
Meus Irmãos vamos a algumas explicações do ritual:
AO MEIO DIA, é o momento em que o Sol passa por um meridiano diametralmente oposto a meia-noite. Simbolicamente a hora em que os Aprendizes, Companheiros e Mestres e em muitos outros graus maçônicos iniciam seus trabalhos, encerrando-os a MEIA NOITE, momento em que o Sol passa por outro meridiano diametralmente oposto ao meio-dia.
Os trabalhos em Loja sempre são iniciados ao MEIO-DIA, porque esta hora faz alusão ao período da vida em que o homem estaria capacitado a trabalhar pelo semelhante, Antes do MEIO-DIA o homem vive a fase de aprendizado sobre os mistérios da existência. Ao MEIO-DIA começa o seu trabalho. A morte, o fim, o encerramento dos trabalhos chega com as doze badaladas da noite.
O horário dos trabalhos está inteiramente ligado a trajetória do Sol, os ensinamentos maçônicos trazem a herança dos primórdios da civilização, preservando a tradição longínqua da evolução do espírito humano.
A maioria de nós, ao adentrar na Ordem, ao mesmo tempo em que sentimos um profundo respeito e admiração pelos trabalhos Maçônicos, também ficamos surpresos e embaraçados pela forma com que a Maçonaria apresenta seus ensinamentos. A começar pela recepção do candidato à iniciação, depois, nos próprios trabalhos no Templo Maçônico, tudo parece estar encerrado em pesados véus de simbologia a desvendar. O próprio ritual traduz pormenores e alegorias que, para os menos atenciosos, não passam de palavras estranhas, a representar algo não muito definido para seu entendimento.
Tecemos aqui alguns comentários que poderão ser úteis no entendimento do sistema de trabalho ritualístico Maçônico e o porque de iniciarem os trabalhos ao MEIO-DIA e encerrarem a MEIA-NOITE.
Como sabemos, a Maçonaria remonta a idades sem conta, e traz em seus ensinamentos a herança dos primórdios da civilização humana. O homem primitivo vivia e convivia em meio à Natureza, e dela participava e sofria as adversidades de suas intempéries. Fácil é de se concluir que seus sentimentos e pensamentos achavam-se diretamente relacionados com os fenômenos da Natureza.
Da Natureza dependia sua sobrevivência, quer fosse das plantações como das criações, e, paulatinamente, percebeu quão importante seria poder conhecer seus mistérios, pois poderia melhor aproveitar de seus benefícios e evitar suas adversidades. Assim, ao mesmo tempo que surgiram sentimentos de grande respeito e adoração aos Espíritos que comandavam a Natureza e os elementos que influenciavam sua vida, surgiram também indagações e conseqüentemente observações dos fenômenos da Natureza. Esforços foram despendidos para minimizar-se os efeitos adversos.
Dentre os diversos elementos da Natureza que o rodeava, um sem dúvida alguma, era o maior responsável pelas mutações naturais: o Sol. O Sol marcava sensivelmente sua vida, já por ser o responsável pelos ciclos dos dias e das noites, da luz e das trevas, mas também pelo ciclo das estações que afetavam suas culturas de sobrevivência. Com isto, seria de grande valia e importância que o homem soubesse quando os ciclos iriam ocorrer, para poder rogar aos Espíritos da Natureza, proteção e a fartura de suas culturas nos ciclos que se descortinassem.
Diversos cultos surgiram em adoração ao Sol e a seus ciclos, decorrentes da observação do levantar e do por do Sol, bem como de suas posições de apogeu diário. Surgiram monumentais construções astronômicas na antiguidade para melhor compreensão dos mistérios celestes, como Stonehenge, a grande pirâmide de Gizeh, Chitzen Itza, Machu Pichu e outros. Os antigos tinham a Natureza como se fosse um grande templo, onde habitava o Grande Regente, o Grande Espírito Diretor, que castigava ou premiava seus vassalos de acordo com seus méritos.
Com a evolução da arte da construção, os homens passaram a representar a Natureza e seus fenômenos em sua arquitetura e em seus ritos. As construções sagradas sempre procuraram exaltar e representar a Natureza com suas leis e princípios. Através da Geometria Sagrada, os construtores iniciados da antiguidade, procuravam em sua obras manter a harmonia e a beleza que existe na Natureza, resultado da obra do Grande Arquiteto do Universo. Esses construtores constituíram um grupo especial dentro da sociedade comum, pois detinham os grandes conhecimentos das leis naturais e sabiam como aplicá-las em suas obras.
