domingo, 3 de outubro de 2021

Rito Moderno, Usos e Costumes – Cleber Tomás Vianna.

Palestra - Feira de Santana -14.06.2018:

Rito Moderno, Usos e Costumes – Cleber Tomás Vianna.

 Pesquisa: Ir.Denilson Forato

 

Liberdade - Igualdade – Fraternidade

 

...“Fruto de pesquisas em dezenas de artigos e livros sobre o assunto, o presente trabalho visa elucidar alguns pontos que convergem a situações distintas, sendo algumas equívocas, quanto à interpretação de alguns autores sobre o início da MAÇONARIA NO BRASIL, além de tratar de nuances sobre o Rito Francês ou Moderno quanto a sua Fundação, Usos e Costumes no país.”... Denomina-se como Rito Moderno tudo o que parte da primeira Grande Loja da Inglaterra, que se diz fundada a partir de 1717 e, que segue a ritualística nos moldes da publicação feita por Samuel Prichard em 1730, no famoso livro “A Maçonaria Dissecada”. Alguns maçons simpatizantes do tradicionalismo antigo fundam em 1751 uma segunda Grande Loja, tida, então, como a dos Antigos.

Em 1813 as duas se fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra. A obra de Prichard, traduzida para o Francês, passou a ser praticada pelas primeiras Lojas fundadas na França e, por conveniência de interpretação, passou a se chamar de Rito Francês ou Rito Moderno e, ainda, como soe ser mais coerente, Rito Francês ou Moderno. Nascido do desejo de se criar uma unidade racional na diversidade de correntes de pensamento vigentes à época, o Rito Moderno é filho e herdeiro direto do pensamento iluminista.

Embora criado sob moldes racionais, pautou inicialmente suas regras na primitiva Constituição de Anderson, deísta e tolerante no aspecto religioso. Após a Revolução Francesa, em 21 de maio de 1799, o GOF e GLUI redigem um tratado de união. Entretanto, em 1815, a GLUI impõe a crença em um Ser Supremo Revelado através das Regras de 8 pontos de reconhecimento, o que gera um clima tenso entre o Grande Oriente e a mesma. Em 1877 vem a ruptura definitiva entre as duas potências, quando o GOF extingue a obrigatoriedade da crença em Deus e na imortalidade da alma como reconhecimento de um homem como maçom.

 É oportuno dizer, conforme relata em seus profícuos estudos o maçonólogo da Espanha, irmão Joaquim Villalta, que a Maçonaria Belga, uma das maiores da Europa Continental, havia se antecipado ao GOdF e, já em 1782, se declarava de forma incontinenti, “Adogmática”, desobrigando-se e aos seus afiliados, do uso do Dístico “Grande Arquiteto do Universo” (GADU). Dogma e Adogmatismo. “DOGMA”: Ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa; “DOGMATISMO”: Doutrina que afirma a existência de verdades certas e que se podem provar; “ADOGMATISMO”: Orientação filosófica que se opõe as doutrinas formalmente estabelecidas. Adogmático, “O Rito Moderno mantém-se tolerantemente imparcial, ou melhor, respeitosamente neutro, quanto à exigência para seus adeptos, da crença específica em um Deus revelado, ou Ente-Supremo, bem como da categórica aceitação existencial de uma vida futura; nunca por constante ateísmo materialístico, mas, unicamente, pelo respeito incondicional ao modo de pensar de cada Irmão, ou Postulante. Demonstra, apenas, a evolução das crenças, estimulando seus seguidores ao uso da Razão, para formar sua própria opinião. Procura ensinar que a ideia de Deus resulta da consciência e que a exteriorização do seu culto não passa de um sentimento íntimo, que se pode traduzir de várias maneiras.

Indica como dever aos maçons: O aperfeiçoamento pela análise de todas as ideias liberais, igualitárias e generosas; a elevação do espírito à concepção de uma incessante orientação progressista; e a plena conscientização do papel coletivo, que deve desempenhar na Terra, o Homem Permanente e Impessoal, de que a Ordem Maçônica é a personificação”. Coerente com esta linha de pensamento, e, talvez por causa disso, considerado o condutor da Maçonaria do 3º Milênio, o Rito Moderno dá ao maçom o direito de pensar com irrestrita liberdade, o dever de trabalhar para o bem-estar social e econômico do cidadão, e a capacidade de defender os direitos naturais e sociais do homem, seja de qualquer cultura ou nacionalidade.

Este humanismo explícito, muitas vezes atrita-se com o status quo social, do qual a religião é um de seus pináculos básicos. O Rito Moderno não considera a Maçonaria como uma ordem mística, embora seus três primeiros graus o sejam, baseados que estão no pensamento judaico-cristão. Ainda assim, o maçom do Rito Moderno é naturalmente cientificista e, portanto, pedagogicamente mais afeito à forma do aprendizado do que ao seu conteúdo. O Rito Moderno entende que a busca da verdade se realiza no Grau de Aprendiz pela intuição, no Grau de Companheiro através da análise e culmina no Grau de Mestre pelo desenvolvimento da capacidade de síntese, num processo evolutivo lógico-racional baseado no pensamento científico contemporâneo.

Os padrões de conduta do Rito Moderno são racionais e cartesianos, enriquecidos na contemporaneidade, por um Humanismo essencialmente democrático e plural. Características essenciais para um mundo globalizado. A reforma constitucional de 1877 só alcançava a jurisprudência do Grande Oriente de França, mas o Grande Oriente do Brasil, onde se praticava o Rito Francês acompanhou aquela Potência. Viegas em 1986 comenta: Já na República, entre 1891-1901, o Grão-Mestre Antônio Joaquim de Macedo Soares, tendo como Secretário-Geral Henrique Valadares, deram à Maçonaria grande influência francesa, como seja: “julgando-se dentro do espírito da lei da separação entre a Igreja e o Estado, conseguindo dar ênfase ao Rito Francês, o qual eliminava a Bíblia do Altar dos Juramentos e suprimia as referências ao Grande Arquiteto do Universo”.

 “A Grande Loja da Inglaterra que considera condições indispensáveis para a vida maçônica a crença em Deus e em uma vida futura, e que rompeu com os Grandes Orientes da França e da Bélgica em defesa desses princípios, fez com o Grande Oriente do Brasil, em 1935, um tratado de aliança indissolúvel, firmando-se as relações cordiais entre os dois corpos”. Sobre essa situação, em 1969, atendendo solicitação feita pelo GOB, houve a decisão final adotada pelo Mui Poderoso e Sublime Capítulo do Rito Moderno, hoje, SCRM - Supremo Conselho do Rito Moderno postado, também, no atual Ritual de 2009.

