quinta-feira, 23 de maio de 2013

Hino da Maçonaria explicado




Da luz que de si difunde
Sagrada Filosofia
Surgiu no mundo assombrado
A pura Maçonaria

A Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”, pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação, promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela difusão do ideal de livre busca da verdade.

Maçons, alerta!  
]
Tendes firmeza  ]     Refrão
Vingais direitos  ]
Da natureza       ]

Os “direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano, independente de época e lugar. Entre esses direitos, destaca-se os direitos a vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.

Da razão parto sublime
Sacros cultos merecia
Altos heróis adoraram
A pura Maçonaria

A alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.

(Refrão)

Da razão suntuoso Templo
Um grande Rei erigia
Foi então instituída
A pura Maçonaria

O grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos.  

(Refrão)

Nobres inventos não morrem
Vencem do tempo a porfia
Há de séculos afrontar
A pura Maçonaria

“Porfia” significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre implacável.

(Refrão)

Humanos sacros direitos
Que calcara a tirania
Vai ufana restaurando
A pura Maçonaria

“Calcar” significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”, “triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela tirania.

(Refrão)

Da luz depósito augusto
Recatando a hipocrisia
Guarda em si com o zelo santo
A pura Maçonaria
A Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior, a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim como a verdade só é encontrada com a razão. 
(Refrão)

Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria

A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.

(Refrão)

Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria

E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.

(Refrão)


COMENTÁRIOS FINAIS:
Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.

CONSULTAS:
GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.
RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.

domingo, 12 de maio de 2013

SIGILO E SEGREDO MAÇÔNICO




Hoje à noite, à meia noite em ponto (hora em que se fecham as Lojas), após assistir e participar de uma magnífica sessão maçônica na nossa pequena a aconchegante Loja onde fomos brindados com visitantes, fui abordado por minha mulher que perguntava como foi a reunião. Evidentemente, pus-me a contar que hoje houve harmonia e a grata visita de um irmão que nos é muito caro que provavelmente venha a se filiar. 

Contei que tudo passou bem, havia eu feito uma exposição sobre o avental maçônico e recebido lições sobre as funções do primeiro e segundo vigilante do visitante que palestrou conosco. Minha mulher é interessada nos assuntos que me digam respeito porque, é óbvio, dizem respeito à família. Esse envolvimento é extremamente reconfortante para mim que não raras vezes ponho-me a doar o parco tempo de lazer íntimo para o estudo da literatura maçônica. Tal narrativa de cunho pessoal é conveniente para trazer à lume uma discussão por demais oportuna e interessante para os nossos irmãos , que se pré-dispõe a abandonar alguns mitos para abraçar o sentido mais primitivo da Maçonaria. Assim sendo, insta demarcar as balizas entre sigilo maçônico, discrição maçônica e segredo absoluto. 

Todos os iniciados maçons juram solenemente manter os mistérios da Ordem sob o mais absoluto silêncio, fazendo assim um voto característico das ordens regulares. Contudo, é preciso urgentemente destacar que a temática maçônica nunca foi e nem permanece sendo sigilosa. Ao contrário, os assuntos que gravitam sobre os graus simbólicos e filosóficos não resistem à pesquisa sistemática na Internet e em bibliotecas mais privilegiadas, porquanto ou a Maçonaria emprestou de tradições antigas os seus paradigmas ou, ao contrário, doou seu próprio ensinamento para o mundo. Portanto, a simbólica maçônica não é sigilosa, não estando sobre o manto do juramento que realizamos. 

Aliás, afora a trolha e o avental, não há simbólica propriamente maçônica, tendo a Arte Real tomado de empréstimo símbolos, ritos e formas de outras culturas, desde o século XVIII, culminando na grande transformação havida no século XIX. O uso do compasso como instrumento de retidão já era conhecido, assim como a medição da vida terrena com o compasso. Colunas, romãs, acácias, pisos, painés, zodíaco, malhetes, jóias, iniciação, elevação e tantas outras práticas corriqueiras de nossos trabalhos simbólicos, tudo o mais não se pode atribuir à Maçonaria Operativa, pois de lá somente temos a figura da trolha e o uso do avental de pele, com o couro para fora e o pêlo para dentro, a fim de proteger o peito, quadril e pernas dos materiais brutos com os quais os pedreiros trabalhavam. Assim sendo, é muito comum qualquer estudioso de "arquétipos junguianos" não só compreender de pronto os signos maçônicos como também dar palestras a maçons muito experientes e instruidos. Basta a coordenação da leitura das escrituras bíblicas, a ciência relativa da cultura judaica, egípcia e bastante estofo histórico, para que nada seja novidade ao pesquisador. 

