que a maçonaria entre em nossos corações antes de entrarmos nela.

Quantas vezes um Irmão vem nos dizer algo para nos ajudar e acabamos por interpretá-lo de maneira errada e nos exasperamos...

Pergunto-me sempre, por que isso ocorre?

Embora ainda não encontrasse a chave para essa indagação, entendo que talvez a forma com que o Irmão nos aborda, o estado de espírito em que nos encontramos naquele instante, o ambiente, enfim, tudo isso deve contribuir para uma boa ou uma má aceitação.

E, se isso tiver algum fundamento, como poderemos contribuir para amenizar tais situações?

Estaria na rispidez da voz do Irmão?

Estaria na falta de “sintonia” entre ambos em relação aos assuntos e objetivos pessoais e da sua Loja?

Estariam nos pré-conceitos do irmão ouvinte que poderia julgar-se “acima das opiniões” daquele irmão interlocutor?

Ou poderia ser uma somatória de tudo isso, aliado ao fato de que nós, Irmãos, não temos nenhuma afinidade fora da Loja, não nos encontramos em família, não nos visitamos ou não nos falamos mesmo que rapidamente no mundo profano?

Sim, porque muitas das vezes não achamos um tempinho, por menor que seja, para ligar ao Irmão, para passar no seu local de trabalho, para tomarmos um cafezinho juntos.

Bem que gostaríamos, mas nos falta tempo...

É mais fácil para nós conseguirmos essa desculpa.

Sim, desculpa, por que tempo a gente poderia conseguir, vai depender do grau de prioridade que colocarmos.

Irmãos devem procurar proteger Irmãos!!!

Mesmo que haja divergências de opiniões entre si.

Mas precisamos saber que um não deixará o outro em apuros.

E nem o colocará em situações difíceis. Nunca.

Mas é comum nos flagrarmos falando mal de irmão, com duras críticas.

E o que é pior, na ausência do Irmão.

É preciso termos consciência de que devemos mudar nossos procedimentos.

Enfim, meus Irmãos, sou da opinião que devemos exercitar sempre a lição primaz de nossa Ordem, Lapidar a Pedra Bruta, praticando a tolerância fraterna e termos consciência de que todos nós podemos falhar uns com os outros, mas devemos pensar que uma crítica dita por um irmão deve ser olhada sempre pelo lado positivo, pois, como nos ensina o pavimento mosaico, há sempre duas maneiras de interpretarmos tudo.

Vamos ficar com o lado bom.

Pensemos a respeito...

Que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e abra as nossas mentes e os nossos corações, nos permitindo encontrar nossa luz interior e que ela possa florescer em benefício da humanidade.

Ir.Denilson Forato


domingo, 10 de outubro de 2021

POSTURA EM LOJA

 Tudo na vida é feito de bom senso. Posturas desmazeladas em Loja devem ser evitadas para não afrontar o costume composto de educação e respeito aos Trabalhos de uma Loja Maçônica. 


Uma Oficina em trabalho está aperfeiçoando de modo especulativo o “Homem” como elemento primário da Obra Maior. Uma edificação afastada do zelo dos seus construtores estará fadada ao esquecimento, ou simbolizando a obscuridade e o erro.

De maneira geral na Maçonaria brasileira adota-se uma postura demasiadamente exagerada, ou o tipo “filhos de Maria”. O bom senso nos ensina que nem tanto ao santo e nem tanto ao diabo. 

Um obreiro em Loja deve tomar assento elegantemente, porém de forma confortável sem se escarrapachar no assento, e nem mesmo cruzar as pernas. Deve se manter na medida do possível numa postura ereta, podendo cruzar as mãos sobre o avental ou manter os braços estendidos sobre as coxas. 

Também deve se evitar apoiar os cotovelos sobre os membros inferiores denotando-se um aspecto de cansaço e fracasso. Enfim, senta-se normalmente, procurando manter a sola dos pés apoiados no chão.

Outro costume de péssima geometria é o de se mascar chicletes, e ficar desembrulhando balas durante a Sessão. Da mesma forma são os famosos “cochichos” que só tendem a desrespeitar o trabalho daqueles que personificam a Sabedoria, a Força e a Beleza. 

Pior ainda é esse maldito hábito de “tocar trombetas” e fazer proselitismo por se “achar” melhor que os outros pelo simples fato de se possuir qualquer grau acima do de Mestre. Isso é pura vaidade, nada tem a ver como a prática simbólica e fere diretamente a humildade como uma das vigas mestras que sustentam a Sublime Instituição.

VESTIMENTA MAÇÔNICA

 

VESTIMENTA MAÇÔNICA
(traje maçônico)

Basicamente, a uniformização da indumentária visa à harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle. As diversas organizações uniformizam as pessoas na busca da disciplina, do controle e da integração. É o caso das Forças Armadas, dos Estudantes, das Polícias Militares, das grandes corporações de operários, etc. 

No caso da Maçonaria, a uniformização tem os mesmos benefícios já citados, além de naturalmente, os aspectos, que se somam e que dizem respeito, ao uso da cor preta. Na prática dos trabalhos em nossos Templos, buscamos dentre outras coisas, esotericamente, captarem energias cósmicas, ou fluidos positivos ou forças astrais superiores para nosso fortalecimento espiritual. Da física temos o conceito de que o preto não é cor, mas sim um estado de ausência de cores. As superfícies pretas são as mais absorventes de energias de qualquer natureza.

Então, a indumentária preta nos tornará um receptor mais receptivo e mais que isso, nos tornará também um acumulador, uma espécie de condensador deste tipo de energia. Por outro lado, a couraça formada pela nossa roupa preta, faz com que as eventuais energias negativas que eventualmente possam entrar no Templo conosco, não sejam transmitidas aos nossos Irmãos. Por isso o Maçom veste-se de roupas pretas para participar dos trabalhos em Loja.

A indumentária recomendada para as Sessões Magnas é o terno preto, com camisa branca e gravata preta ou branca. Para as Sessões Econômicas, admite-se o uso do Balandrau, que deve ser comprido e preto, complementado pelo uso obrigatório de calças, meias e sapatos pretos.

A comodidade que oferece ao usuário fez com que o Balandrau se difundisse rapidamente, mas é preciso salientar, ele deve ser comprido e ficar a um palmo do chão, pois é uma veste talar, ou seja, que vai até ao calcanhar. Desta forma, também não são indumentárias maçônicas as “mini-saias” que alguns Irmãos usam como se fosse um Balandrau.

Importante observar que, tanto do ponto de vista lingüístico como do ponto de vista maçônico, preto e escuro não são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo, toda indumentária que não seja preta, embora escura, não é maçonicamente adequada.

Alguns autores são de opinião de que o rigor do traje preto deve ser exigência para as Sessões Magnas, podendo ser livre quanto à cor nas Sessões Econômicas, mas mesmo assim todos são unânimes de que é indispensável o uso do paletó e da gravata.

Cabe ao Venerável Mestre decidir, dentro dos princípios do bom senso e da tolerância em torno das exceções, caso algum Irmão visitante em viagem ou mesmo de algum Irmão do quadro, que por alguma razão plenamente justificável, se apresentar ao trabalho com roupa de outra cor.

O Balandrau Maçônico e seu uso em loja

Embora, na opinião de muitos, não seja esta uma discussão tão importante, é, de fato, uma questão interna de Loja que sempre causa alguns transtornos nas Sessões Maçônicas, entre aqueles que condenam o uso do balandrau e aqueles que o defendem. Para alguns Irmãos, o traje maçônico correto é o terno escuro, de preferência preto ou azul-marinho, especialmente em sessões magnas, sendo tolerado o uso do balandrau.

Outros sustentam a ideia de que tanto em Sessões Magnas, quanto Ordinárias, pode-se usar apenas o balandrau. 
Discussões à parte, para mim o mais importante é o Maçom participar da Sessão com todo o seu coração, imbuído da seriedade que o momento exige. É como diz o ditado “o hábito não faz o monge”.

BALANDRAU [lat. balandrana; it. palandrano] - Capa em feitio de batina, feita de tecido leve e preto.

Embora alguns autores afirmam que o balandrau não é veste maçônica, na realidade o seu uso remonta à primeira das associações organizadas de ofício, a dos Collegia Fabrorum, criada no séc. IV a.C., em Roma.

Quando as legiões romanas saíam para as suas conquistas bélicas, os collegiati acompanhavam os legionários, para reconstruírem o que fosse destruído pela ação guerreira, usando, nesses deslocamentos, uma túnica negra; da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos maçons medievais, quando viajavam para outras cidades, feudos, ou países, usavam um balandrau negro. Assim, o balandrau, que é veste talar – deve ir até os talões, ou calcanhar -, foi uma das primeiras vestes maçônicas.

Teve inicialmente o seu uso ligado às funções do 1° Experto, durante os trabalhos de Iniciação em que atendia o profano na Câmara de Reflexões e na cena de S. João. Acreditamos que o nosso clima tropical, a comodidade que o mesmo oferece ao usuário e especialmente o seu baixo custo fizeram com que se difundisse entre nós.

Segundo Nicola Aslan, a presença do Balandrau remonta à última metade do séc. XIX, tendo sido introduzida na Ordem Maçônica pelos Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de irmandades católicas e de Lojas Maçônicas, e que foram, sem dúvida, o motivo da famigerada Questão Religiosa, nascida no Brasil por volta de 1872. Rizzardo Da Camino, escreve:

“O Balandrau surgiu no Brasil com o movimento libertário da Independência, quando os maçons se reuniam sigilosamente, à noite; designando o local, que em cada noite era diverso, os maçons percorriam seu caminho, envoltos em balandraus, munidos de capuz, com a finalidade de penetrando na escuridão permanecerem ‘ocultos’, nas sombras para preservar a identidade”.

Fica aqui, pois esclarecido que o emprego do Balandrau é aceitável e freqüente, na Maçonaria Brasileira, desde que comprido até os pés, mangas largas, de cor preta, fechada até o pescoço e sem qualquer insígnia nele bordada. Mas lembrando sempre: que a consciência do homem está no seu interior e não na roupa.

O negro significa ausência de cor, empresta as sessões um clima pesado de luto; igualando a todos, não haverá distinção para analisar qualquer personalidade; todos emergem em um oceano de neutralidade. Que lições podem tirar desse costume maçônico? Que a parte externa de nós próprios, em certas oportunidades mostra-se em trevas ansiando todos por uma luz.