 

A Grande Loja Unida da Inglaterra preza que se atenda os oito pontos para o reconhecimento de uma Potência Maçônica, o que nós, do Rito Moderno aceitamos, pois, o Grande Oriente do Brasil tem Tratado de Amizade e Reconhecimento com ela.

1 – Deve ter sido legalmente estabelecida por uma Grande Loja ou por três ou mais lojas privadas, cada qual garantida por uma Grande Loja Regular;

 2 – Deve ser verdadeiramente independente e autogovernada, com autoridade inconteste sobre a Maçonaria Operativa ou Básica (id est, os graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom) dentro de sua jurisdição e não estar sujeita de nenhuma maneira a divisão de poder com outro corpo maçônico;

 3 – Os maçons sob sua jurisdição devem ser homens, e ele e suas Lojas não devem ter nenhum contato maçônico com lojas que admitam mulheres como membros;

4 – Os maçons sob sua jurisdição devem acreditar em um ser supremo;

5 – Todos os maçons sob sua jurisdição devem tomar suas obrigações sobre ou à plena vista do Volume da Lei Sagrada (id est, a Bíblia) ou o livro considerado sagrado pelo postulante;

6 – As Três Grandes Luzes da Franco Maçonaria (id est, o Livro da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso) devem estar visíveis quando a Grande Loja ou suas Lojas Subordinadas estiverem abertas;

7 – A discussão de religião e política dentro das lojas deve ser proibida;

8 – Deve aderir aos princípios estabelecidos e as regras (os antigos Landmarks) e os costumes da Ordem e insistir na sua observação dentro das Lojas. O Rito Moderno, coerente com seus princípios aceita como mais concernente a compilação de Findel, que é a seguinte:

1.- A obrigação de cada Maçom de professar a religião universal em que todos os homens de bem concordam. (Praticamente transcrevendo as Constituições de Anderson, primeiro documento oficial da moderna Maçonaria);

 2. – Não existem na Ordem diferenças de nascimento, raça, cor, nacionalidade, credo religioso ou político;

 3. – Cada iniciado torna-se membro da Fraternidade Universal, com pleno direito de visitar outras Lojas;

4. – Para ser iniciado é necessário ser homem livre e de bons costumes, ter liberdade espiritual, cultura geral e ser maior de idade;

5. – A igualdade dos Maçons em Loja;

 6. – A obrigatoriedade de solucionar todas as divergências entre os Maçons dentro da Fraternidade;

7. – Os mandamentos da concórdia, amor fraternal e tolerância; proibição de levar para a Ordem discussões sobre assuntos de religião e política;

8. – O sigilo sobre os assuntos ritualísticos e os conhecimentos havidos na Iniciação;

9. – O direito de cada Maçom de colaborar na legislação maçônica, o direito de voto e o de ser representado no Alto Corpo. Peculiaridades do Rito Moderno consoantes aos Rituais adotados no Brasil:

 1) Não há juramento no RM. O Compromisso é sobre a Constituição; o candidato não se ajoelha. Define-se a Maçonaria como uma instituição, cujos princípios são: a Tolerância, o Respeito Mútuo e a Liberdade de Consciência. Sua divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Não há Bíblia aberta, nem outro L S, nem preces, nem se invoca O G A D U ;

2) Faz-se a glorificação do trabalho, mas a letra G é gravitação, gênio, geometria, e a Estrela Flamejante simboliza a estrela polar ou o astro do livre pensamento;

3) A acácia não é a imortalidade. Ela significa que a vida tira seus elementos da morte e lembra a renovação social pela liberdade, que sucede à opressão;

 4) Não há referência à Divindades. A Palavra Perdida é a trilogia da Revolução Francesa;

 5) Zela-se pela Ritualística e Filosofia do Rito;

6) Faz-se parte da administração do Rito em todo o território nacional com mandato sobre os Grandes Conselhos Estaduais;

 7) Nos Rituais especiais, o mesmo sentido agnóstico;

 8) Na inauguração do Templo, se invoca a Verdade, a Razão e a Justiça;

 9) Na confirmação do casamento, considera-se a cerimônia como um contrato, visando a perpetuação da espécie;

10) Na pompa fúnebre: não há afirmação da imortalidade do espírito, nem a invocação do GADU e se diz que: O corpo morto, vai contribuir ao desenvolvimento da vida vegetal. Nos Rituais vigentes do Rito Francês ou Moderno não há liturgia, porque não há cerimônia religiosa. Os Ritos podem compreender cerimônias religiosas e não religiosas. Segundo Jules Boucher, em seu conhecido livro “La Symbolique Maçonnique”, Rito é, em Maçonaria, “a codificação de certas cerimônias. É o cerimonial”. Nos seus Rituais vigentes, O Rito Francês ou Moderno é um Rito sem as práticas religiosas de um culto. Seus Rituais contêm as regras ou preceitos, com os quais se realizam as cerimônias e se comunicam os SS, TT, PP e demais instruções secretas dos graus. No Rito Moderno, estudamos que o maçom, fiel ao espírito da própria Instituição, tem uma tríplice caminhada a percorrer, passando por três estados: o Místico, o Metafísico e o Científico, uma vez que nós, maçons, estamos ligados ao próprio destino da Humanidade. O Rito Moderno não admite a limitação do alcance da razão, pelo que desaprova o dogmatismo e imposições ideológicas e, por ser racionalista e, portanto, Adogmático, propugna pela busca da Verdade, ainda que provisória e em constante mutação. A filosofia do Rito se opõe a qualquer espécie de discriminação.

 

A partir de um Decreto criado em 1815 no Rio de Janeiro pelo regente Dom João VI, o Brasil deixou de ser colônia para merecer a condição de igualdade com a antiga Metrópole do Reino, quando passou a ser “Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”. Em busca de seus ideais, maçons brasileiros e portugueses objetivavam uma melhor condição social aos seus povos baseada na trilogia: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Nesta senda, fundaram em 1822 o Grande Oriente do Brasil sob a égide do Rito Moderno e, sendo este como todo Grande Oriente praticante do Rito Francês, ao constituí-lo como sua Célula Mater lhe foi possível conduzir e irradiar sua chama iluminista, emancipadora e libertária até os dias atuais.