Não é por outra razão que ficamos bastante confortáveis ao levar às algumas  Lojas, alunos do ensino fundamental e médio, quando ministrávamos aula de História Geral e do Brasil. Para compreender algumas particularidades das épocas em foco, era especialmente conveniente que meus alunos tomassem ciência do clima, do local, das impressões totalmente particulares que a Maçonaria inspirou naqueles momentos vitais da História da Humanidade e do Brasil. Jamais tivemos que falar uma palavra sequer sobre símbolos. Bastava perguntar a um aluno de sétima série: "para você, o que o Sol simboliza nesse Templo?". E lá vinha a resposta certeira - vitalidade, virilidade, força, renovação, nascimento, renovação, transformação. E, mais adiante, perguntava a um aluno da oitava série: "para você, o que a Lua representa aqui?". De pronto, sapecava a resposta surpreendentemente exata - é o contrário do Sol, significa fertilidade, escuridão, reflexão, fecundidade, inércia, feminilidade. Isto é, meus alunos sabiam o que o inconsciente coletivo informava ao homem e à mulher ocidental. Aliás, meus irmãos, no mundo de imagens, os símbolos ganharam novo sentido e imperam com mais força que nunca. É muito natural que o homem médio saiba exatamente o que inspira um símbolo aplicado em determinadas circunstâncias.

Por isso mesmo, defendemos que já é hora de pôr fim à "mítica maçônica" de que os símbolos e assuntos internos são eminentemente secretos, sendo perjuro aquele que os revelar a terceiros. Mito é mito e não resiste à análise aprofundada. É claro que não propomos aqui que o Templo Maçônico vire local de visitação pública ou de palestras abertas com alunos de ensino fundamental, médio ou superior. Contudo, aquele antigo "tabu" de que tudo relacionado à Arte Real é, em si secreto, deve acabar. Muito ao contrário - os maçons devem ser os primeiros a mergulharem no universo da simbologia que os especialistas da área dominam com ciência e estudo compenetrado. Recomendam-se palestras com psicólogos a fim de perquirir a origem, as interpretações e o emprego de símbolos milenares. Recomenda-se, de outra banda, reserva quanto aos comentários gratuitos de assuntos maçônicos em público. Mas não por "dever de sigilo", mas pela discrição que informa que o maçom não deve se exibir ou fazer da Maçonaria um status social. O mistério, segundo os estudiosos de psicologia, serve para instigar, fomentar a curiosidade humana, fazendo com que o espírito de aventura e pesquisa possa conduzir à valorização do conhecimento oculto por qualquer razão. Para escritores maçônicos (Kurt Probber, Castelanni, Luiz Gonzaga, Assis Carvalho, Bolcher), a prática do mistério induz o maçom a resgatar valores simples, tornando-os tão caros. É justamente por isso que os graus superiores são particularmente interessantes, nessa altura.


  
Feito esse comentário sobre a questão simbólica, importa saber o que realmente é sigiloso. Por secreto, recoberto pelo juramento constante da iniciação, elevação e exaltação para qualquer patamar maçônico, está a liturgia e os sinais característicos de cada grau e apenas isso. A qualquer maçom ativo ou adormecido, é terminantemente vedado repassar ao público a aos seus parentes mais próximos a palavra sagrada, a palavra de passe, a marcha, os sinais de identificação, as batidas do grau, e demais aspectos litúrgicos e sinalizadores do grau. Não porque, mediante pesquisa, um terceiro não possa obter as informações, mas em respeito absoluto à palavra empenhada à Ordem que jurou defender e resguardar. É justamente por isso que devemos a todo o custo "desmistificar" assuntos maçônicos mais básicos, proporcionando aos que nos cercam, pais e filhos queridos, a possibilidade de nos conhecer melhor, evitando inclusive esses preconceitos mais simplistas de ramos reformadores contemporâneos do cristianismo.