Lendo alguns artigos de autores maçônicos da atualidade, percebemos que há até entre eles algumas idéias que, se não chegam a se contradizerem, mostram algumas diferenças de pensamento, principalmente em relação ao uso do balandrau em Loja.

Este trabalho visa trazer algum esclarecimento sobre o tema aos meus irmãos da Loja Maçônica Asilo da Virtude, Loja essa que me proporcionou enxergar a luz maçônica e da qual tanto me orgulho. Tentarei ir por partes e peço um pouco de paciência, caso venha extrapolar um pouco o tempo, que eu sei ser de 15 minutos.

A vestimenta maçônica (traje maçônico)

Quando se fala em traje maçônico, logo se pensa em paletó, gravata, sapato preto. Entretanto, temos de levar em consideração que o traje maçônico mesmo é o Avental, sem o qual o obreiro é considerado nu, na acepção de Castellani. Temos de concordar com isto, pois embora a cor da vestimenta (calça, gravata, etc) possa ser diferente para cada Rito ou mesmo dependendo de cada país, o Avental, como diz Jaime Pusch, é a insígnia obrigatória do maçom em loja, não podendo sem ele participar dos trabalhos.

Não há muito que discutir sobre traje maçônico, pois como diz Castellani: “discutir traje em loja é o mesmo que discutir o sexo dos anjos”, devido às variações sofridas nos trajes masculinos através dos tempos, inclusive de povo para povo; em algumas partes do mundo, principalmente em regiões quentes dos estados unidos, os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas não se esquecem do avental; no Brasil, o traje, antigamente, era previsto nos Rituais (Séc. XIX e início do Séc. XX) como indicação e não imposição, devido à diversidade de ritos.

Posteriormente é que a exigência do traje foi colocada na legislação das obediências, padronizando conforme o rito majoritário no Brasil (REAA); a palavra “terno”, gramaticalmente falando, quer dizer um traje que se compõe tradicionalmente de um trio de peças de roupa: calça, colete e paletó.

Os mais antigos talvez se lembrem que era assim que os homens algumas décadas atrás se vestiam, completando este trio com o uso do chapéu e da bengala. Posteriormente, o colete foi abolido, talvez devido ao clima tropical do Brasil. O terno tornou-se, então, um parelho, ou seja, um par, constituído da calça e do paletó, equivocadamente chamado atualmente de terno.

Grande é a controvérsia do uso ou não de terno ou na ausência deste, o balandrau. No Brasil, e só no Brasil, convencionou-se o uso deste, e de acordo com os estatutos de várias obediências o balandrau é “tolerado” em Sessões Ordinárias.

Traje maçônico segundo o RGF-GOB

O RGF do GOB traz em seu Art. 110 que “Os Maçons presentes às sessões magnas estarão trajados de acordo com o seu Rito, com gravata na cor por ele estabelecida, terno preto ou azul marinho, camisa branca, sapatos e meias pretos, podendo portar somente suas insígnias e condecorações relativas aos graus simbólicos”.

“§ 1º – Nas demais sessões, se o rito permitir, admite-se o uso do balandrau preto, com gola fechada, comprimento até o tornozelo e mangas compridas, sem qualquer símbolo ou insígnia estampado”.

O traje maçônico no RGF é definido em relação às sessões magnas, admitindo-se o balandrau nas outras sessões, de forma eventual. Faço aqui os seguintes questionamentos: Por que se exigiu de forma mais clara somente em relação às Sessões Magnas?

A palavra terno diz respeito ao trio paletó, colete e calça, como sempre foi tradicionalmente e gramaticalmente, ou somente ao paletó e calça, já que a palavra terno quer dizer ternário, trio? A palavra eventual significa um acontecimento incerto, casual, fortuito; o verbete eventualmente no RGF tem o mesmo significado? Se tiver, o balandrau pode ser admitido casualmente, em quantidade incerta? Não deveria conter o RGF uma exclusão de proibição do balandrau em sessão magna, já que é usado pelo experto nas iniciações?

Antes de concluir, quero falar um pouco do que é o balandrau, motivo maior deste trabalho.

Definição, origem e uso do balandrau na Maçonaria

Balandrau – do latim medieval balandrana, designa a antiga vestimenta com capuz e mangas largas, abotoada na frente; e designa também, certo tipo de roupa usada por membros de confrarias, geralmente em cerimônias religiosas. Assim, o balandrau não é exclusividade maçônica.

Embora alguns autores insistam em afirmar que o balandrau não é veste maçônica, o seu uso, na realidade remonta a primeira das associações de ofício organizadas (Maçonaria Operativa), a dos “Collegia Fabrorum”, criada no século VI a.C., em Roma. Quando as legiões romanas saiam para as suas conquistas bélicas, os Collegiati acompanhavam os legionários para reconstruir o que fosse destruído pela ação guerreira, usando nesses deslocamentos uma túnica negra.

Da mesma maneira, os membros das confrarias operativas dos Franco-Maçons medievais (Séc XIV e XV), quando viajavam pela Europa Ocidental, usavam o balandrau negro. Segundo outros autores, o uso do balandrau teve início nas funções do Primeiro Experto, durante os trabalhos de iniciação em que atendia o profano na Câmara de Reflexões.

Para outros, como Jaime Pusch e Rizzardo Da Camino, o balandrau foi inicialmente restritivo à Câmara do Meio, no Grau de Mestre de alguns ritos, mas que depois foi aceito, nos outros graus.

Percebemos, através deste pequeno relato, que o balandrau está presente na história da Maçonaria desde o princípio, pois era uma forma de igualar os participantes e proteger suas identidades através do capuz, principalmente da perseguição da inquisição.

Hoje, a vestimenta é tolerada pelas altas autoridades das potências maçônicas e muitas lojas adotam o balandrau como vestimenta oficial para as Sessões Ordinárias, deixando o terno somente para as Sessões Magnas. Isto acontece muito nas cidades grandes, principalmente em função da distância casa-trabalho-loja maçônica. Outras lojas admitem o uso do balandrau somente para visitantes, desde que seja do mesmo rito da loja visitada.

Algumas conclusões sobre o tema em questão

Diante do que foi exposto cheguei a algumas conclusões que, de antemão, afirmo serem bem pessoais. Não peço a ninguém que concorde comigo, mas que respeite a minha forma de pensar como pretendo respeitar o pensamento alheio. Vamos a elas:

• A verdadeira veste maçônica é o Avental. Sem ele o Obreiro é considerado nu, não podendo participar dos Trabalhos.

• Sob o Avental deve haver, porém uma roupa sóbria e decente, sendo o balandrau uma forma de igualar e uniformizar o traje. O uso do balandrau iguala e nivela os maçons em loja. Nada de exigência de ternos, cores de gravata etc. A igualdade na vestimenta demonstra um desapego a toda e qualquer vaidade humana – tão combatida pela Maçonaria – e nivela os IIr.’. em Loja, por uma única veste.

• Em um ponto, os Irmãos têm opiniões coincidentes: o balandrau é veste talar, deve ir até os calcanhares, e pode ser considerado um dos primeiros trajes maçônicos, sendo plenamente justificado o seu uso em Loja;

• Terno quer dizer um traje que se compõe de calça, colete e paletó. Assim, a maioria dos maçons atuais está irregular em loja, já que usamos somente calça e paletó, duas peças, a que se dá o nome de parelho (par);

• Deve haver um equívoco no RGF do GOB no que diz respeito ao terno, usando este termo no sentido do já citado parelho;

• Se observarmos nosso padrão climático e o tecido mais leve, me parece ser o balandrau uma boa ou, talvez, a melhor e mais justificada alternativa.

O balandrau tira de nós a aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade; iguala-nos e nos mostra que, independentemente de qualquer posição profana, somos todos iguais, todos IIr.’. em todos os momentos;

• Concluindo este trabalho, queremos dizer que, de acordo com a vontade da Loja, ou talvez de sua diretoria, e também de acordo com o RGF, procurarei ao máximo comparecer às sessões em nossa Loja de parelho ou, como nós mesmos denominamos o conjunto calça e paletó, de terno, para que assim possa haver mais harmonia nos trabalhos, já que o meu balandrau parece incomodar sobremaneira a Diretoria de nossa Loja;

• O mais importante em uma Sessão Maçônica é o clima fraternal criado a partir de emanações de energia dos Irmãos; – em nossas reuniões, dentro do Templo, muitas são as vibrações emanadas de todos os nossos Irmãos, sejam eles Oficiais ou não. Principalmente durante a abertura do Templo, temos a formação da Egrégora. Este é um momento em que todos nós emitimos radiações, e ao usarmos a veste preta, estaremos absorvendo todas essas energias, reativando os nossos Chacras, ou nossos centros de forças, de emissão e recebimento de energia;

• Quando usamos terno preto ou o balandrau, permanecem descobertos nossos Chacras: frontal, laríngeo e coronário. Assim poderemos emitir, receber e refletir vibrações diretamente em nossos centros de força, pois estes estarão descobertos. Em contrapartida, nosso Chacras mais sensíveis estarão protegidos de enviar vibrações negativas durante os trabalhos.

• E a questão maior que deixo hoje para todos nós é justamente esta: Estamos, de fato, emanando bons fluidos? Estamos de fato vivenciando o amor fraternal? Cada um responda por si e a si mesmo somente, que é o mais importante.

Usos e Costumes em Lojas Maçônicas

Este trabalho tem por objetivo analisar a prerrogativa da liberdade e colocação em prática de Usos e Costumes em Lojas Maçônicas. Justifica-se por ser algo pertinente a estas Lojas, bem como ao fato de que seu entendimento pode ter interpretações diversas. A adoção de alguns Costumes em Lojas pode ocasionar questionamentos diferentes, dependendo muitas vezes de observações pessoais e vantajosas para quem as pratica.

O questionamento destas práticas, em sua pretensão, coloca uma interpretação do conceito e definição em uma maior profundidade, sempre tendo por objetivo acrescentar, ajudar e evoluir cada vez mais em uma busca justa e perfeita. Por que se adotam práticas em Lojas que, em outras do mesmo Rito, estes costumes são abominados e não adotados?