Nesta senda, fundaram em 1822 o Grande Oriente do Brasil sob a égide do Rito Moderno e, sendo este como todo Grande Oriente praticante do Rito Francês, ao constituí-lo como sua Célula Mater lhe foi possível conduzir e irradiar sua chama iluminista, emancipadora e libertária até os dias atuais. Para uma melhor compreensão sobre a Maçonaria Brasileira é de suma importância se falar da Maçonaria em Portugal. Conforme Clavel, em sua obra de 1843, remonta até cerca de 1730 a fundação, em Portugal, das primeiras Lojas sob a influência da França e Inglaterra. Na obra de Thory – “Histoire de La Fondation du Grand Orient de France”, vemos que no Ano de 1738 o Papa Clemente XII proíbe aos católicos exercerem atividades nas Lojas Maçônicas e o rei de Portugal D. João V ameaçava com severas penalidades os maçons. Mesmo assim, as Lojas portuguesas funcionaram clandestinamente.

Ao redor de 1793, elas existiam em Coimbra e em Porto e delas fizeram parte vários estudantes das províncias ultramarinas, inclusive do Brasil, como nos relata Lívio e Ferreira, em 1968. Fazendo uma cronologia com a situação maçônica no Brasil neste período, principalmente pela ideia de que a primeira Loja foi a Cavaleiros da Luz, na Bahia, na Revista “RELATES DE MASONERIA” nº 4 de 15 de dezembro de 2011, na página 9 vemos o seguinte comentário: Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias influenciaram de grande maneira as ideias libertárias.

 Podemos citar o Almirante Aristides Aubert Dupetit Thouahrs que chega no Brasil em 1791 e funda o Grupo “Cavaleiros da Luz”. Quando Dupetit regressa à França, continua o seu trabalho, Larcher. Estamos no ano de 1796 e se diz que este homem fundou uma Loja Maçônica com o nome de Cavaleiros da Luz e que é considerada por muitos como a primeira Loja Maçônica no Brasil.

Com o mesmo contexto da matéria anterior, na Encyclopedia de La Masoneria, encontramos: …“Ostensivamente para empreender alguma pesquisa científica, Dupetit-Thouars chegou ao Brasil em 1791. Na Bahia ele fundou uma ordem secreta chamada "Cavaleiros da Luz" e ensinou a teoria básica do Iluminismo Francês: - uma batalha vitalícia contra a intolerância, a injustiça e o obscurantismo. Ele era de fato tanto um revolucionário francês quanto um maçom.

 Ele logo teve que voltar para a França, e seu trabalho foi continuado por Larcher, que chegou em 1797 e influenciou diretamente a conspiração de 1798 contra a coroa portuguesa. Foi devido à influência desta ordem que a maioria dos conspiradores escapou de ser processada pelas autoridades portuguesas no Brasil”... No site da Multi Rio, em Crise do Sistema Colonial, lemos que em 1796, a estadia do francês Larcher na Bahia contribuiu para a difusão das ideias revolucionárias. Encarregado de vigiá-lo, o tenente Hermógenes de Aguilar Pantoja, além de aderir a seus ideais, apresentou-o a baianos ilustres, tais João Ladislau Figueiredo e Melo, padre Francisco Agostinho Gomes, Inácio Siqueira Bulcão, Cipriano Barata, Francisco Muniz Barreto e outros membros da sociedade baiana.

No ano seguinte, em julho, na mesma casa em que ocorreram as reuniões com Larcher, foi fundada a Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, onde eram lidos os livros de Rousseau e outras obras de iluministas franceses. Há uma concordância entre estas matérias corroboradas por István Jancsó e Marco Morel no trabalho acadêmico “Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798”, quando reportam que o capitão e Chefe de Divisão das Armadas Navais Francesas, Antoine-René Larcher, em dezembro de 1795 chefiou o bem-sucedido ataque ao navio lusobrasileiro Santo Antônio de Polifemo, comandado por Manoel do Nascimento da Costa, que fazia o comércio com a Índia.

Passada a violenta refrega e feita a presa, inclusive do armamento e munição, Larcher negociou de maneira cortês com o capitão derrotado, redigindo-lhe um salvo-conduto destinado aos demais navios franceses, solicitando que não atacassem mais a embarcação, o que permitiu ao Santo Antônio de Polifemo regressar à Bahia sem ser mais molestado e com os sobreviventes em liberdade.

Tal atitude de negociação ajuda a entender como Larcher, alguns meses depois, seria bem recebido em Salvador, onde aportou em novembro de 1796, agora como simples passageiro do navio luso-brasileiro Boa Viagem, oriundo da Ásia, de onde saíra sem sua embarcação La Preneuse, expulso pelos colonos franceses escravocratas. István e Morel informam no trabalho citado, que a viagem do capitão Larcher durou quase dois anos desde sua partida da França em setembro de 1795 ao retorno em junho ou julho de 1797 e, que foi então, durante estada de cerca de um mês em Salvador, que ocorreram os contatos do capitão Larcher com as mais altas autoridades, como o próprio capitão general D. Fernando José de Portugal, e também com os conspiradores locais, até retornar no navio português Bom Jesus à Europa em janeiro de 1797, ficando retido, a contragosto, na capital portuguesa, sem recursos para retornar a seu país natal.

No livro publicado pelo historiador Luiz Henrique Dias Tavares, “Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia” lemos que, em pesquisa feita pela historiadora Kátia de Queirós Mattoso nos arquivos Nacional e da Marinha, em Paris (pesquisa ainda não superada), foi identificado o Comandante Antoine-René LARCHER (09/07/1740 – 17/07/1808+), como Capitão da Marinha de Guerra Francesa.

 Em uma viagem iniciada no Porto de Rochefort, em 25/09/1795, combateu os navios de guerra portugueses Santo Antonio Polifemo, Belizário e Arrabida, e chegou às Ilhas Maurícias levando o decreto da Convenção Francesa que abolia o trabalho escravo nas colônias da França. Mal recebido pelos colonos franceses, embarcaram-no de volta no navio Boa Viagem. Foi este que o trouxe ao porto da cidade de Salvador sob a alegação de avaria, em 30/11/1796. O Capitão Larcher, mulher e filhas, tiveram permissão para ficar um mês na cidade do Salvador. Em fins de dezembro, ele próprio solicitou licença (logo concedida) para embarcar no navio Bom Jesus D’Além com destino a Lisboa.