Julgamos que está bem delineada a diferença entre "sigilo maçônico" e "discrição maçônica". Por aquela, tomamos como paradigmas insuperáveis, blindados pelo juramento inquebrável, onde o iniciado jamais deixará de pertencer à Ordem. As palavras, sinais e toques unem eternamente o neófito à Arte Real, ainda que adormeça ou debande completamente. Por isso mesmo, até mesmo os "reformados", irmãos que desacreditaram da Maçonaria para abraçar correntes religiosas sectárias que incriminam a Ordem com imputações satânicas, até mesmo esses mantém-se regulares para com o Templo que frequentaram, não transmitindo temerariamente tais segredos. Vê-se que os livros que pretendem dispersar os mistérios da Maçonaria, geralmente foram escritos por ignorantes nos assuntos reservados da Arte Real, ora errando sobre as afirmações, ora confundindo graus, sinais, palavras, usos e costumes com a liturgia propriamente. 

Finalmente, a discrição maçônica é sempre bem-vinda, mas não inviabiliza a instrução de terceiros nos signos maçônicos. Sessões brancas são, no meu ponto de vista, bastante recomendáveis para proporcionar uma partilha dos conhecimentos maçônicos com a sociedade. A comemoração dos dias festivos e datas religiosas, além de outras atividades em conjunto dentro do Templo, devem ser estimuladas. É preciso chamar a família, os amigos, os colegas de serviço, agregando-os todos no Templo e formando uma nova e interessante Egrégora. A postura discreta, reservada do maçom enquanto maçom somente o valoriza, mas não é preciso "mistificar" a discrição, confundindo-a com o sigilo maçônico. 


  
Como a Maçonaria do séc XXI pretende fundar (re-fundar) um novo centro de gravidade maçônica no Brasil, é preciso ajudar com cimento fresco, renovador, ao mesmo tempo em que reserva-se tijolos firmes, sólidos, inquebráveis. Flexíveis devemos ser até onde os nossos compromissos nos permitem; tolerância deve ser a nossa meta última como indivíduos e maçons; compromisso com os mistérios que são o combustível de nossa própria transformação interior não pode ser objeto de barganha. O que é segredo deve continuar sendo: o que não é, não precisa ser tratado como tal. Vamos envolver toda a comunidade que nos circula, fincando o compasso numa Loja Maçônica!

Recebam todos o meu tríplice e fraternal abraço!

Ser ou Estar Maçom







 Atualmente podemos afirmar que “Ser ou Estar alguma coisa” está se tornando uma expressão bastante difundida, que é utilizada para identificar se uma pessoa assumiu ou não seu posicionamento correto com respeito a qualquer organização da qual participa, como por 
exemplo –  quando desempenha-se um cargo público ou legislativo, tal qual o de 
“Estar Ministro”, entre outros exemplos, sendo inclusive utilizado com personagens 
em programas humorísticos.