Sabemos que na história, por circunstâncias diversas, Usos e Costumes tornam-se regras. Nas Lojas Maçônicas não foi diferente, pois com o passar dos tempos algumas coisas adotadas, e por serem usuais rotineiramente, tornaram-se regras oficiais. Além de que, com o passar dos anos, regras são alteradas devido à evolução dos tempos e adaptações aos momentos de vida dos segmentos envolvidos. Estas mudanças, quando necessárias, é que devem ser melhores analisadas. Esta análise deve ser feita, necessariamente, em caráter oficial para que não resida o grande descompasso na liberalidade de adoção de práticas que poderão se tornar regras. Urge decisões de instâncias oficiais, normatizando situações adotadas diferentemente por motivos circunstanciais.

Algumas interpretações, devem se aproximar de um consenso, tendo em vista que o objetivo é único.

A liberdade para as mudanças necessárias de regras em Lojas Maçônicas, e isto está autorizado em Manuais com ressalvas, deve permear a análise profunda e histórica do Rito e adotar-se algumas regras particulares, acobertados pela liberalidade do Rito quanto aos seus Usos e Costumes estão descaracterizando-o. Mesmo que esteja bem claro que a atualidade de certas práticas não deve perder o contexto histórico do fato.

Apesar de ser uma premissa básica o entendimento do Rito, na sua primeira e decisiva finalidade, este entendimento fica em segundo plano quando se interpreta de forma errada o que está escrito. Está lá no Manual de Instruções do Rito  – Grau de Aprendiz Maçom: O termo Rito incute nas pessoas o hábito cerimonial. O termo Rito se aplica no sentido de regra, ordem, método, orientação, diretriz, uso e conotações, que impregnam a conduta humana de compromisso com um sentimento preconizado.  Em Maçonaria a aplicação de Usos e Costumes deve ter sempre a observância atenta de suas componentes, entre elas sua temporalidade, não devendo ser confundida, pois, com a tentativa de modificações a serem introduzidas nas regras e normas ritualísticas e administrativas devidamente regularizadas. Exige-se que essas práticas contenham sua habitualidade em grande lapso de tempo, ou seja, observe certa antiguidade.

Reforçar este entendimento apenas traz consigo os elementos que devem ser analisados, entendidos e praticados em Lojas. Quando da adoção de certas normas particulares de costumes em Lojas algumas coisas devem ser levadas em considerações: regras, normas, tradições, culturas, evolução da vida física, temporalidade e outras. Devemos considerar aquilo que nos faz diferentes dos demais, isto é, a tradição, a temporalidade quanto ao seu estágio inicial para que não percamos com o passar dos tempos algumas características que nos fazem diferentes.

Adotar-se certas práticas dentro de uma Loja que são confortáveis ou menos trabalhosas, atitudes estas amparadas em liberalidade dos Usos e Costumes, é afastar-se do caminho da persistência que deve ter um Maçom quanto ao seu esforço físico na busca de uma evolução.

Adotar-se atitudes particulares e, transferi-las para o âmbito de uma Loja é descaracterizar aquele esforço que se deve ter, mesmo que seja penoso, na busca de uma evolução. Não se deve adotar alguns Usos e Costumes em uma Loja porque uma maioria de irmãos achou que deveria ser assim, pois entender que uma maioria é soberana é diferente de uma unanimidade. Adotar algumas coisas pela sua praticidade é incorrer no erro dos que buscam apenas coisas pensando em si próprio e não na busca do coletivo.

Usos e Costumes não devem ser desculpas para adoção de interesses de pequenos grupos. Adaptações devem ser seguidas com relação a sua temporalidade, contudo, de tal modo que nunca fujam daquelas normas preconizadas às suas características básicas.

A adoção de Usos e Costumes, com a retórica baseada em uma simples análise de evoluções apenas ligadas ao calendário de que o mundo evoluiu, passa necessariamente pela análise de suas características iniciais de que a finalidade da evolução do homem em todos os seus aspectos é única e adaptações corriqueiras não devem ser manipuladas apenas visando o conforto dos que as propugnam, pois senão incorre-se no erro de que a evolução dos tempos os transforma em iguais na sua caracterização.

Entender que qualquer evolução pode ser benéfica, necessariamente, não quer dizer que se deve adotá-las, pois decisões de pequenos grupos podem trazer erros em sua concepção. O processo de implantação de regras e normas, necessariamente, têm características próprias e objetivos bem definidos quanto a sua diferenciação. Tentar a aproximação do unânime, quanto à evolução do tempo, e aos seus circundantes que navegam no acaso sem responsabilidades algumas, pode os tornar comuns e descaracterizar aquele grupo de pessoas que buscam, incessantemente, a evolução.

Notam-se em algumas Lojas pequenos grupos tentando adotar práticas que descaracterizam a Maçonaria na sua essência básica, com a simples desculpa que o mundo evoluiu. Nestes casos específicos, numa análise mais profunda, verificam-se adoções de práticas particulares com relação aos rituais que são feitos, sem a preocupação da preservação de uma tradição.

É necessário um entendimento e praticidade mais profunda do que significa Usos e Costumes, mesmo que para isto, tenha-se que adotar certas regras impositivas de fiscalização que podem ser adotadas até mesmo dentro dos referidos grupos.

“Reforma Amiable”

 


Q∴Irm∴ e estudioso M∴M, sinta-se honrado em ter em mãos mais uma obra-prima para os praticantes e amantes do Rito Moderno ou Rito de Fundação da Maçonaria Especulativa.
Em 2018 fizemos a tradução para o português do Regulateur du Maçon com os manuscritos de 1783 que demonstravam a origem do Rito Moderno conforme as práticas da Grande Loja de Londres e Westminster.
Em 2019 tivemos acesso aos manuscritos de 1786 que Roettiers de Montaleau sintetizou em 9 graus traduzindo-os.

Finalmente, nada mais do que justo realizarmos a tradução do Ritual Laico dos graus simbólicos de 1887 que foi adotado no Brasil em sessão do dia 23/06/1892, através do decreto n° 109 de 30/07/1892 do Grão-Mestre Irm∴ Antonio Joaquim de Macedo Soares. Ritual que até hoje é praticado por quase todas as lojas que adotaram o Rito Moderno, porém com diversas alterações. Esta reforma ocorreu após a reforma Murat onde expressava uma imposição dogmática alinhada com o 2º Império Francês e com a Constituição da Grande Loja Unida da Inglaterra de 1815. Após a queda do 2º Império Francês e instaurado o regime republicano de 1870 a 1940 ocorreu como consequência uma nova maneira de pensar o que traduz nestes 3 graus simbólicos desta reforma.

Notem o nível de perguntas que as lojas realizavam com o Recipiendário em 1887 através das suas viagens!
Esperamos que com este nível de conhecimento, possamos em um futuro próximo desenvolver um Rito Moderno Brasil onde a essência do Rito Moderno seja recuperada e a sua prática pura e padronizada.

A Moral, Paixão e Razão, segundo o Iluminista David Hume

 Or. Jaraguá do Sul, 15 de julho de 2018.

Essa peça tem como base a filosofia empírica de David Hume, filósofo escocês, nascido em Edimburgo em 1711, onde faleceu em 1776, e foi influenciado por Descartes e Locke, dois outros filósofos iluministas, representantes do empirismo,  e seus precursores.

A Paixão e a Razão são temas de debate da Maçonaria, pelo menos daqueles que se preocupam com o estudo da filosofia, com a interpretação dos símbolos e sua real aplicação na sociedade pelo exemplo de suas ações, que é o objetivo do construtor social. Debate-se ou estuda-se, melhor dizendo, o uso da razão, que deve se sobrepor à paixão, expressa no telhamento, quando respondemos ao que viemos ali fazer: “Vencer minhas paixões, submeter minhas vontades e fazer novos progressos na Maçonaria”. Essa resposta é dada em todos os telhamentos dos ritos de origem francesa, pelo menos, que já foram, sem dúvidas, desde sua origem, influenciados pelo Iluminismo, empírico ou racionalista, na busca da Verdade a que nos propusemos. Essa verdade é justamente o significado do simbolismo, ou a revelação das virtudes inerentes a cada alegoria.

O Empirismo, escola da qual Hume foi prócer, afirmava que o conhecimento viria da experiência vivida e do que se aprende do mundo externo, usando os sentidos e pela introspecção, avaliação do mundo subjetivo, descartando as afirmativas reveladas pelo misticismo ou baseados em suposições a priori (a princípio), mesmo quando aparentemente lógicas.

No seu livro, Tratado da Natureza Humana, talvez sua maior obra, dividida em três tomos, Livro do Entendimento, Livro das Paixões e Livro da Moral, ensina que as paixões ou sentimentos, advêm das ideias e das impressões.  Essas impressões dividem-se em impressões originais vindas dos sentidos, e as secundárias, consequencias das originais.

As impressões originais são internas, primitivas, sentimentos inatos ao físico humano, que geram dores ou prazeres e sempre se renovam. As paixões são secundárias, posto que se derivam da percepção, do que se vê, do que se sabe, da incerteza, e Hume as classificam como diretas (o pesar ou sofrimento, medo, desejo, alegria, aversão), que são as primeiras reações,  ou indiretas (amor, ódio, orgulho, humildade) resultantes das diretas, ou seja, as consequencias daquelas.

Para Hume, a Moral não nasce da Razão, mas da Paixão, porque as decisões morais afetam as ações humanas, ao passo que a razão não as afeta. Afirma que as ações de um individuo são afetadas somente quando o objeto dessa ação é de seu interesse, ou seja, é moral aquilo que me agrada, com o que simpatizo ou imoral aquilo que me prejudica, me causa dor. Se não for de seu interesse, não é moral, ou pouco importa se é ou não.  E só se interessa por aquilo que lhe cause dor ou prazer.

Explica-se. A moral é o que me agrada, e me agrada o que me dá prazer. Ele acreditava ainda que a Razão deveria servir para organizar ou encaminhar as paixões, ou seja, ser sua “escrava”.

Fácil exemplificar, é imoral falar mal de uma pessoa, ainda mais desconhecida ou de fora de seu circulo de amigos ou familiares. Mas, se eu falo mal de um político e vc simpatizar com a ideia, você considera uma atitude moralmente aceita, ainda que eu esteja caluniando, injuriando ou difamando esse político. Todavia, se ele for da sua simpatia, vai me considerar imoral pela difamação, injúria ou calúnia.