 No oficio em que fez essas comunicações ao ministro dom Rodrigo de Souza Coutinho, o governador datou a partida do Capitão Larcher em 31/12/1796, mas, em verdade, ela só ocorreu no dia 02/01/1797. Dado a estas novas informações, cremos, sem possibilidade de prova cabal, que a Loja “Cavaleiros, ou Cavalheiros da Luz” pode ter sido sim, a primeira Loja Maçônica do Brasil, porém, não dentro da Fragata Preneuse e menos ainda, em julho de 1797, conforme inúmeros autores afirmam em suas obras.

Voltando a Portugal, sabemos que o Grande Oriente Lusitano teve as suas bases instituídas por volta de 1800, tendo como 1º. Grão-Mestre em 1803, o desembargador Sebastião de São Paio, nome simbólico Epicteto, mudado depois para Egas Moniz. O Rito Oficial do GOL adotado em seu início é o Rito Francês ou Moderno, logo codificado através da Constituição de 1806, a qual incluía toda a organização do Rito no seio do GOL, seguindo o formato francês.

 Conforme historiadores maçônicos, em 1802, o irmão Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (nome simbólico: Aristides) foi enviado à Londres e França, no intuito de obter regularização através de Tratados e Cartas Patentes com as potências regulares desses países, fato confirmado nas referências feitas na respeitabilíssima obra de William Preston, Illustration of Masonry de 1804, na pág. 371: ...“À Grande Loja foi feito, em maio seguinte, outro apelo, através do mesmo canal (o duque de Sussex) da parte de quatro lojas de Portugal, as quais credenciaram M. Peter Hipolite da Costa [sic] para em seu nome solicitar autorização regular, a fim de praticar os ritos da Ordem sob a bandeira e a proteção inglesa. Após madura deliberação, determinou-se que todo estímulo fosse dado aos irmãos em Portugal; mas que uma lista de tal nome deveria ser remetida à Inglaterra.”...

Na “Acta Latomorum” de Claude Antoine Thory, edição de 1815, pág. 211, Tomo I, lemos: ...“Quatro Lojas de Portugal fazem um pedido pretendido, e solicitam a permissão da Grande Loja para professar os ritos da Inglaterra sob sua proteção. Os irmãos aderem a esse pedido, e por decisão administrativa, concordam imediatamente.”...

Tratado com o GOdF ratificado em 25/04/1804. O original trazido pelo irmão Hipólito José da Costa quando preso pela Inquisição em 1802, em seu retorno a Portugal, foi apreendido junto com os seus documentos (Fig. 4).

O referido Tratado é assinado, por parte do Grande Oriente Lusitano, pelo irmão Egas Moniz, Cavaleiro Rosa-Cruz, o que denota que as Ordens de Sabedoria do Rito Francês já existiam anteriormente em Portugal, corroborada pela Constituição do Grande Oriente Lusitano de 1806, onde se refere às diferentes Ordens e Capítulos do Rito Francês, nos seus Capítulos IIIº e XIIIº. Vejam o detalhe na figura 5 indicando “Egaz Monis, Cavaleiro Rosa Cruz”:

Ratificação do Tratado feita em 19/06/2004 por Portugal e França e Patente para a Vª Ordem concedida em 30/11/2007 (Abaixo).

Tratado Portugal e Espanha: Evidenciamos aqui os dois primeiros tópicos do Tratado Portugal e Espanha celebrado no 8º dia do 3º mês de 6010:

 1)O Grande Capítulo Geral do Grande Oriente de França entrega Carta Patente ao irmão Hypólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça em 1802;

 

2)O Tratado de Amizade entre o GOdF e o GOL do 25º dia do 2º mês de 5804 confirma a existência das Ordens de Sabedoria do Rito Francês ou Moderno em Portugal;

Voltando ao Brasil, conforme relatado pelo irmão José Bonifácio em seu famoso Manifesto, em 1800 funcionava uma Loja por nome de “União”, sendo substituída por outra com o nome de Reunião em 1801, filiada à I’sle de France ou Ilhas Maurice.

O Grande Oriente Lusitano desejando propagar no Brasil a verdadeira doutrina maçônica, nomeou para esse fim três delegados com plenos poderes para criar loja regulares no Rio de Janeiro, filiadas aquele Grande Oriente. No Almanak Maçônico de 1847), encontramos uma preciosa informação que nos parece ser plausível. “...” Posto que no principio d’este século já se tinhão juntado no Rio de Janeiro alguns Mac. em huma Loja, a que derão o titulo de Reunião, todavia, como não trabalharão regularmente, não poderemos datar o estabelecimento da Maçonaria senão do anno de 1803, quando o Gr. Or. Lusitano, querendo propagar as verdadeiras doutrinas maçônicas no Brasil, nomeou para esse fim três Delegados com plenos poderes de crear Lojas regulares no Rio de Janeiro, filiadas ao Gr. Or. Lusitano.

 A nomeação recaio nos três distinctos maçons, J. A. L – F. X de A. – F. A de M. P. – todos residentes n’esta cidade. Estes três Delegados crearão as LL. Constancia – Philantropia – e ajuntando a Loja Reunião (com excepção de poucos membros dissidentes), chamarão a um centro commum todos os maçons, regulares e irregulares, que então existião no Rio de Janeiro, e iniciarão outros até o Gráo de Mestre, únicos que estávão autorisados a conferir. ”... ...“Consta por documentos authenticos, que no dia 5 de Julho 1802, fora creada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo seio sahirão outras officinas. Forão ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada, installada com doze obreiros, que da primeira passarão a fundala em 30 de março de 1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L. Humanidade, e a L. União, creada em 12 de Setembro de 1813 por 18 Irs. da mesma L. mãe Virtude e Rasão.

 Completo assim o numero de tres officinas, decidirão os Irs., que as compunhão, crear alli, como com effeito crearão, um Gr. Or. Brasileiro, cujos trabalhos activos, bem como os das LL., cessarão comtudo, em rasão das commoções políticas, e, com especialidade, por causa da desastrosa revolução de Pernambuco, em 1817.”... Em 1807, Junot conquista Portugal obrigando a Corte portuguesa procurar abrigo no Brasil. “Assim a Maçonaria do Brasil desde o século XVIII esteve ligada a Portugal.”...

Enquanto a sede da Monarquia Portuguesa foi em Lisboa, a Maçonaria sentia ser mais fácil os movimentos revolucionários no Brasil, daí as Inconfidências Mineira (1789) e baiana (1799). Com a transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Rio de Janeiro, já surgiu em 1817 uma revolução simultaneamente no Brasil, em Pernambuco e, em Portugal (chefiada por Gomes Freire de Andrade). (Lívio e Ferreira, 1968). O Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 tendo como base a Loja Commércio e Artes fundada em novembro de 1815 e fechada em 1817 na época da desastrosa Revolução.