 Absorvendo este conceito e aplicando-o no seio de nossa Fraternidade percebemos que todos nós “Estamos Maçons” ao procedermos nossa Iniciação. Estamos Maçons ao freqüentarmos a Loja e pagarmos as suas mensalidades e taxas. Estamos Maçons quando participamos de uma atividade organizada pela loja, uma atividade filantrópica, uma palestra, uma visita a outra Loja. Ou até mesmo Estamos Maçons quando meditamos sobre o nosso papel e partimos em busca da meditação interior em busca da verdade.
 Mas o que é Ser Maçom ? O verbo SER não poderia ser considerado sinônimo do verbo ESTAR. A caracterização mais expressiva é de que estar é um verbo que indica um certo estado, portanto, há como que embutido em seu conteúdo uma certa passividade, enquanto que o verbo ser é ativo, representa ativação.
 Ser Maçom é um estado de espírito que deve caracterizar o membro presente a toda situação em que pode ajudar e cooperar para que o mundo torne-se de alguma forma melhor. Ser Maçom é compreender que por mais poderosas que sejam as forças externas elas devem ser dominadas pela energia que tem sede em sua própria personalidade.
 Ser Maçom é ter consciência que sua presença discreta pode dar apoio a novos projetos úteis à sociedade e constituir-se num valoroso pilar de sustentação de valores mais nobres do indivíduo.
 Ser Maçom é ser o eterno estudante que busca o ensinamento diário, tirando de cada situação uma lição, e aplica com êxito os princípios estudados. Desenvolve em toda oportunidade de sua intuição, sua força de vontade, sua capacidade de ouvir e entender os outros.
 Temos que considerar que o Ser Maçom deve, como livre pensador, questionar o porquê de determinados acontecimentos entendendo e vivenciando nos nosso aprendizado que palmilhamos lentamente, com passos firmes para não tropeçar nos erros e vícios do passado, mesmo que em momentos saiamos da trajetória para poder compreender o mundo com uma visão holística de suas nuances.
 O Maçom que se limita a ler ou estudar as instruções dos graus ou a literatura disponível e não procura aplicar em sua vida diária os conceitos que lhe são transmitidos, na busca do desbaste da Pedra Bruta, e em erigir o Templo Interno, perde excelentes oportunidades de ampliar seus conhecimentos e de verificar como o saber do aprendizado da Arte Real pode ser útil para o seu bem-estar na busca de seu retorno ao Cósmico.
 O Ser Maçom é aquele estado em que sem abandonar os hábitos de disciplina racional, a mente busca uma abrangência do universo, o conhecimento intrínseco dos fenômenos que estão ocorrendo, procurando desenvolver a sensibilidade e a compreensão das razões de estudo. O Maçom que desenvolveu sua mente para estar atenta e acompanhar a evolução dos fatos, sabe como conhecer as sutilezas que envolvem sua origens, é como um oleiro que dá formas sutis ao barro bruto, enquanto que o Maçom modela sua própria consciência num confronto com sua própria personalidade.
 Vivemos juntos e cruzamos com diferentes seres humanos que pensam e agem de maneira diversa da nossa. Isto nos propicia excelentes oportunidades de nos adaptarmos a estas personalidades e, sobretudo, de aprimorarmos as formas de inter-relacionamento. A sabedoria do bem viver é despertada quando nos conscientizamos dessas diferenças e procuramos compreender o indivíduo através de suas particularidades. Ser Maçom é despertar este sentido de compreensão do indivíduo e estar preparado para assisti-lo nos momentos de dificuldades.
 O exemplo de uma atitude mental moderada, sincera e cooperativa caracteriza muito o Ser Maçom. E todos notam, que sob muitos aspectos, o Ser Maçom diferencia-se como indivíduo entre todos os outros. No aprendizado inicial aprendemos que além dos SS.’. TT.’. e PP.’. o Maçom deve ser reconhecido pelos atos e posturas dentro da sociedade e no meio onde vive, traduzindo de maneira diuturna os nosso aprendizado e a filosofia dos postulados da Arte Real. Sentimos que temos que desempenhar um papel mais complexo na sociedade e dar uma contribuição positiva para que ela se torne superior.
 Ser Maçom implica em alguma renúncias, mas a compensação que advém deste estado de espírito especial é muito agradável. Sentimo-nos como se fôssemos os autores da novela e não apenas os personagens passivos, criados pelos mesmos. Temos uma participação presente e atuante, embora que, aparentemente o Maçom apresente-se um tanto reservado. Já se disse que nos colocamos muito mais em evidência, quando nos mantemos como observadores e damos a colaboração somente quando é solicitada pelos outros, do que aqueles que procuram apresentar-se como os donos da festa.
 Considerem sobretudo, que encontramos muitas pessoas evoluídas e que podem ser consideradas possuídas de elevado espírito Maçom. Têm uma expressiva vivência das coisas do mundo e utilizam grande sabedoria em suas decisões, mesmo se nunca se tornaram Maçons.
 Nós estamos Maçom ao entrarmos na Ordem e Somos Maçom quando o espírito dela entrar em nós. A diferença é muito grande, mas facilmente perceptível.
 Irmãos unam-nos na trilha que leva ao Templo ideal e tomemos o cuidado para não Estarmos Maçons, para não trilharmos a Maçonaria simplesmente cumprindo Rituais, envergando a mera condição de um “Profano de Avental”.

 Desejo que todos avaliem como é bom!    

   Ser ou Estar Maçom!

Denilson Forato, M.'.I.'.
 