Como a moral, portanto, tem uma influência sobre as ações e os afetos, segue-se que não pode ser derivada da razão, porque a razão sozinha, como já provamos, nunca poderia ter tal influência. A moral desperta paixões, e produz ou impede ações. A razão por si só, é inteiramente impotente quanto a esse aspecto. As regras da moral, portanto, não são conclusões de nossa razão. (Hume, 2001, p.497) Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método, in http://www.consciencia.org/david-hume-e-o-entendimento-humano-em-relacao-a-moral

A experiência vivida pelo individuo é que fará a diferença de avaliação moral. Há paixão no julgamento de um e na avaliação do outro, não há Razão.

Se usar a Razão não vai injuriar, caluniar ou difamar, mas analisar os pontos prós e os pontos contra, e deixar a dúvida sobre a sentença para que a Justiça ou cada individuo julgue a questão.  Por isso, a moral é determinada pela paixão e causa os conflitos, porque cada um tem uma bagagem, uma experiência vivida para formar suas ideias e sentimentos.

Na Maçonaria, encontramos pontos em comum com o Empirismo de Hume, quando se fala em Moral, Paixão e Razão. O rito Moderno prega o uso da Razão, também entendido como senso comum aqui, como meio de pacificação entre os indivíduos e de lógica para se atingir o conhecimento ou a Verdade. Usa-se, nele, o método científico da experimentação, da percepção pesquisa do conhecimento já obtido, abrindo-se mão dos conhecimentos ou Verdades absolutas, advindos do misticismo ou de deduções principiológicas. O entendimento das virtudes a serem postas em prática pela sociedade, através do exemplo do maçom, são obtidas pelo estudo racional do que é conhecido e do que se pesquisa e não do “conhecimento místico” ou partido de um princípio esotérico ou mesmo lógico, que não seja comprovado.

Mas estariam os homens, ainda que iniciados, prontos para o uso da Razão? Não! Nem de longe. Somos pura paixão e, ainda que tenhamos como princípio virmos à Maçonaria aprender a dominar as paixões, mostra-se que elas ainda nos dominam. Estamos presos a tradições, usos e costumes dos tempos pré-iluministas, da era do obscurantismo, temos medo da punição divina e nos escondemos atrás de livros religiosos para compensar nosso atrevimento em sermos iniciados em uma ordem “profana” aos olhos daqueles que pregam a Verdade Absoluta a partir do desconhecido.

Seguindo o mestre Hume ainda, as paixões são motivadas pela dor ou pelo prazer que sentimos, e um desses prazeres (ou dor) é a Vaidade. Ela principia a paixão, assim como o ódio, o amor, o apego à materialidade (cargos, títulos, graus em alta numeração). Estamos ligados por demais a esses prazeres e dores.

Conclui-se, então, que o domínio das paixões está no conhecimento das virtudes, que são sentimentos que geram prazer em igual ou maior intensidade do que os prazeres advindos dos vícios, que deveriam causar somente dores. Ao ensinarmos a uma criança esses valores, das virtudes, estamos educando-a a vencer os vícios.

A paixão é inevitável, posto que tem origem em nossos sentidos, portanto, o papel do individuo é vencer a paixão na medida do possível, do conhecimento sobre as virtudes, e praticá-la, experimentá-la, vivenciá-la e assim nos acostumarmos a ela.

Essa é a aplicação da Razão como serva da paixão, conduzi-la para que seja lastreada nas virtudes.

E desta forma, construímos uma nova moral, papel que cabe à Maçonaria estar à frente, ou seja, dos maçons, que aprenderam a dominar suas paixões com a razão e evidenciarem as virtudes como padrão de comportamento.

Se não for esse o papel da Maçonaria, então, temos que retornar ao início da caminhada e novamente pedir a Luz.

 

Marco Antonio Piva de Lima
MI – g. 9
ARLS Fraternidade Acadêmica Ciência e Artes, 3685, RM
Jaraguá do Sul – SC

domingo, 3 de outubro de 2021

Rito Moderno, Usos e Costumes – Cleber Tomás Vianna.

Palestra - Feira de Santana -14.06.2018:

Rito Moderno, Usos e Costumes – Cleber Tomás Vianna.

 Pesquisa: Ir.Denilson Forato

 

Liberdade - Igualdade – Fraternidade

 

...“Fruto de pesquisas em dezenas de artigos e livros sobre o assunto, o presente trabalho visa elucidar alguns pontos que convergem a situações distintas, sendo algumas equívocas, quanto à interpretação de alguns autores sobre o início da MAÇONARIA NO BRASIL, além de tratar de nuances sobre o Rito Francês ou Moderno quanto a sua Fundação, Usos e Costumes no país.”... Denomina-se como Rito Moderno tudo o que parte da primeira Grande Loja da Inglaterra, que se diz fundada a partir de 1717 e, que segue a ritualística nos moldes da publicação feita por Samuel Prichard em 1730, no famoso livro “A Maçonaria Dissecada”. Alguns maçons simpatizantes do tradicionalismo antigo fundam em 1751 uma segunda Grande Loja, tida, então, como a dos Antigos.

Em 1813 as duas se fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra. A obra de Prichard, traduzida para o Francês, passou a ser praticada pelas primeiras Lojas fundadas na França e, por conveniência de interpretação, passou a se chamar de Rito Francês ou Rito Moderno e, ainda, como soe ser mais coerente, Rito Francês ou Moderno. Nascido do desejo de se criar uma unidade racional na diversidade de correntes de pensamento vigentes à época, o Rito Moderno é filho e herdeiro direto do pensamento iluminista.

Embora criado sob moldes racionais, pautou inicialmente suas regras na primitiva Constituição de Anderson, deísta e tolerante no aspecto religioso. Após a Revolução Francesa, em 21 de maio de 1799, o GOF e GLUI redigem um tratado de união. Entretanto, em 1815, a GLUI impõe a crença em um Ser Supremo Revelado através das Regras de 8 pontos de reconhecimento, o que gera um clima tenso entre o Grande Oriente e a mesma. Em 1877 vem a ruptura definitiva entre as duas potências, quando o GOF extingue a obrigatoriedade da crença em Deus e na imortalidade da alma como reconhecimento de um homem como maçom.

 É oportuno dizer, conforme relata em seus profícuos estudos o maçonólogo da Espanha, irmão Joaquim Villalta, que a Maçonaria Belga, uma das maiores da Europa Continental, havia se antecipado ao GOdF e, já em 1782, se declarava de forma incontinenti, “Adogmática”, desobrigando-se e aos seus afiliados, do uso do Dístico “Grande Arquiteto do Universo” (GADU). Dogma e Adogmatismo. “DOGMA”: Ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa; “DOGMATISMO”: Doutrina que afirma a existência de verdades certas e que se podem provar; “ADOGMATISMO”: Orientação filosófica que se opõe as doutrinas formalmente estabelecidas. Adogmático, “O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor, respeitosamente neutro, quanto à exigência para seus adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou Ente-Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por constante ateísmo materialístico, mas, unicamente, pelo respeito incondicional ao modo de pensar de cada Irmão, ou Postulante. Demonstra, apenas, a evolução das crenças, estimulando seus seguidores ao uso da Razão, para formar sua própria opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus resulta da consciência e que a exteriorização do seu culto não passa de um sentimento íntimo, que se pode traduzir de várias maneiras.

Indica como dever aos maçons: O aperfeiçoamento pela análise de todas as ideias liberais, igualitárias e generosas; a elevação do espírito à concepção de uma incessante orientação progressista; e a plena conscientização do papel coletivo, que deve desempenhar na Terra, o Homem Permanente e Impessoal, de que a Ordem Maçônica é a personificação”. Coerente com esta linha de pensamento, e, talvez por causa disso, considerado o condutor da Maçonaria do 3º Milênio, o Rito Moderno dá ao maçom o direito de pensar com irrestrita liberdade, o dever de trabalhar para o bem-estar social e econômico do cidadão, e a capacidade de defender os direitos naturais e sociais do homem, seja de qualquer cultura ou nacionalidade.

Este humanismo explícito, muitas vezes atrita-se com o status quo social, do qual a religião é um de seus pináculos básicos. O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma ordem mística, embora seus três primeiros graus o sejam, baseados que estão no pensamento judaico-cristão. Ainda assim, o maçom do Rito Moderno é naturalmente cientificista e, portanto, pedagogicamente mais afeito à forma do aprendizado do que ao seu conteúdo. O Rito Moderno entende que a busca da verdade se realiza no Grau de Aprendiz pela intuição, no Grau de Companheiro através da análise e culmina no Grau de Mestre pelo desenvolvimento da capacidade de síntese, num processo evolutivo lógico-racional baseado no pensamento científico contemporâneo.

Os padrões de conduta do Rito Moderno são racionais e cartesianos, enriquecidos na contemporaneidade, por um Humanismo essencialmente democrático e plural. Características essenciais para um mundo globalizado. A reforma constitucional de 1877 só alcançava a jurisprudência do Grande Oriente de França, mas o Grande Oriente do Brasil, onde se praticava o Rito Francês acompanhou aquela Potência. Viegas em 1986 comenta: Já na República, entre 1891-1901, o Grão-Mestre Antônio Joaquim de Macedo Soares, tendo como Secretário-Geral Henrique Valadares, deram à Maçonaria grande influência francesa, como seja: “julgando-se dentro do espírito da lei da separação entre a Igreja e o Estado, conseguindo dar ênfase ao Rito Francês, o qual eliminava a Bíblia do Altar dos Juramentos e suprimia as referências ao Grande Arquiteto do Universo”.

 “A Grande Loja da Inglaterra que considera condições indispensáveis para a vida maçônica a crença em Deus e em uma vida futura, e que rompeu com os Grandes Orientes da França e da Bélgica em defesa desses princípios, fez com o Grande Oriente do Brasil, em 1935, um tratado de aliança indissolúvel, firmando-se as relações cordiais entre os dois corpos”. Sobre essa situação, em 1969, atendendo solicitação feita pelo GOB, houve a decisão final adotada pelo Mui Poderoso e Sublime Capítulo do Rito Moderno, hoje, SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno postado, também, no atual Ritual de 2009.

 

A Grande Loja Unida da Inglaterra preza que se atenda os oito pontos para o reconhecimento de uma Potência Maçônica, o que nós, do Rito Moderno aceitamos, pois, o Grande Oriente do Brasil tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com ela.