Por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Commércio e Artes foi reinstalada em 24 de junho de 1821 sob os Auspícios do Grande Oriente de Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para “Commércio e Artes na Idade do Ouro”. Subdividida em mais duas lojas: “União e Tranquilidade” e “Esperança de Nictheroy”, formaram a base legal da referida fundação. O seu primeiro Grão-Mestre Geral foi José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo o seu Primeiro Grande Vigilante. Loja Commércio e Artes Ata de Reinstalação:

Equívocos históricos: O irmão Manoel Joaquim de Menezes em seu trabalho “Exposição Histórica da Maçonaria no Brasil” publicado no Boletim do GOB nºs 3 e 4 de 1875 (Fig. 11), além de datas, se equivoca quanto ao primeiro Rito:

A respeito do que comenta o irmão Manuel Joaquim de Menezes, vejamos;

1) No Almanaque Maçônico de 1847, pág. 80: ...Consta por documentos autênticos, que no dia 5 de julho 1802, fora criada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Razão, do RITO MODERNO, de cujo seio sairão outras oficinas... Portanto, aqui já fica claro que existiam Lojas do Rito Moderno na oportunidade e, estas também foram bases do primeiro Grande Oriente do Brasil, na Bahia, cujo Grão-Mestre foi Antônio Carlos de Andrada.

 2) Na Revista Astréa Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil  Anno II, números 9 e 10, Setembro e Outubro de 1928, nas páginas 332 e 333 comenta o Soberano Grande Comendador, irmão Mário Behring: ...“ O Gr Or do Brasil trabalhou sempre no Rit Mod e a prova disso está em suas próprias actas em que há sempre referencias exclusivas aos gráos desse Rito, jamais dos outros” ..., diz ainda:- Todas essas Lojas, porém, trabalhavam no Rit Moderno ... ()...embora Manoel Joaquim de Menezes afirme que funcionavam no Adonhiramita. ...continua o irmão Mário Behring: É confusão natural em escritor que de Ritos nada percebia em suas publicações históricas sobre Maçonaria. Menezes, equivoca-se muito, deixa-se trair por sua memória e articula factos sem o menor senso critico, na analise que deles faz.”... Corroborando com o que disse o irmão Mário Behring, encontramos no Livro “A Maçonaria na Independência”, do irmão Teixeira Pinto, informações importantes, tais como: Equívoco de datas a partir do Irmão Barão do Rio Branco, em notas à “História da Independência do Brasil”, de Varnhagen, copiando o erro difundido pelo maçom Manoel Joaquim de Menezes, que publicou depois de 36 anos dos fatos, um trabalho Intitulado “Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil’, no qual fixou a data de 28 de maio de 1822 para a fundação do “Grande Oriente do Brasil”. Embora emérito historiador, José Maria da Silva Paranhos, Barão do Rio Branco, confiou numa informação totalmente equivocada.

Prossegue Teixeira: ...“Tivesse Varnhagem estudado as atas originais — as que constam no “Livro de Ouro” do “Grande Oriente do Brasil” — e não as que figuram no trabalho do Ir Menezes...()... estamos certos de que o seu relato seria um espelho da verdade. Tivesse o Barão do Rio Branco conhecimento do calendário utilizado desde 1815 pela Loj Comércio e Artes, e não duvidamos que ele também afirmaria que o Grande Oriente do Brasil foi fundado a 17 de junho de 1822 E V.... O Ir Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas que se encontram no Livro de Ouro do Grande Oriente do Brasil. Ele divaga sobre o que está escrito e acrescenta o que não viu: E não viu, porque não podia ver. É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir Menezes havia sido eleito e empossado no cargo de Cobr da Loj n.° 2 (União e Tranquilidade), e como tal, estava obrigado a ficar no vestíbulo juntamente com os lir CCobr das LLoj n.° 1 (Commércio e Artes) e n.° 3 (Esperança de Niterói), respectivamente, os Iir Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João José de Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os Iir pertencentes a cada um dos citados QQuadr que compareciam às Assembleias Gerais. Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir Menezes não podia ter conhecimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se apenas o que, ocasionalmente, algum ir lhe contasse depois. Sobre o assunto, vejam a seguir o que se encontra escrito em ata. Trecho da “Acta N.° 19”, da Ses realizada aos 21 dias do 7 ° mez do anno da V L 5822: O Ir Gr Secr, dando conta do expediente, apresentou um oficio: Os lir Cobridores do 2 ° e 3° quadros metropolitanos representavam à Gr Loj que tornasse amovível o lugar de cobridor, para ser exercido mensalmente pelos Operários das LLoj não ficando, assim, qualquer ir privado de assistir aos trabalhos por espaço de um ano.

Foi recusado o pedido e mandou a Gr Loj fazer sentir àqueles Iir, de quanta ponderação e confiança era o lugar que ocupavam, e que este único motivo deveria lhes ter sido sobejo, para, não desgostando-se do seu cargo, procurar desempenha-lo com todo o zelo e atividade. Ora, sendo ele (Menezes), naquela época, um dos poucos sobreviventes do movimento maçônico de 1822, era natural que o cercassem do carinhoso respeito de que se tornara merecedor. Mas acontece que esse carinho, aliado à facilidade com que certos argumentadores o apresentavam como personagem principal ou participante de todos os acontecimentos da época, foram criando na sua Imaginação uma quase certeza de que isso era real.

Assim, ao atender (também) um pedido do Ir Melo Moraes para fornecer algumas informações que seriam publicadas no “Brasil Histórico”, ele escreveu o que a sua já fraca memória ia ditando, truncando datas, nomes e locais. E, para verificar que estamos mais ou menos certos em nosso raciocínio, comenta Teixeira Pinto, basta atentar na declaração que ele faz ao encerrar o seu trabalho.

 Entre outras razões que apresenta, termina deste modo: “Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por não me recordar depois de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão outros com quem não estive em contato, de cuja omissão involuntária espero ser desculpado.” Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível, ser rigorosamente exato. O Ir Manoel Joaquim de Menezes esperava ser desculpado por aqueles que involuntariamente tivesse omitido. Longe estava ele de imaginar que também necessitava ser desculpado pela confusão que iria criar com alguns equívocos que se encontram na sua “Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil.