A INDUMENTÁRIA MAÇÔNICA





Basicamente, a uniformização da indumentária visa a harmonização do ambiente e das pessoas, gerando um clima psicológico favorável à integração e ao controle. As diversas organizações uniformizam as pessoas na busca da disciplina, do controle e da integração. É o caso das Forças Armadas, dos Estudantes, das Polícias Militares, das grandes corporações de operários, etc.

No caso da Maçonaria, a uniformização tem os mesmos benefícios já citados, além de naturalmente, os aspectos que se somam e que dizem respeito ao uso da cor preta. Na prática dos trabalhos em nossos Templos, buscamos dentre outras coisas, esotericamente, captar energias cósmicas ou fluidos positivos ou forças astrais superiores para nosso fortalecimento espiritual. Da física temos o conceito de que o preto não é cor, mas sim um estado de ausência de cores. As superfícies pretas são as mais absorventes de energias de qualquer natureza.

Então, a indumentária preta nos tornará um receptor mais receptivo e mais que isso, nos tornará também um acumulador, uma espécie de condensador deste tipo de energia. Por outro lado, a couraça formada pela nossa roupa preta, faz com que as eventuais energias negativas que eventualmente possam entrar no Templo conosco, não sejam transmitidas aos nossos Irmãos. Por isso o Maçom veste-se de roupas pretas para participar dos trabalhos em Loja.

A indumentária recomendada para as Sessões Magnas é o terno preto, com camisa branca e gravata preta ou branca. Para as Sessões Econômicas, admite-se o uso do Balandrau, que deve ser comprido e preto, complementado pelo uso obrigatório de calças, meias e sapatos pretos.

A comodidade que oferece ao usuário fez com que o Balandrau se difundisse rapidamente, mas é preciso salientar, ele deve ser comprido e ficar a um palmo do chão, pois é uma veste talar, ou seja, que vai até ao calcanhar. Desta forma, também não são indumentárias maçônicas as "mini-saias" que alguns Irmãos usam como se fosse um Balandrau.

Importante observar que, tanto do ponto de vista lingüístico como do ponto de vista maçônico, preto e escuro não são sinônimos, conforme muitos querem. E, em assim sendo, toda indumentária que não seja preta, embora escura, não é maçônicamente adequada.

Alguns autores são de opinião de que o rigor do traje preto deve ser exigência para as Sessões Magnas, podendo ser livre quanto à cor nas Sessões Econômicas, mas mesmo assim todos são unânimes de que é indispensável o uso do paletó e da gravata.

Cabe ao Venerável Mestre decidir, dentro dos princípios do bom senso e da tolerância em torno das exceções, caso algum Irmão visitante em viagem ou mesmo de algum Irmão do quadro, que por alguma razão plenamente justificável, se apresentar ao trabalho com roupa de uma outra cor.

Ir.'. Denilson Forato - M.'.I.'.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

PORQUE OS TRABALHOS INICIAM-SE AO MEIO DIA E ENCERRAM-SE A MEIA NOITE?



 Meus Irmãos vamos a algumas explicações do ritual:

AO MEIO DIA, é o momento em que o Sol passa por um meridiano diametralmente oposto a meia-noite. Simbolicamente a hora em que os Aprendizes, Companheiros e Mestres e em muitos outros graus maçônicos iniciam seus trabalhos, encerrando-os a MEIA NOITE, momento em que o Sol passa por outro meridiano diametralmente oposto ao meio-dia.
Os trabalhos em Loja sempre são iniciados ao MEIO-DIA, porque esta hora faz alusão ao período da vida em que o homem estaria capacitado a trabalhar pelo semelhante, Antes do MEIO-DIA o homem vive a fase de aprendizado sobre os mistérios da existência. Ao MEIO-DIA começa o seu trabalho. A morte, o fim, o encerramento dos trabalhos chega com as doze badaladas da noite.

O horário dos trabalhos está inteiramente ligado a trajetória do Sol, os ensinamentos maçônicos trazem a herança dos primórdios da civilização, preservando a tradição longínqua da evolução do espírito humano.