1 – Deve ter sido legalmente estabelecida por uma Grande Loja ou por três ou mais lojas privadas, cada qual garantida por uma Grande Loja Regular;

 2 – Deve ser verdadeiramente independente e autogovernada, com autoridade inconteste sobre a Maçonaria Operativa ou Básica (id est, os graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom) dentro de sua jurisdição e não estar sujeita de nenhuma maneira a divisão de poder com outro corpo maçônico;

 3 – Os maçons sob sua jurisdição devem ser homens, e ele e suas Lojas não devem ter nenhum contato maçônico com lojas que admitam mulheres como membros;

4 – Os maçons sob sua jurisdição devem acreditar em um ser supremo;

5 – Todos os maçons sob sua jurisdição devem tomar suas obrigações sobre ou à plena vista do Volume da Lei Sagrada (id est, a Bíblia) ou o livro considerado sagrado pelo postulante;

6 – As Três Grandes Luzes da Franco Maçonaria (id est, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) devem estar visíveis quando a Grande Loja ou suas Lojas Subordinadas estiverem abertas;

7 – A discussão de religião e política dentro das lojas deve ser proibida;

8 – Deve aderir aos princípios estabelecidos e as regras (os antigos Landmarks) e os costumes da Ordem e insistir na sua observação dentro das Lojas. O Rito Moderno, coerente com seus princípios aceita como mais concernente a compilação de Findel, que é a seguinte:

1.- A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que todos os homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de Anderson, primeiro documento oficial da moderna Maçonaria);

 2. – Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político;

 3. – Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno direito de visitar outras Lojas;

4. – Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade;

5. – A igualdade dos Maçons em Loja;

 6. – A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da Fraternidade;

7. – Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política;

8. – O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na Iniciação;

9. – O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de ser representado no Alto Corpo. Peculiaridades do Rito Moderno consoantes aos Rituais adotados no Brasil:

 1) Não há juramento no RM. O Compromisso é sobre a Constituição; o candidato não se ajoelha. Define-se a Maçonaria como uma instituição, cujos princípios são: a Tolerância, o Respeito Mútuo e a Liberdade de Consciência. Sua divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Não há Bíblia aberta, nem outro L S, nem preces, nem se invoca O G A D U ;

2) Faz-se a glorificação do trabalho, mas a letra G é gravitação, gênio, geometria, e a Estrela Flamejante simboliza a estrela polar ou o astro do livre pensamento;

3) A acácia não é a imortalidade. Ela significa que a vida tira seus elementos da morte e lembra a renovação social pela liberdade, que sucede à opressão;

 4) Não há referência à Divindades. A Palavra Perdida é a trilogia da Revolução Francesa;

 5) Zela-se pela Ritualística e Filosofia do Rito;

6) Faz-se parte da administração do Rito em todo o território nacional com mandato sobre os Grandes Conselhos Estaduais;

 7) Nos Rituais especiais, o mesmo sentido agnóstico;

 8) Na inauguração do Templo, se invoca a Verdade, a Razão e a Justiça;

 9) Na confirmação do casamento, considera-se a cerimônia como um contrato, visando a perpetuação da espécie;

10) Na pompa fúnebre: não há afirmação da imortalidade do espírito, nem a invocação do GADU e se diz que: O corpo morto, vai contribuir ao desenvolvimento da vida vegetal. Nos Rituais vigentes do Rito Francês ou Moderno não há liturgia, porque não há cerimônia religiosa. Os Ritos podem compreender cerimônias religiosas e não religiosas. Segundo Jules Boucher, em seu conhecido livro “La Symbolique Maçonnique”, Rito é, em Maçonaria, “a codificação de certas cerimônias. É o cerimonial”. Nos seus Rituais vigentes, O Rito Francês ou Moderno é um Rito sem as práticas religiosas de um culto. Seus Rituais contêm as regras ou preceitos, com os quais se realizam as cerimônias e se comunicam os SS, TT, PP e demais instruções secretas dos graus. No Rito Moderno, estudamos que o maçom, fiel ao espírito da própria Instituição, tem uma tríplice caminhada a percorrer, passando por três estados: o Místico, o Metafísico e o Científico, uma vez que nós, maçons, estamos ligados ao próprio destino da Humanidade. O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser racionalista e, portanto, Adogmático, propugna pela busca da Verdade, ainda que provisória e em constante mutação. A filosofia do Rito se opõe a qualquer espécie de discriminação.

 

A partir de um Decreto criado em 1815 no Rio de Janeiro pelo regente Dom João VI, o Brasil deixou de ser colônia para merecer a condição de igualdade com a antiga Metrópole do Reino, quando passou a ser “Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”. Em busca de seus ideais, maçons brasileiros e portugueses objetivavam uma melhor condição social aos seus povos baseada na trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Nesta senda, fundaram em 1822 o Grande Oriente do Brasil sob a égide do Rito Moderno e, sendo este como todo Grande Oriente praticante do Rito Francês, ao constituí-lo como sua Célula Mater lhe foi possível conduzir e irradiar sua chama iluminista, emancipadora e libertária até os dias atuais.

Nesta senda, fundaram em 1822 o Grande Oriente do Brasil sob a égide do Rito Moderno e, sendo este como todo Grande Oriente praticante do Rito Francês, ao constituí-lo como sua Célula Mater lhe foi possível conduzir e irradiar sua chama iluminista, emancipadora e libertária até os dias atuais. Para uma melhor compreensão sobre a Maçonaria Brasileira é de suma importância se falar da Maçonaria em Portugal. Conforme Clavel, em sua obra de 1843, remonta até cerca de 1730 a fundação, em Portugal, das primeiras Lojas sob a influência da França e Inglaterra. Na obra de Thory – “Histoire de La Fondation du Grand Orient de France”, vemos que no Ano de 1738 o Papa Clemente XII proíbe aos católicos exercerem atividades nas Lojas Maçônicas e o rei de Portugal D. João V ameaçava com severas penalidades os maçons. Mesmo assim, as Lojas portuguesas funcionaram clandestinamente.

Ao redor de 1793, elas existiam em Coimbra e em Porto e delas fizeram parte vários estudantes das províncias ultramarinas, inclusive do Brasil, como nos relata Lívio e Ferreira, em 1968. Fazendo uma cronologia com a situação maçônica no Brasil neste período, principalmente pela ideia de que a primeira Loja foi a Cavaleiros da Luz, na Bahia, na Revista “RELATES DE MASONERIA” nº 4 de 15 de dezembro de 2011, na página 9 vemos o seguinte comentário: Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias influenciaram de grande maneira as ideias libertárias.

 Podemos citar o Almirante Aristides Aubert Dupetit Thouahrs que chega no Brasil em 1791 e funda o Grupo “Cavaleiros da Luz”. Quando Dupetit regressa à França, continua o seu trabalho, Larcher. Estamos no ano de 1796 e se diz que este homem fundou uma Loja Maçônica com o nome de Cavaleiros da Luz e que é considerada por muitos como a primeira Loja Maçônica no Brasil.

Com o mesmo contexto da matéria anterior, na Encyclopedia de La Masoneria, encontramos: …“Ostensivamente para empreender alguma pesquisa científica, Dupetit-Thouars chegou ao Brasil em 1791. Na Bahia ele fundou uma ordem secreta chamada "Cavaleiros da Luz" e ensinou a teoria básica do Iluminismo Francês: - uma batalha vitalícia contra a intolerância, a injustiça e o obscurantismo. Ele era de fato tanto um revolucionário francês quanto um maçom.

 Ele logo teve que voltar para a França, e seu trabalho foi continuado por Larcher, que chegou em 1797 e influenciou diretamente a conspiração de 1798 contra a coroa portuguesa. Foi devido à influência desta ordem que a maioria dos conspiradores escapou de ser processada pelas autoridades portuguesas no Brasil”... No site da Multi Rio, em Crise do Sistema Colonial, lemos que em 1796, a estadia do francês Larcher na Bahia contribuiu para a difusão das ideias revolucionárias. Encarregado de vigiá-lo, o tenente Hermógenes de Aguilar Pantoja, além de aderir a seus ideais, apresentou-o a baianos ilustres, tais João Ladislau Figueiredo e Melo, padre Francisco Agostinho Gomes, Inácio Siqueira Bulcão, Cipriano Barata, Francisco Muniz Barreto e outros membros da sociedade baiana.

No ano seguinte, em julho, na mesma casa em que ocorreram as reuniões com Larcher, foi fundada a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, onde eram lidos os livros de Rousseau e outras obras de iluministas franceses. Há uma concordância entre estas matérias corroboradas por István Jancsó e Marco Morel no trabalho acadêmico “Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798”, quando reportam que o capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas, Antoine-René Larcher, em dezembro de 1795 chefiou o bem-sucedido ataque ao navio lusobrasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do Nascimento da Costa, que fazia o comércio com a Índia.

Passada a violenta refrega e feita a presa, inclusive do armamento e munição, Larcher negociou de maneira cortês com o capitão derrotado, redigindo-lhe um salvo-conduto destinado aos demais navios franceses, solicitando que não atacassem mais a embarcação, o que permitiu ao Santo Antônio de Polifemo regressar à Bahia sem ser mais molestado e com os sobreviventes em liberdade.

Tal atitude de negociação ajuda a entender como Larcher, alguns meses depois, seria bem recebido em Salvador, onde aportou em novembro de 1796, agora como simples passageiro do navio luso-brasileiro Boa Viagem, oriundo da Ásia, de onde saíra sem sua embarcação La Preneuse, expulso pelos colonos franceses escravocratas. István e Morel informam no trabalho citado, que a viagem do capitão Larcher durou quase dois anos desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em junho ou julho de 1797 e, que foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram os contatos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D. Fernando José de Portugal, e também com os conspiradores locais, até retornar no navio português Bom Jesus à Europa em janeiro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa, sem recursos para retornar a seu país natal.

No livro publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares, “Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia” lemos que, em pesquisa feita pela historiadora Kátia de Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris (pesquisa ainda não superada), foi identificado o Comandante Antoine-René LARCHER (09/07/1740 – 17/07/1808+), como Capitão da Marinha de Guerra Francesa.