Na página 7 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta na “Exposição Histórica” do irmão Manoel Menezes, e evidencia os nomes dos maçons fundadores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes simbólicos, como por exemplo: J. M. V. ou Gracco (Capitão João Mendes Viana) — Vahia ou Apolonio Moilon (Dr. João José Vahia) Telies ou Orestes (Padre Manoel Telies Ferreira Pita), entre outros. Por conta dos nomes simbólicos, RACIOCINA o irmão Teixeira Pinto: ...” assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio e Artes) foi feita sob os auspícios do Gr Or de Portugal, Brazil e Algarves, e também que a Loj funcionava no Rito ADONHIRAMITA, uma vez que esse Rito era e continua sendo o único que torna obrigatório o uso de um nome histórico aos que o praticam Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos que o seu livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança nos comentários apresentados, mas, CONTÉM, ao menos, um erro de interpretação, como veremos a seguir: Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da Commércio e Artes para afirmar serem os MESMOS prática exclusiva do Rito Adonhiramita, ou seja, emitiu a sua conclusão por analogia. Sobre esse detalhe dos nomes simbólicos, seguem informações importantíssimas: O nome simbólico, codinome ou nome de guerra, era costume da época. O primeiro GrãoMestre de Portugal, desembargador Sebastião de São Paio, nome simbólico Epicteto, mudado depois para Egas Moniz, era Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.

O Grão Mestre José Mendes da Silva Leal tinha o codinome de Ariosto, vide Boletim do GOL de 1869 e o irmão Fortunato Augusto da Silva, Mestre Eleito dos Nove do REAA, levava o nome simbólico Barroso, entre outros exemplos que não mencionaremos no momento (Fig. 17).

Vemos no livro A Maçonaria em Portugal, do irmão Oliveira Marques, conceituado escritor português, à página 32, que desde pelo menos 1800, se usava o nome simbólico por compreensiva medida de segurança.

Assim, cremos que a tese sobre tal utilização está devidamente aclarada. O Boletim do GOB nº 6, de agosto de 1896, indica que as primeiras lojas do GOB eram do Rito Moderno.

No rodapé do próximo Boletim, se lê: ...“todas do Rito Francês ou Moderno”...

O irmão Joaquim da Silva Pires (Fig. 21), em sua obra “Rituais Maçônicos Brasileiros”, nos afirma que o GOB foi fundado sob a égide do Rito Moderno e, ainda mais, que o nome simbólico não era exclusividade do Rito Adonhiramita, rito que só iniciou no GOB em 16 de agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.

Mais considerações sobre o Rito Francês ou Moderno:

Na Revista Astréa, anno 2, nº. 4, de 1928, pág. 162 lemos: ...“O Gr Or Brasileiro era do Rito Moderno como o Gr Or do Brasil...()

Na pág. 163...“preferiu a Educação e Moral desligar-se do Gr Or - Acompanhou-a pouco depois a Commércio e Artes, presidida pelo Cônego Januário, o amigo inseparável de Ledo, que deixando o Rit Mod transferiu os seus trabalhos para o Escocez... Na pág. 169... Para se conseguir a maior perfeição e desarmar a intriga, ...determinou com prudência o Gr Or Braz transitar do Rito Moderno ou Francez que trabalhara até janeiro de 1833.... Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832: ...“(pág. 53) Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente do Brasil, que só as perseguições do anno de 1822, e circunstâncias políticas dos seguintes, embaraçarão de trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto que os seus membros se apresentarão em seus postos, logo que a luz maç sahio do Módio, e appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma participação e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa reunião, à esse Corpo (se referindo ao Grande Oriente Brasílico convidando o Grande Oriente Brazileiro ou do Passeio, a se unirem em um só corpo maçônico), que no anno de 1830, se erigira em Oriente...Por Del da Gr L de 13 de Out. de 1832....

 

...“(pág. 54) Em 15 de setembro de 1832, o irmão D. de Ponte Rivera, Cavaleiro do Real Segredo (REAA), do Grande Oriente Peruano, visitando o Grande Oriente Brasileiro, é recebido com as solenidades de praxe e em seu discurso comenta, entre outras coisas, que: ...“(pág. 55) Elle vos participa igualmente que segue o Rito Escossez, e já sabe que haveis adoptado o moderno Francês.”...

...“(pág. 56) Responde ao irmão D. de Ponte Rivera, o irmão Kant (Cônego Januário da Cunha Barbosa, Cavaleiro Rosa Cruz) então, Orador da Grande Loja (Grande Oriente): ...“(pág. 58) que apezar de seguir o Rito Escosses, que não difere em princípios do Rito Francês que temos adoptado.”...

Na página 64, podemos ler o Discurso proferido na Respeitável Loja Commércio e Artes ao Oriente do Brasil pelo Cavaleiro Rosa Cruz, Januário da Cunha Barbosa, no acto de tomar posse de Venerável em março de 1832: ...A Officina Commércio e Artes na Idade d’Ouro, à que hoje prezido por vossa eleição, e que n’outros tempos tanto se distinguira pelo zelo dos seus obreiros, renasce gloriosa como a Phenix dentre as cinzas, em que parecia have-la sepultado numa indigna perfídia...

.Constituição do GrOrBrazileiro..." (pág. 3) que o Subl Gr Or Braz competentemente authorizado pelo Artigo 74, Capítulo Único, Título 5º. da Const para fazer as alterações indispensáveis à mudança de Rito, Decretou em Sess Magna de 24 do 6º. mez do corrente anno da V L 5834 (13 de septembro de 1834) era vulgar, as reformas adaptadas ao Rito Esc Ant e Acc, hoje adoptado pelo Gr Or Braz. ... aos (ilegível) do 7º. mez do an da V L 5834...

Jornal do Gr.’. Or.’. Brazileiro, nº 2 – 11 de 1870 ... “(pág. 22) Estes dous corpos maçon fizerão parte do Or Brasileiro, quando este deixando o Rit Franc que seguia. ... ... Não podia o grupo do Lavradio formar um Or do Rit Franc porque este já existia no Gr Or Brasileiro, que funccionava neste Rit, e que não estava adorm. .... ... Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or do Rit Esc, não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit Franc e não tinha poderes para funcionar no Rit Esc como porque existia um Gr O do Rit Esc (o de Montezuma). ...

Fundação do Gr Or Braz (do Passeio) - Junho 1831. ... No anno de 1825, alguns maçons intrépidos reunirão-se em quadro errante que denominarão Vigilância da Pátria” ...() ...“repartindo-se por dous novos quadros, União e Sete de Abril, que derão a primeira base para o Gr OrBraz... ()... Depois que em Junho de 1831”... () ...“em que se admitira o representante da Resp Razão ao Or de Cuiabá, se formou o Gr OrBraz...