A maioria de nós, ao adentrar na Ordem, ao mesmo tempo em que sentimos um profundo respeito e admiração pelos trabalhos Maçônicos, também ficamos surpresos e embaraçados pela forma com que a Maçonaria apresenta seus ensinamentos. A começar pela recepção do candidato à iniciação, depois, nos próprios trabalhos no Templo Maçônico, tudo parece estar encerrado em pesados véus de simbologia a desvendar. O próprio ritual traduz pormenores e alegorias que, para os menos atenciosos, não passam de palavras estranhas, a representar algo não muito definido para seu entendimento.

Tecemos aqui alguns comentários que poderão ser úteis no entendimento do sistema de trabalho ritualístico Maçônico e o porque de iniciarem os trabalhos ao MEIO-DIA e encerrarem a MEIA-NOITE.

Como sabemos, a Maçonaria remonta a idades sem conta, e traz em seus ensinamentos a herança dos primórdios da civilização humana. O homem primitivo vivia e convivia em meio à Natureza, e dela participava e sofria as adversidades de suas intempéries. Fácil é de se concluir que seus sentimentos e pensamentos achavam-se diretamente relacionados com os fenômenos da Natureza.

Da Natureza dependia sua sobrevivência, quer fosse das plantações como das criações, e, paulatinamente, percebeu quão importante seria poder conhecer seus mistérios, pois poderia melhor aproveitar de seus benefícios e evitar suas adversidades. Assim, ao mesmo tempo que surgiram sentimentos de grande respeito e adoração aos Espíritos que comandavam a Natureza e os elementos que influenciavam sua vida, surgiram também indagações e conseqüentemente observações dos fenômenos da Natureza. Esforços foram despendidos para minimizar-se os efeitos adversos.

Dentre os diversos elementos da Natureza que o rodeava, um sem dúvida alguma, era o maior responsável pelas mutações naturais: o Sol. O Sol marcava sensivelmente sua vida, já por ser o responsável pelos ciclos dos dias e das noites, da luz e das trevas, mas também pelo ciclo das estações que afetavam suas culturas de sobrevivência. Com isto, seria de grande valia e importância que o homem soubesse quando os ciclos iriam ocorrer, para poder rogar aos Espíritos da Natureza, proteção e a fartura de suas culturas nos ciclos que se descortinassem.

Diversos cultos surgiram em adoração ao Sol e a seus ciclos, decorrentes da observação do levantar e do por do Sol, bem como de suas posições de apogeu diário. Surgiram monumentais construções astronômicas na antiguidade para melhor compreensão dos mistérios celestes, como Stonehenge, a grande pirâmide de Gizeh, Chitzen Itza, Machu Pichu e outros. Os antigos tinham a Natureza como se fosse um grande templo, onde habitava o Grande Regente, o Grande Espírito Diretor, que castigava ou premiava seus vassalos de acordo com seus méritos.

Com a evolução da arte da construção, os homens passaram a representar a Natureza e seus fenômenos em sua arquitetura e em seus ritos. As construções sagradas sempre procuraram exaltar e representar a Natureza com suas leis e princípios. Através da Geometria Sagrada, os construtores iniciados da antiguidade, procuravam em sua obras manter a harmonia e a beleza que existe na Natureza, resultado da obra do Grande Arquiteto do Universo. Esses construtores constituíram um grupo especial dentro da sociedade comum, pois detinham os grandes conhecimentos das leis naturais e sabiam como aplicá-las em suas obras.

Sob o arquétipo dessa classe de sábios iluminados é que a Maçonaria fundamentou sua doutrina, através da alegoria da construção do templo de Jerusalém, idealizado por David e executado por seu filho Salomão, com a cooperação dos artífices fenícios, donde apareceram as figuras de Hiram, Rei de Tiro, e do arquiteto Hiram Abiff. Como conseqüência imediata, todos esses elementos vieram a ser agrupados na Maçonaria Especulativa, para simbolizar o grande trabalho que o Maçom, como construtor de si mesmo, deve realizar.

Vemos que a Maçonaria é uma das ordens rituais que preservou esta tradição da longínqua e trabalhosa evolução do espírito humano, desde seu primórdio na Terra.
O Templo Maçônico é a representação da Natureza, e seus rituais estão repletos de simbologia pagã dos fenômenos da Natureza. A orientação do Templo se faz de acordo com os pontos cardeais, e em referência com o Nascer, Zênite e por do Sol. Os oficiais dirigentes de uma Loja são denominados Luzes, como verdadeiros representantes do Sol em seus diferentes pontos na evolução diária. Estão colocados nos pontos cardeais correspondentes ao nascer, no Oriente ou Leste; no o acaso, no Ocidente ou Oeste; e no seu apogeu ou zênite, no Sul.