 Em uma viagem iniciada no Porto de Rochefort, em 25/09/1795, combateu os navios de guerra portugueses Santo Antonio Polifemo, Belizário e Arrabida, e chegou às Ilhas Maurícias levando o decreto da Convenção Francesa que abolia o trabalho escravo nas colônias da França. Mal recebido pelos colonos franceses, embarcaram-no de volta no navio Boa Viagem. Foi este que o trouxe ao porto da cidade de Salvador sob a alegação de avaria, em 30/11/1796. O Capitão Larcher, mulher e filhas, tiveram permissão para ficar um mês na cidade do Salvador. Em fins de dezembro, ele próprio solicitou licença (logo concedida) para embarcar no navio Bom Jesus D’Além com destino a Lisboa.

 No oficio em que fez essas comunicações ao ministro dom Rodrigo de Souza Coutinho, o governador datou a partida do Capitão Larcher em 31/12/1796, mas, em verdade, ela só ocorreu no dia 02/01/1797. Dado a estas novas informações, cremos, sem possibilidade de prova cabal, que a Loja “Cavaleiros, ou Cavalheiros da Luz” pode ter sido sim, a primeira Loja Maçônica do Brasil, porém, não dentro da Fragata Preneuse e menos ainda, em julho de 1797, conforme inúmeros autores afirmam em suas obras.

Voltando a Portugal, sabemos que o Grande Oriente Lusitano teve as suas bases instituídas por volta de 1800, tendo como 1º. Grão-Mestre em 1803, o desembargador Sebastião de São Paio, nome simbólico Epicteto, mudado depois para Egas Moniz. O Rito Oficial do GOL adotado em seu início é o Rito Francês ou Moderno, logo codificado através da Constituição de 1806, a qual incluía toda a organização do Rito no seio do GOL, seguindo o formato francês.

 Conforme historiadores maçônicos, em 1802, o irmão Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (nome simbólico: Aristides) foi enviado à Londres e França, no intuito de obter regularização através de Tratados e Cartas Patentes com as potências regulares desses países, fato confirmado nas referências feitas na respeitabilíssima obra de William Preston, Illustration of Masonry de 1804, na pág. 371: ...“À Grande Loja foi feito, em maio seguinte, outro apelo, através do mesmo canal (o duque de Sussex) da parte de quatro lojas de Portugal, as quais credenciaram M. Peter Hipolite da Costa [sic] para em seu nome solicitar autorização regular, a fim de praticar os ritos da Ordem sob a bandeira e a proteção inglesa. Após madura deliberação, determinou-se que todo estímulo fosse dado aos irmãos em Portugal; mas que uma lista de tal nome deveria ser remetida à Inglaterra.”...

Na “Acta Latomorum” de Claude Antoine Thory, edição de 1815, pág. 211, Tomo I, lemos: ...“Quatro Lojas de Portugal fazem um pedido pretendido, e solicitam a permissão da Grande Loja para professar os ritos da Inglaterra sob sua proteção. Os irmãos aderem a esse pedido, e por decisão administrativa, concordam imediatamente.”...

Tratado com o GOdF ratificado em 25/04/1804. O original trazido pelo irmão Hipólito José da Costa quando preso pela Inquisição em 1802, em seu retorno a Portugal, foi apreendido junto com os seus documentos (Fig. 4).

O referido Tratado é assinado, por parte do Grande Oriente Lusitano, pelo irmão Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que denota que as Ordens de Sabedoria do Rito Francês já existiam anteriormente em Portugal, corroborada pela Constituição do Grande Oriente Lusitano de 1806, onde se refere às diferentes Ordens e Capítulos do Rito Francês, nos seus Capítulos IIIº e XIIIº. Vejam o detalhe na figura 5 indicando “Egaz Monis, Cavaleiro Rosa Cruz”:

Ratificação do Tratado feita em 19/06/2004 por Portugal e França e Patente para a Vª Ordem concedida em 30/11/2007 (Abaixo).

Tratado Portugal e Espanha: Evidenciamos aqui os dois primeiros tópicos do Tratado Portugal e Espanha celebrado no 8º dia do 3º mês de 6010:

 1)O Grande Capítulo Geral do Grande Oriente de França entrega Carta Patente ao irmão Hypólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça em 1802;

 

2)O Tratado de Amizade entre o GOdF e o GOL do 25º dia do 2º mês de 5804 confirma a existência das Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Moderno em Portugal;

Voltando ao Brasil, conforme relatado pelo irmão José Bonifácio em seu famoso Manifesto, em 1800 funcionava uma Loja por nome de “União”, sendo substituída por outra com o nome de Reunião em 1801, filiada à I’sle de France ou Ilhas Maurice.

O Grande Oriente Lusitano desejando propagar no Brasil a verdadeira doutrina maçônica, nomeou para esse fim três delegados com plenos poderes para criar loja regulares no Rio de Janeiro, filiadas aquele Grande Oriente. No Almanak Maçônico de 1847), encontramos uma preciosa informação que nos parece ser plausível. “...” Posto que no principio d’este século já se tinhão juntado no Rio de Janeiro alguns Mac. em huma Loja, a que derão o titulo de Reunião, todavia, como não trabalharão regularmente, não poderemos datar o estabelecimento da Maçonaria senão do anno de 1803, quando o Gr. Or. Lusitano, querendo propagar as verdadeiras doutrinas maçônicas no Brasil, nomeou para esse fim três Delegados com plenos poderes de crear Lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas ao Gr. Or. Lusitano.

 A nomeação recaio nos três distinctos maçons, J. A. L – F. X de A. – F. A de M. P. – todos residentes n’esta cidade. Estes três Delegados crearão as LL. Constancia – Philantropia – e ajuntando a Loja Reunião (com excepção de poucos membros dissidentes), chamarão a um centro commum todos os maçons, regulares e irregulares, que então existião no Rio de Janeiro, e iniciarão outros até o Gráo de Mestre, únicos que estávão autorisados a conferir. ”... ...“Consta por documentos authenticos, que no dia 5 de Julho 1802, fora creada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo seio sahirão outras officinas. Forão ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada, installada com doze obreiros, que da primeira passarão a fundala em 30 de março de 1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L. Humanidade, e a L. União, creada em 12 de Setembro de 1813 por 18 Irs. da mesma L. mãe Virtude e Rasão.

 Completo assim o numero de tres officinas, decidirão os Irs., que as compunhão, crear alli, como com effeito crearão, um Gr. Or. Brasileiro, cujos trabalhos activos, bem como os das LL., cessarão comtudo, em rasão das commoções políticas, e, com especialidade, por causa da desastrosa revolução de Pernambuco, em 1817.”... Em 1807, Junot conquista Portugal obrigando a Corte portuguesa procurar abrigo no Brasil. “Assim a Maçonaria do Brasil desde o século XVIII esteve ligada a Portugal.”...

Enquanto a sede da Monarquia Portuguesa foi em Lisboa, a Maçonaria sentia ser mais fácil os movimentos revolucionários no Brasil, daí as Inconfidências Mineira (1789) e baiana (1799). Com a transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Rio de Janeiro, já surgiu em 1817 uma revolução simultaneamente no Brasil, em Pernambuco e, em Portugal (chefiada por Gomes Freire de Andrade). (Lívio e Ferreira, 1968). O Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 tendo como base a Loja Commércio e Artes fundada em novembro de 1815 e fechada em 1817 na época da desastrosa Revolução.

Por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Commércio e Artes foi reinstalada em 24 de junho de 1821 sob os Auspícios do Grande Oriente de Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para “Commércio e Artes na Idade do Ouro”. Subdividida em mais duas lojas: “União e Tranquilidade” e “Esperança de Nictheroy”, formaram a base legal da referida fundação. O seu primeiro Grão-Mestre Geral foi José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo o seu Primeiro Grande Vigilante. Loja Commércio e Artes Ata de Reinstalação:

Equívocos históricos: O irmão Manoel Joaquim de Menezes em seu trabalho “Exposição Histórica da Maçonaria no Brasil” publicado no Boletim do GOB nºs 3 e 4 de 1875 (Fig. 11), além de datas, se equivoca quanto ao primeiro Rito:

A respeito do que comenta o irmão Manuel Joaquim de Menezes, vejamos;

1) No Almanaque Maçônico de 1847, pág. 80: ...Consta por documentos autênticos, que no dia 5 de julho 1802, fora criada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Razão, do RITO MODERNO, de cujo seio sairão outras oficinas... Portanto, aqui já fica claro que existiam Lojas do Rito Moderno na oportunidade e, estas também foram bases do primeiro Grande Oriente do Brasil, na Bahia, cujo Grão-Mestre foi Antônio Carlos de Andrada.

 2) Na Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil  Anno II, números 9 e 10, Setembro e Outubro de 1928, nas páginas 332 e 333 comenta o Soberano Grande Comendador, irmão Mário Behring: ...“ O Gr Or do Brasil trabalhou sempre no Rit Mod e a prova disso está em suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas aos gráos desse Rito, jamais dos outros” ..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no Rit Moderno ... ()...embora Manoel Joaquim de Menezes afirme que funcionavam no Adonhiramita. ...continua o irmão Mário Behring: É confusão natural em escritor que de Ritos nada percebia em suas publicações históricas sobre Maçonaria. Menezes, equivoca-se muito, deixa-se trair por sua memória e articula factos sem o menor senso critico, na analise que deles faz.”... Corroborando com o que disse o irmão Mário Behring, encontramos no Livro “A Maçonaria na Independência”, do irmão Teixeira Pinto, informações importantes, tais como: Equívoco de datas a partir do Irmão Barão do Rio Branco, em notas à “História da Independência do Brasil”, de Varnhagen, copiando o erro difundido pelo maçom Manoel Joaquim de Menezes, que publicou depois de 36 anos dos fatos, um trabalho Intitulado “Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil’, no qual fixou a data de 28 de maio de 1822 para a fundação do “Grande Oriente do Brasil”. Embora emérito historiador, José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco, confiou numa informação totalmente equivocada.