Datam de 1833 os Rituais da Loja Commércio e Artes (eram do Rito Moderno, conforme afirma o ir Sebastião da Silva Pires em seu livro Rituais Maçônicos Brasileiros)...Na capa lemos: Segundo o Original Francez, a traducção e annotações de Hypolito (Londres) [que fora designado como Delegado do Grande Oriente do Brasil], adoptados aos trabalhos da Loja Brazileira Commércio e Artes [que trabalhava no Rito Moderno em 1822], pelo seu Venerável J. da C. B. [Januário da Cunha Barbosa] Cavaleiro Rosa Cruz [Grau 7 do Rito Moderno] [que migrou a sua Loja (Commércio e Artes) para o Grande Oriente do Passeio em 1833]. Carimbado: Biblioteca Maçônica Mesquita e Passeio, Livro 01[possivelmente seja a Biblioteca do Grande Oriente do Passeio].”...

...“Na abertura dos trabalhos de aprendiz, se lê na pág. 22: “debaixo dos Auspícios do Grande Oriente Brazileiro (que também é conhecido como Grande Oriente do Passeio)”...

Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./Out./2016 – Joaquim da Silva Pires: ...“O primeiro de todos aqueles Rituais era do Rito Moderno e do Grande Oriente Lusitano, impresso em Lisboa, em data e tipografia desconhecidas. Elucidou, porém, que isso foi antesde 1822, porque, já naquela data, o citado Ritual era usado pela Loja Comércio & Artes, do Rio de Janeiro, a nº. 1 do Grande Oriente do Brasil”... ...“Todavia, dos Rituais que foram impressos em nosso País, todos em empresas gráficas localizadas no Rio de Janeiro, os mais antigos são: o do Rito Moderno, ano de 1833, impresso na Typographia Seignot & Plancher, na Rua do Ouvidor, nº. 95; outro do Rito Moderno, ano de 1834, impresso na referida tipografia”...

D. Pedro I, maçom. Em 02 de agosto de 1822 foi iniciado na Loja Commércio e Artes da Idade do Ouro, o Príncipe Regente D. Pedro I, adotando o nome histórico de Guatimozin. Num breve intervalo de tempo foi exaltado ao grau de mestre, elevado ao 7º e último grau (na época) do Rito Moderno – Cavaleiro Rosa-Cruz e, eleito Grão-Mestre em 04 de outubro, fechando-o no dia 25 do mesmo mês. Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise dos seus objetos maçônicos no recorte da Revista Ciências e Maçonaria (Figs. 24 a 28), edição de 10/07/2017.

...“no arquivo histórico do Museu Imperial é possível encontrar uma carta direcionada a Joaquim Gonçalves Ledo, a qual foi assinada com as iniciais ―I P M R +, que, segundo Castellani (2009, p. 56) significa: Irmão Pedro, Maçom Rosa-Cruz. O que, assim, corrobora a afirmação de que D. Pedro I atingiu o grau máximo do Rito Moderno à época.... ...O avental manufaturado em seda e veludo apresenta, bordado na abeta, um delta luminoso; abaixo, ostenta um pelicano alimentando seus filhotes encimado por uma cruz com a rosa mística ao centro, ladeado por símbolos e palavras do grau. Portando, possivelmente um avental do Grau 7 – Cavaleiro Rosa-Cruz do Rito Moderno.”... Isto porque, segundo as informações disponíveis nos ―Reguladores do Rito Francez Gráos Mysteriosos – Architecto (p.35) datado de 1834, e de certa forma contendo informações do contexto de época de fabrico desta indumentária, na parte em que apresenta as diretrizes do grau de ―Roza-Cruz, O avental deste grau disporia de um triangulo na abeta, com quadrados e círculos com a letra ―J, e no meio do avental, seria bordado a joia do grau. Esta também é descrita no ritual (p.33) como sendo formada por um compasso tendo ao centro huma cruz radiosa, com o pé n‘hum quarto de circulo, e o topo tocando a cabeça do compasso; ...“de hum lado está apoiada nas pontas do compasso, huma águia com as azas abertas e a cabeça baixa; do outro hum pelicano, rasgando o seio para alimentar os filhos, que por baixo se divisão em hum ninho. Entre a águia, e o pelicano eleva-se hum ramo de acácia; sobre a cabeça do compasso, que forma huma rosa, há huma corôa antiga; sobre o quarto de círculo há, de hum lado, a palavra, e do outro a palavra de passe em letras hieroglyphicas.”...( )...

Parecer da Revista Ciência e Maçonaria:

 

 

Encerrando as atividades do GOB. D. Pedro, temeroso em consequência de denúncias feitas a ele que elementos do Grande Oriente, contando com o apoio de alguns oficiais de Tropa tentariam depor os ministros, envia um bilhete a Ledo, pedindo que suspenda os trabalhos maçônicos até segunda ordem, revogando tal ordem 04 dias depois. ..."Meu Ledo. Convido fazer certas averiguações tanto pública como particulares na Maçonaria, mando primeiro como Imperador, segundo como Grão-Mestre: que os trabalhos maçônicos se suspendam até segunda ordem minha. É o que tenho a participar-vos; resta-me reiterar os meus protestos como Irmão: IPMR+, São Cristóvão, 21 de outubro, 1822."... No entanto, o Grande Oriente só foi restaurado em 1832 por José Bonifácio de Andrada e Silva, continuando os seus trabalhos no Rito Moderno , antecedido pelo Grande Oriente Brazileiro, também conhecido por Grande Oriente do Passeio, que foi fundado em Junho de 1831, também trabalhando no Rito Moderno. A Loja “Seis de Março de 1817”, de Pernambuco, se regularizou em 7 de outubro de 1832 junto ao GOB, também trabalhando no Rito Francês (Albuquerque, A Maçonaria e a Grandeza do Brasil). Meus queridos irmãos, acrescentamos que o Supremo Conselho do Rito Moderno que administra os Altos Graus, é reconhecido legalmente pelo Grande Oriente do Brasil através de Tratado de Reconhecimento, ratificado em 1972, trabalha no Grau 9 - Cavaleiro da Sapiência e tem o âmbito de atuação Nacional e Internacional. Nos Estados há os Grandes Conselhos Estaduais, que funcionam com o grau 8 - Cavaleiro da Águia Branca e Preta e dentro de cada um deles há os Sublimes Capítulos Regionais que trabalham nos graus 4, 5, 6 e 7 - Eleito, Escocês, Cavaleiro do Oriente e da Espada e Cavaleiro Rosa-Cruz. Rito Moderno – Bahia e Sergipe Em Salvador temos o Sublime Capítulo Regional do Rito Moderno Os Amigos da Liberdade nº 12, hoje sob a presidência do Sapientíssimo irmão Anselmo Pereira, que funciona nos 1ºs e 3ºs sábados de cada mês, abrigando do 4º ao 7º grau das Ordens de Sabedoria e, funcionando extemporaneamente, o Grande Conselho Kadosh Filosófico do Rito Moderno para os estados da Bahia e Sergipe. O Supremo Conselho do Rito Moderno, gestão 2016/2019, funciona sob a presidência do Eminente Soberano Grande Inspetor Geral, irmão Pasquale Mignela Filho, que têm como seu Delegado neste estado, o Eminente irmão Cleber Tomás Vianna. Temos aqui em Feira de Santana, nesse Complexo Maçônico, a Loja Acadêmica Voltaire, nº 4515, do Rito Moderno, ora sob a presidência do Venerável Mestre Giovani Brandão, Federada ao Grande Oriente do Brasil e Jurisdicionada ao Grande Oriente Estadual da Bahia.