Cabe aqui uma explicação. Como a Maçonaria originalmente se desenvolveu no hemisfério Norte do Planeta, o Sol em sua caminhada diária pelo céu, levanta-se no leste, passando pelo Sul, de quem se acha no hemisfério Norte, para ir se por no oeste. Por esta razão que o Norte é considerado como região das trevas ou menos iluminada no Templo.
Astronomicamente, a região menos iluminada para nós, que estamos no hemisfério Austral, é o Sul. A maçonaria no hemisfério Sul conserva o simbolismo como no hemisfério Norte, uma vez que de lá herdamos suas tradições.

Os antigos observaram também que o Sol não nascia todos os dias, durante o ano, no mesmo lugar. No transcorrer do ano nascia em posições diferente, como que num bailado ou serpenteado em torno de um ponto central. Marcaram com colunas de pedras os pontos de maior afastamento que o Sol alcançava de um lado e de outro, resultando imediatamente o ponto centro do bailado do nascer do orbe solar. Através destas colunas, podia o observador verificar as estações do ano e os pontos de solstícios e equinócios e, assim poder rogar aos deuses do periodo a proteção ás suas famílias e criações, chegando-se aos 12 signos zodiacais, os quais tem influencia direta em nossa vida terrena, agindo diretamente em nosso espirito, e inteiramente ligado a Noite, Lua, Emoção, enquanto que o Dia, Sol, razão, esta inteiramente ligado as 04 estações do ano, (primavera, verão, outono e inverno) indicadores dos diversos ciclos que ocorrem durante os 12 meses do ano.

A tradição dessas duas colunas está também em nossos Templos, nas colunas “B” e “J”, que representam os pontos solsticiais. Por entre elas passam todos aqueles que, ansiosos pela Luz ou conhecimento solar, procuram, no espelho da natureza templária, idendificar-se com os mais altos princípios do Universo.

Os trabalhos Maçônicos começam ao MEIO-DIA e terminam à MEIA-NOITE, sendo mais uma alusão ao princípio da Luz e Trevas que está sob a influência solar. Há uma antiga tradição que nos fala que Zoroastro utilizava este sistema de trabalho em sua escola, começando ao MEIO-DIA e, terminando à MEIA-NOITE. Convém lembrar que Zoroastro, ou o Zero Astro é o mesmo Sol, que tem seu fulgor máximo ao MEIO-DIA e sua decrepitude máxima a MEIA-NOITE.

Os antigos consideravam o período do MEIO-DIA à MEIA-NOITE propício as coisas do Espírito, enquanto que da MEIA-NOITE ao MEIO-DIA, propício para as coisas da matéria. Isto porque da MEIA-NOITE ao MEIO-DIA cresce a influência objetiva do Sol, enquanto que do MEIO-DIA à MEIA-NOITE cresce a influência subjetiva do Sol, propiciando assim os estudos espirituais.

Aproveito ainda esta oportunidade para discorrer um pouco mais sobre nosso Astro Rei “O SOL”, para que assim eu possa melhor abrilhantar meu trabalho.
O Sol está representado em nosso Templo e rituais sob muitas forma e maneiras, cada qual referindo-se a um de seus aspectos. Temos o Sol no altar do Venerável Mestre, como no teto da Loja, como está implicitamente representado na circulação do Mestre de Cerimônias em Loja. No altar do Venerável Mestre, acha-se o Sol acompanhado de sua parceira a Lua. Neste assunto existem muitas controvérsias sobre qual a posição correta de cada um dos luminares em relação ao trono.

O Templo representa o Universo e também a própria figura humana. Como os dois luminares são representantes fidedignos da polaridade lateral dos hemisférios, tanto terrestre e celeste como do próprio homem, e, tendo ainda por princípio que o Sol representa a Razão enquanto a Lua a Emoção, notamos que na maioria dos Templos as posições dos dois luminares obrigam a que, o homem representado pelo Templo, esteja de bruços, posição negativa, ao invés de decúbito dorsal que é uma posição positiva. Por outro lado, a posição do Sol no lado do Sul está em correspondência com o simbolismo dos hemisférios, já descritos. De qualquer maneira, o importante é notar que o Sol, nesta posição, faz equilibrio com a Lua na divisão dos hemisférios da Loja, e representam os princípios da polaridade universal.