Prossegue Teixeira: ...“Tivesse Varnhagem estudado as atas originais — as que constam no “Livro de Ouro” do “Grande Oriente do Brasil” — e não as que figuram no trabalho do Ir Menezes...()... estamos certos de que o seu relato seria um espelho da verdade. Tivesse o Barão do Rio Branco conhecimento do calendário utilizado desde 1815 pela Loj Comércio e Artes, e não duvidamos que ele também afirmaria que o Grande Oriente do Brasil foi fundado a 17 de junho de 1822 E V.... O Ir Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas que se encontram no Livro de Ouro do Grande Oriente do Brasil. Ele divaga sobre o que está escrito e acrescenta o que não viu: E não viu, porque não podia ver. É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir Menezes havia sido eleito e empossado no cargo de Cobr da Loj n.° 2 (União e Tranquilidade), e como tal, estava obrigado a ficar no vestíbulo juntamente com os lir CCobr das LLoj n.° 1 (Commércio e Artes) e n.° 3 (Esperança de Niterói), respectivamente, os Iir Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João José de Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os Iir pertencentes a cada um dos citados QQuadr que compareciam às Assembleias Gerais. Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir Menezes não podia ter conhecimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se apenas o que, ocasionalmente, algum ir lhe contasse depois. Sobre o assunto, vejam a seguir o que se encontra escrito em ata. Trecho da “Acta N.° 19”, da Ses realizada aos 21 dias do 7 ° mez do anno da V L 5822: O Ir Gr Secr, dando conta do expediente, apresentou um oficio: Os lir Cobridores do 2 ° e 3° quadros metropolitanos representavam à Gr Loj que tornasse amovível o lugar de cobridor, para ser exercido mensalmente pelos Operários das LLoj não ficando, assim, qualquer ir privado de assistir aos trabalhos por espaço de um ano.

Foi recusado o pedido e mandou a Gr Loj fazer sentir àqueles Iir, de quanta ponderação e confiança era o lugar que ocupavam, e que este único motivo deveria lhes ter sido sobejo, para, não desgostando-se do seu cargo, procurar desempenha-lo com todo o zelo e atividade. Ora, sendo ele (Menezes), naquela época, um dos poucos sobreviventes do movimento maçônico de 1822, era natural que o cercassem do carinhoso respeito de que se tornara merecedor. Mas acontece que esse carinho, aliado à facilidade com que certos argumentadores o apresentavam como personagem principal ou participante de todos os acontecimentos da época, foram criando na sua Imaginação uma quase certeza de que isso era real.

Assim, ao atender (também) um pedido do Ir Melo Moraes para fornecer algumas informações que seriam publicadas no “Brasil Histórico”, ele escreveu o que a sua já fraca memória ia ditando, truncando datas, nomes e locais. E, para verificar que estamos mais ou menos certos em nosso raciocínio, comenta Teixeira Pinto, basta atentar na declaração que ele faz ao encerrar o seu trabalho.

 Entre outras razões que apresenta, termina deste modo: “Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por não me recordar depois de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão outros com quem não estive em contato, de cuja omissão involuntária espero ser desculpado.” Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível, ser rigorosamente exato. O Ir Manoel Joaquim de Menezes esperava ser desculpado por aqueles que involuntariamente tivesse omitido. Longe estava ele de imaginar que também necessitava ser desculpado pela confusão que iria criar com alguns equívocos que se encontram na sua “Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil.

Na página 7 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta na “Exposição Histórica” do irmão Manoel Menezes, e evidencia os nomes dos maçons fundadores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes simbólicos, como por exemplo: J. M. V. ou Gracco (Capitão João Mendes Viana) — Vahia ou Apolonio Moilon (Dr. João José Vahia) Telies ou Orestes (Padre Manoel Telies Ferreira Pita), entre outros. Por conta dos nomes simbólicos, RACIOCINA o irmão Teixeira Pinto: ...” assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio e Artes) foi feita sob os auspícios do Gr Or de Portugal, Brazil e Algarves, e também que a Loj funcionava no Rito ADONHIRAMITA, uma vez que esse Rito era e continua sendo o único que torna obrigatório o uso de um nome histórico aos que o praticam Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos que o seu livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança nos comentários apresentados, mas, CONTÉM, ao menos, um erro de interpretação, como veremos a seguir: Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da Commércio e Artes para afirmar serem os MESMOS prática exclusiva do Rito Adonhiramita, ou seja, emitiu a sua conclusão por analogia. Sobre esse detalhe dos nomes simbólicos, seguem informações importantíssimas: O nome simbólico, codinome ou nome de guerra, era costume da época. O primeiro GrãoMestre de Portugal, desembargador Sebastião de São Paio, nome simbólico Epicteto, mudado depois para Egas Moniz, era Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.

O Grão Mestre José Mendes da Silva Leal tinha o codinome de Ariosto, vide Boletim do GOL de 1869 e o irmão Fortunato Augusto da Silva, Mestre Eleito dos Nove do REAA, levava o nome simbólico Barroso, entre outros exemplos que não mencionaremos no momento (Fig. 17).

Vemos no livro A Maçonaria em Portugal, do irmão Oliveira Marques, conceituado escritor português, à página 32, que desde pelo menos 1800, se usava o nome simbólico por compreensiva medida de segurança.

Assim, cremos que a tese sobre tal utilização está devidamente aclarada. O Boletim do GOB nº 6, de agosto de 1896, indica que as primeiras lojas do GOB eram do Rito Moderno.

No rodapé do próximo Boletim, se lê: ...“todas do Rito Francês ou Moderno”...

O irmão Joaquim da Silva Pires (Fig. 21), em sua obra “Rituais Maçônicos Brasileiros”, nos afirma que o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno e, ainda mais, que o nome simbólico não era exclusividade do Rito Adonhiramita, rito que só iniciou no GOB em 16 de agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.

Mais considerações sobre o Rito Francês ou Moderno:

Na Revista Astréa, anno 2, nº. 4, de 1928, pág. 162 lemos: ...“O Gr Or Brasileiro era do Rito Moderno como o Gr Or do Brasil...()

Na pág. 163...“preferiu a Educação e Moral desligar-se do Gr Or - Acompanhou-a pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo Cônego Januário, o amigo inseparável de Ledo, que deixando o Rit Mod transferiu os seus trabalhos para o Escocez... Na pág. 169... Para se conseguir a maior perfeição e desarmar a intriga, ...determinou com prudência o Gr Or Braz transitar do Rito Moderno ou Francez que trabalhara até janeiro de 1833.... Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832: ...“(pág. 53) Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente do Brasil, que só as perseguições do anno de 1822, e circunstâncias políticas dos seguintes, embaraçarão de trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto que os seus membros se apresentarão em seus postos, logo que a luz maç sahio do Módio, e appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma participação e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa reunião, à esse Corpo (se referindo ao Grande Oriente Brasílico convidando o Grande Oriente Brazileiro ou do Passeio, a se unirem em um só corpo maçônico), que no anno de 1830, se erigira em Oriente...Por Del da Gr L de 13 de Out. de 1832....

 

...“(pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera, Cavaleiro do Real Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o Grande Oriente Brasileiro, é recebido com as solenidades de praxe e em seu discurso comenta, entre outras coisas, que: ...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já sabe que haveis adoptado o moderno Francês.”...

...“(pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego Januário da Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande Loja (Grande Oriente): ...“(pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em princípios do Rito Francês que temos adoptado.”...

Na página 64, podemos ler o Discurso proferido na Respeitável Loja Commércio e Artes ao Oriente do Brasil pelo Cavaleiro Rosa Cruz, Januário da Cunha Barbosa, no acto de tomar posse de Venerável em março de 1832: ...A Officina Commércio e Artes na Idade d’Ouro, à que hoje prezido por vossa eleição, e que n’outros tempos tanto se distinguira pelo zelo dos seus obreiros, renasce gloriosa como a Phenix dentre as cinzas, em que parecia have-la sepultado numa indigna perfídia...

.Constituição do GrOrBrazileiro..." (pág. 3) que o Subl Gr Or Braz competentemente authorizado pelo Artigo 74, Capítulo Único, Título 5º. da Const para fazer as alterações indispensáveis à mudança de Rito, Decretou em Sess Magna de 24 do 6º. mez do corrente anno da V L 5834 (13 de septembro de 1834) era vulgar, as reformas adaptadas ao Rito Esc Ant e Acc, hoje adoptado pelo Gr Or Braz. ... aos (ilegível) do 7º. mez do an da V L 5834...

Jornal do Gr.’. Or.’. Brazileiro, nº 2 – 11 de 1870 ... “(pág. 22) Estes dous corpos maçon fizerão parte do Or Brasileiro, quando este deixando o Rit Franc que seguia. ... ... Não podia o grupo do Lavradio formar um Or do Rit Franc porque este já existia no Gr Or Brasileiro, que funccionava neste Rit, e que não estava adorm. .... ... Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or do Rit Esc, não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit Franc e não tinha poderes para funcionar no Rit Esc como porque existia um Gr O do Rit Esc (o de Montezuma). ...

Fundação do Gr Or Braz (do Passeio) - Junho 1831. ... No anno de 1825, alguns maçons intrépidos reunirão-se em quadro errante que denominarão Vigilância da Pátria” ...() ...“repartindo-se por dous novos quadros, União e Sete de Abril, que derão a primeira base para o Gr OrBraz... ()... Depois que em Junho de 1831”... () ...“em que se admitira o representante da Resp Razão ao Or de Cuiabá, se formou o Gr OrBraz...

Datam de 1833 os Rituais da Loja Commércio e Artes (eram do Rito Moderno, conforme afirma o ir Sebastião da Silva Pires em seu livro Rituais Maçônicos Brasileiros)...Na capa lemos: Segundo o Original Francez, a traducção e annotações de Hypolito (Londres) [que fora designado como Delegado do Grande Oriente do Brasil], adoptados aos trabalhos da Loja Brazileira Commércio e Artes [que trabalhava no Rito Moderno em 1822], pelo seu Venerável J. da C. B. [Januário da Cunha Barbosa] Cavaleiro Rosa Cruz [Grau 7 do Rito Moderno] [que migrou a sua Loja (Commércio e Artes) para o Grande Oriente do Passeio em 1833]. Carimbado: Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro 01[possivelmente seja a Biblioteca do Grande Oriente do Passeio].”...

...“Na abertura dos trabalhos de aprendiz, se lê na pág. 22: “debaixo dos Auspícios do Grande Oriente Brazileiro (que também é conhecido como Grande Oriente do Passeio)”...

Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./Out./2016 – Joaquim da Silva Pires: ...“O primeiro de todos aqueles Rituais era do Rito Moderno e do Grande Oriente Lusitano, impresso em Lisboa, em data e tipografia desconhecidas. Elucidou, porém, que isso foi antesde 1822, porque, já naquela data, o citado Ritual era usado pela Loja Comércio & Artes, do Rio de Janeiro, a nº. 1 do Grande Oriente do Brasil”... ...“Todavia, dos Rituais que foram impressos em nosso País, todos em empresas gráficas localizadas no Rio de Janeiro, os mais antigos são: o do Rito Moderno, ano de 1833, impresso na Typographia Seignot & Plancher, na Rua do Ouvidor, nº. 95; outro do Rito Moderno, ano de 1834, impresso na referida tipografia”...

D. Pedro I, maçom. Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin. Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º e último grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro, fechando-o no dia 25 do mesmo mês. Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise dos seus objetos maçônicos no recorte da Revista Ciências e Maçonaria (Figs. 24 a 28), edição de 10/07/2017.

...“no arquivo histórico do Museu Imperial é possível encontrar uma carta direcionada a Joaquim Gonçalves Ledo, a qual foi assinada com as iniciais ―I P M R +, que, segundo Castellani (2009, p. 56) significa: Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. O que, assim, corrobora a afirmação de que D. Pedro I atingiu o grau máximo do Rito Moderno à época.... ...O avental manufaturado em seda e veludo apresenta, bordado na abeta, um delta luminoso; abaixo, ostenta um pelicano alimentando seus filhotes encimado por uma cruz com a rosa mística ao centro, ladeado por símbolos e palavras do grau. Portando, possivelmente um avental do Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.”... Isto porque, segundo as informações disponíveis nos ―Reguladores do Rito Francez Gráos Mysteriosos – Architecto (p.35) datado de 1834, e de certa forma contendo informações do contexto de época de fabrico desta indumentária, na parte em que apresenta as diretrizes do grau de ―Roza-Cruz, O avental deste grau disporia de um triangulo na abeta, com quadrados e círculos com a letra ―J, e no meio do avental, seria bordado a joia do grau. Esta também é descrita no ritual (p.33) como sendo formada por um compasso tendo ao centro huma cruz radiosa, com o pé n‘hum quarto de circulo, e o topo tocando a cabeça do compasso; ...“de hum lado está apoiada nas pontas do compasso, huma águia com as azas abertas e a cabeça baixa; do outro hum pelicano, rasgando o seio para alimentar os filhos, que por baixo se divisão em hum ninho. Entre a águia, e o pelicano eleva-se hum ramo de acácia; sobre a cabeça do compasso, que forma huma rosa, há huma corôa antiga; sobre o quarto de círculo há, de hum lado, a palavra, e do outro a palavra de passe em letras hieroglyphicas.”...( )...

Parecer da Revista Ciência e Maçonaria:

 

 

Encerrando as atividades do GOB. D. Pedro, temeroso em consequência de denúncias feitas a ele que elementos do Grande Oriente, contando com o apoio de alguns oficiais de Tropa tentariam depor os ministros, envia um bilhete a Ledo, pedindo que suspenda os trabalhos maçônicos até segunda ordem, revogando tal ordem 04 dias depois. ..."Meu Ledo. Convido fazer certas averiguações tanto pública como particulares na Maçonaria, mando primeiro como Imperador, segundo como Grão-Mestre: que os trabalhos maçônicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; resta-me reiterar os meus protestos como Irmão: IPMR+, São Cristóvão, 21 de outubro, 1822."... No entanto, o Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andrada e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno , antecedido pelo Grande Oriente Brazileiro, também conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831, também trabalhando no Rito Moderno. A Loja “Seis de Março de 1817”, de Pernambuco, se regularizou em 7 de outubro de 1832 junto ao GOB, também trabalhando no Rito Francês (Albuquerque, A Maçonaria e a Grandeza do Brasil). Meus queridos irmãos, acrescentamos que o Supremo Conselho do Rito Moderno que administra os Altos Graus, é reconhecido legalmente pelo Grande Oriente do Brasil através de Tratado de Reconhecimento, ratificado em 1972, trabalha no Grau 9 - Cavaleiro da Sapiência e tem o âmbito de atuação Nacional e Internacional. Nos Estados há os Grandes Conselhos Estaduais, que funcionam com o grau 8 - Cavaleiro da Águia Branca e Preta e dentro de cada um deles há os Sublimes Capítulos Regionais que trabalham nos graus 4, 5, 6 e 7 - Eleito, Escocês, Cavaleiro do Oriente e da Espada e Cavaleiro Rosa-Cruz. Rito Moderno – Bahia e Sergipe Em Salvador temos o Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Os Amigos da Liberdade nº 12, hoje sob a presidência do Sapientíssimo irmão Anselmo Pereira, que funciona nos 1ºs e 3ºs sábados de cada mês, abrigando do 4º ao 7º grau das Ordens de Sabedoria e, funcionando extemporaneamente, o Grande Conselho Kadosh Filosófico do Rito Moderno para os estados da Bahia e Sergipe. O Supremo Conselho do Rito Moderno, gestão 2016/2019, funciona sob a presidência do Eminente Soberano Grande Inspetor Geral, irmão Pasquale Mignela Filho, que têm como seu Delegado neste estado, o Eminente irmão Cleber Tomás Vianna. Temos aqui em Feira de Santana, nesse Complexo Maçônico, a Loja Acadêmica Voltaire, nº 4515, do Rito Moderno, ora sob a presidência do Venerável Mestre Giovani Brandão, Federada ao Grande Oriente do Brasil e Jurisdicionada ao Grande Oriente Estadual da Bahia.

Fontes: Site do SCRM: www.scrm.org.br/scrm; O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor: Alexandre Magno Camargo (Melkisedek); História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores: José Castellani/William Almeida de Carvalho; Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia - Luiz Henrique Dias Tavares; A Maçonaria na Independência do Brasil (1812-1823): João Luiz Teixeira Pinto; Apostila Curso: História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo Ismail, Novembro de 2017; Revista Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832; Casa Comum (Fundação Mário Soares): http://casacomum.net; Walter Celso de Lima: JB_NewsInformativo_nr_2245/224; Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo de Estudios de Rito Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España: www.ritofrances.net; Joaquim Villalta, Vice Presidente Del Circulo de Estudios de Rito Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo e Acadêmico, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España, Blog: (https://racodelallum.blogspot.com.br/); Acta Latomorum de Claude Antoine Thory; Illustration of Masonry de William Preston, Tratado Portugal e Grande Oriente da França e Tratado Portugal e Espanha (obras cedidas por Joaquim Villalta); Boletins do GOB (diversas edições conforme mencionados no corpo do trabalho); Ritual Aprendiz Rito Moderno/GOB-2009; Museu Maçônico Paranaense (Boletim do GOB - Jan/Fev-1902): www.museumaconicoparanaense.com; Paulo César Gaglianone – Graus Filosóficos do Rito Moderno; José Coelho da Silva; A Trolha; Loja Universitária Professor José de Souza Herdy; Pedra Oculta; Diego Denardi;

José Ronaldo Viega Alves; Constituição do Grande Oriente do Brasil, 1975. Rio de Janeiro, 22-05-1975; Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001. Distrito Federal, 30-11-1990; 25) Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2007 – última revisão em 10-09-2012; 26) PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de Acordo com o Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 2011; 27) Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./out./2016; 28) ANTUNES, Álcio de Alencar. O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Universal. In: Supremo Conselho do Rito Moderno. 29) BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma Interpretação. In: Supremo Conselho do Rito Moderno; 30) O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed. Maçônica A Trolha, Castellani, José; 31) Manual do Rito Moderno, Editora A Gazeta Maçônica, 1991; 32) Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno ou Francês, no site Mason Kit.Net (acesso em 26/02/2013): 33) mason.kit.net/ritos/modernooufrances.htm; 34) Wikipédia, Rito Moderno (acesso ao site em 26/02/2012); 35) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928; 36) Cérberus Magazine; Multi Rio (Crise do Sistema Colonial); 37) Paramentos - Site Triângulo Atelier: www.trianguloatelier.com.br; 38) István Jancsó e Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798: 39) http://www.scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf; 40) Revista Retales de Masoneria, ano 1, nº. 4; 41) Primeiros Rituais Maçônicos Brasileiros, Joaquim da Silva Pires; 42)Encyclopedia de La Masoneria: (http://freimaurerwiki.de/index.php/En:Brazilian_Freemasonr); 43) O GOB nasceu no Rito Moderno: blog.msmacom.com.br/o-gob-nasceu-rito-moderno; 44) Paramentos - Site: masonic.com.br/avental/mod00.htm;

45) A concepção do Grande Arquiteto no Universo no Rito Moderno – palestra ministrada pelo irmão Dr. Álvaro Palmeira, extraído do Boletim do GOB 3, 4 e 5 de 1986 [06/02/1961], publicado no site do irmão José Filardo: bibliot3ca.com/a-concepcao-do-grande-arquiteto-do-universo-no-rito-frances-ou-moderno/; 46) A Independência do Brasil à sombra da Acácia: Imagens obtidas em http://slideplayer.com.br/slide/2904085/ Ilustrações: https://pinterest.com; Jotassil Artes; 47) REHMLAC ISSN 1659-4223: “Hipólito José da Costa e o Correio Braziliense: a idealização de um tipo de sociabilidade maçônica”. Bruna Melo dos Santos; 48) Alexandre Mansur Barata: Trabalho acadêmico - Sociabilidade Ilustrada e Independência (Brasil, 1790 - 1822); 49) Revista Ciência e Maçonaria - C&M | Brasília, Vol. 4, n.1, p. 19-24, jan/jun, 2017; 50) O Rito Moderno Belga e o Rito Francês: https://bibliot3ca.com/rito-frances-comparacaoentre-o-rito-moderno-belga-e-o-rito-moderno-frances/ 51) Racó de La Llum (as ordens de sabiduria do Rito francês): https://racodelallum.blogspot.com.br/2018/05/las-ordenes-de-sabiduria-del-rito.html?m=1; 52) https://noticias.r7.com/domingo-espetacular/conheca-o-verdadeiro-rosto-do-imperadordom-pedro-i-11052018; 53) Colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro Sadrack Meira Araújo, Cavaleiro do Oriente, III Ordem, Grau 6 do Rito Francês ou Moderno e, 54) José Maria Bonachi Batalla, SGIG de Honra do SCRMhedgemason.blogspot.com.br/2013/09/a-brief-history-of-modern-rite-in-brazil.html.