Fontes: Site do SCRM: www.scrm.org.br/scrm; O Aprendiz no Rito Moderno: Editora A Gazeta Maçônica – Autor: Alexandre Magno Camargo (Melkisedek); História do Grande Oriente do Brasil: Editora Madras – Autores: José Castellani/William Almeida de Carvalho; Da Sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia - Luiz Henrique Dias Tavares; A Maçonaria na Independência do Brasil (1812-1823): João Luiz Teixeira Pinto; Apostila Curso: História da Maçonaria no Brasil, EAD - Kennyo Ismail, Novembro de 2017; Revista Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832; Casa Comum (Fundação Mário Soares): http://casacomum.net; Walter Celso de Lima: JB_NewsInformativo_nr_2245/224; Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo de Estudios de Rito Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España: www.ritofrances.net; Joaquim Villalta, Vice Presidente Del Circulo de Estudios de Rito Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo e Acadêmico, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España, Blog: (https://racodelallum.blogspot.com.br/); Acta Latomorum de Claude Antoine Thory; Illustration of Masonry de William Preston, Tratado Portugal e Grande Oriente da França e Tratado Portugal e Espanha (obras cedidas por Joaquim Villalta); Boletins do GOB (diversas edições conforme mencionados no corpo do trabalho); Ritual Aprendiz Rito Moderno/GOB-2009; Museu Maçônico Paranaense (Boletim do GOB - Jan/Fev-1902): www.museumaconicoparanaense.com; Paulo César Gaglianone – Graus Filosóficos do Rito Moderno; José Coelho da Silva; A Trolha; Loja Universitária Professor José de Souza Herdy; Pedra Oculta; Diego Denardi;

José Ronaldo Viega Alves; Constituição do Grande Oriente do Brasil, 1975. Rio de Janeiro, 22-05-1975; Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001. Distrito Federal, 30-11-1990; 25) Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2007 – última revisão em 10-09-2012; 26) PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de Acordo com o Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª. ed. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 2011; 27) Revista luzes (do GOSP), publicada na edição nº. 8, Set./out./2016; 28) ANTUNES, Álcio de Alencar. O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Universal. In: Supremo Conselho do Rito Moderno. 29) BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma Interpretação. In: Supremo Conselho do Rito Moderno; 30) O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed. Maçônica A Trolha, Castellani, José; 31) Manual do Rito Moderno, Editora A Gazeta Maçônica, 1991; 32) Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno ou Francês, no site Mason Kit.Net (acesso em 26/02/2013): 33) mason.kit.net/ritos/modernooufrances.htm; 34) Wikipédia, Rito Moderno (acesso ao site em 26/02/2012); 35) Revista Astréa, Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928; 36) Cérberus Magazine; Multi Rio (Crise do Sistema Colonial); 37) Paramentos - Site Triângulo Atelier: www.trianguloatelier.com.br; 38) István Jancsó e Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798: 39) http://www.scielo.br/pdf/topoi/v8n14/2237-101X-topoi-8-14-00206.pdf; 40) Revista Retales de Masoneria, ano 1, nº. 4; 41) Primeiros Rituais Maçônicos Brasileiros, Joaquim da Silva Pires; 42)Encyclopedia de La Masoneria: (http://freimaurerwiki.de/index.php/En:Brazilian_Freemasonr); 43) O GOB nasceu no Rito Moderno: blog.msmacom.com.br/o-gob-nasceu-rito-moderno; 44) Paramentos - Site: masonic.com.br/avental/mod00.htm;

45) A concepção do Grande Arquiteto no Universo no Rito Moderno – palestra ministrada pelo irmão Dr. Álvaro Palmeira, extraído do Boletim do GOB 3, 4 e 5 de 1986 [06/02/1961], publicado no site do irmão José Filardo: bibliot3ca.com/a-concepcao-do-grande-arquiteto-do-universo-no-rito-frances-ou-moderno/; 46) A Independência do Brasil à sombra da Acácia: Imagens obtidas em http://slideplayer.com.br/slide/2904085/ Ilustrações: https://pinterest.com; Jotassil Artes; 47) REHMLAC ISSN 1659-4223: “Hipólito José da Costa e o Correio Braziliense: a idealização de um tipo de sociabilidade maçônica”. Bruna Melo dos Santos; 48) Alexandre Mansur Barata: Trabalho acadêmico - Sociabilidade Ilustrada e Independência (Brasil, 1790 - 1822); 49) Revista Ciência e Maçonaria - C&M | Brasília, Vol. 4, n.1, p. 19-24, jan/jun, 2017; 50) O Rito Moderno Belga e o Rito Francês: https://bibliot3ca.com/rito-frances-comparacaoentre-o-rito-moderno-belga-e-o-rito-moderno-frances/ 51) Racó de La Llum (as ordens de sabiduria do Rito francês): https://racodelallum.blogspot.com.br/2018/05/las-ordenes-de-sabiduria-del-rito.html?m=1; 52) https://noticias.r7.com/domingo-espetacular/conheca-o-verdadeiro-rosto-do-imperadordom-pedro-i-11052018; 53) Colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro Sadrack Meira Araújo, Cavaleiro do Oriente, III Ordem, Grau 6 do Rito Francês ou Moderno e, 54) José Maria Bonachi Batalla, SGIG de Honra do SCRMhedgemason.blogspot.com.br/2013/09/a-brief-history-of-modern-rite-in-brazil.html.


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