O Sol, no teto da Loja, acha-se no Oriente, e está representando no cenário do sistema celeste do plano horizontal do teto, o Rei da Evolução e comandante do nosso sistema. Geralmente está acima do Altar dos perfumes como a indicar que é ele que diariamente vem perfumar a natureza com seus fulgurantes raios. Representa também o poder de iluminar da sabedoria do Venerável Mestre, que comanda a luminosidade da Lua que está acima do 1ºvigilante e da Estrela Flamejante do 2º vigilante.

A Circulação do Mestre de Cerimônias em Loja, está a representar a translação aparente do Sol em relação à Terra, representando portanto o Mestre de Cerimônias, o próprio Sol nesses momentos, enquanto os demais obreiros possuem sua representação planetária própria.
Como vemos, inúmeros são os exemplos que constam em nossos rituais sobre a tradição simbólica pagã na Natureza, e por demais extenso seria aqui relatar todos.

Aproveitando ainda o tempo de apresentação do meu trabalho, farei breve relato quanto as organizações operativas medievais, que avultava a dos canteiros, que trabalhavam em cantaria, esquadrejando a pedra bruta, para transformá-la em pedra cúbica, ou em paralelepípedo, já que esses são os únicos sólidos geométricos que se encaixam, perfeitamente, nas construções.

Os bons canteiros, eram disputados e, além de bem pagos, tinham prestígios social, o que fazia com que houvesse, entre as organizações, uma rivalidade, que levava até à sabotagem, para prejudicar possíveis concorrentes.

Entre os atos de sabotagem do trabalho, estava o leve desbastamento de pedras já prontas, invisível, praticamente, a olho nu, mas que, no momento do uso, na construção, iria mostrar o defeito, prejudicando a imagem dos canteiros responsáveis. Por isso, ao terminar o serviço, ao cair da noite, o proprietário da obra, ou seu preposto, o master (mestre-de-obras), solicitava, aos Wardens (zeladores ou vigilantes), que verificassem a exatidão do trabalho. Um deles, então, verificava a verticalidade da pedra, com o prumo, e o outro verificava a sua horizontalidade com o nível; comprovada a exatidão das medidas, comunicavam que “TUDO ESTÁ JUSTO E PERFEITO”.

Mesmo procedimento era repetido na manha seguinte, para se precaver de possível sabotagem realizada à noite, o proprietário ou o master, mandava os zeladores, ou vigilantes, reperitem o procedimento; e após cumprirem o seu dever, caso a obra continuasse perfeita, comunicavam, novamente, que “TUDO ESTA JUSTO E PERFEITO”.

O master é, hoje, o Venerável Mestre, que ordena aos Vigilantes, a verificação a exatidão, da regularidade e da perfeição dos trabalhos, através do envio da P.'.S.'., recebendo, então, a comunicação de que “TUDO ESTÁ JUSTO E PERFEITO”. E isso é feito no começo e no fim dos trabalhos, como entre os canteiro medievais.

A Maçonaria exalta na sua ritualística não somente a grandiosidade da Natureza e seus elementos, como também representa e guarda os segredos do passado, a exemplo das precauções tomadas nos canteiros de obras, e, mister se faz, que o obreiro se tome consciência desses princípios, para que trabalhe em harmonia com a Natureza Universal, alcançar a Sabedoria, a Força e a Beleza de sua natureza interior. Dessa forma notamos que na Maçonaria fundem-se a tradição pagã com a Arte Construtora Sagrada e a tradição hebraica, aliado a lenda do construtor na figura de Hiram. Assim, nossa ritualística, toma um caráter judaico-hiramítico-pagão.

Deve o Maçom especulativo, iluminado pelas leis judaicas expressas no Livro da Lei, sob o modelo da alegoria do Construtor Sagrado e auxiliado pelos conhecimentos pagãos da antiguidade, erguer o Templo Interno de sua personalidade, a fim de abrigar a individualidade Superior para a Glória do Grande Arquiteto do Universo.