Sob o arquétipo dessa classe de sábios iluminados é que a Maçonaria fundamentou sua doutrina, através da alegoria da construção do templo de Jerusalém, idealizado por David e executado por seu filho Salomão, com a cooperação dos artífices fenícios, donde apareceram as figuras de Hiram, Rei de Tiro, e do arquiteto Hiram Abiff. Como conseqüência imediata, todos esses elementos vieram a ser agrupados na Maçonaria Especulativa, para simbolizar o grande trabalho que o Maçom, como construtor de si mesmo, deve realizar.
Vemos que a Maçonaria é uma das ordens rituais que preservou esta tradição da longínqua e trabalhosa evolução do espírito humano, desde seu primórdio na Terra.
O Templo Maçônico é a representação da Natureza, e seus rituais estão repletos de simbologia pagã dos fenômenos da Natureza. A orientação do Templo se faz de acordo com os pontos cardeais, e em referência com o Nascer, Zênite e por do Sol. Os oficiais dirigentes de uma Loja são denominados Luzes, como verdadeiros representantes do Sol em seus diferentes pontos na evolução diária. Estão colocados nos pontos cardeais correspondentes ao nascer, no Oriente ou Leste; no o acaso, no Ocidente ou Oeste; e no seu apogeu ou zênite, no Sul.
Cabe aqui uma explicação. Como a Maçonaria originalmente se desenvolveu no hemisfério Norte do Planeta, o Sol em sua caminhada diária pelo céu, levanta-se no leste, passando pelo Sul, de quem se acha no hemisfério Norte, para ir se por no oeste. Por esta razão que o Norte é considerado como região das trevas ou menos iluminada no Templo.
Astronomicamente, a região menos iluminada para nós, que estamos no hemisfério Austral, é o Sul. A maçonaria no hemisfério Sul conserva o simbolismo como no hemisfério Norte, uma vez que de lá herdamos suas tradições.
Os antigos observaram também que o Sol não nascia todos os dias, durante o ano, no mesmo lugar. No transcorrer do ano nascia em posições diferente, como que num bailado ou serpenteado em torno de um ponto central. Marcaram com colunas de pedras os pontos de maior afastamento que o Sol alcançava de um lado e de outro, resultando imediatamente o ponto centro do bailado do nascer do orbe solar. Através destas colunas, podia o observador verificar as estações do ano e os pontos de solstícios e equinócios e, assim poder rogar aos deuses do periodo a proteção ás suas famílias e criações, chegando-se aos 12 signos zodiacais, os quais tem influencia direta em nossa vida terrena, agindo diretamente em nosso espirito, e inteiramente ligado a Noite, Lua, Emoção, enquanto que o Dia, Sol, razão, esta inteiramente ligado as 04 estações do ano, (primavera, verão, outono e inverno) indicadores dos diversos ciclos que ocorrem durante os 12 meses do ano.
A tradição dessas duas colunas está também em nossos Templos, nas colunas “B” e “J”, que representam os pontos solsticiais. Por entre elas passam todos aqueles que, ansiosos pela Luz ou conhecimento solar, procuram, no espelho da natureza templária, idendificar-se com os mais altos princípios do Universo.
Os trabalhos Maçônicos começam ao MEIO-DIA e terminam à MEIA-NOITE, sendo mais uma alusão ao princípio da Luz e Trevas que está sob a influência solar. Há uma antiga tradição que nos fala que Zoroastro utilizava este sistema de trabalho em sua escola, começando ao MEIO-DIA e, terminando à MEIA-NOITE. Convém lembrar que Zoroastro, ou o Zero Astro é o mesmo Sol, que tem seu fulgor máximo ao MEIO-DIA e sua decrepitude máxima a MEIA-NOITE.
Os antigos consideravam o período do MEIO-DIA à MEIA-NOITE propício as coisas do Espírito, enquanto que da MEIA-NOITE ao MEIO-DIA, propício para as coisas da matéria. Isto porque da MEIA-NOITE ao MEIO-DIA cresce a influência objetiva do Sol, enquanto que do MEIO-DIA à MEIA-NOITE cresce a influência subjetiva do Sol, propiciando assim os estudos espirituais.
Aproveito ainda esta oportunidade para discorrer um pouco mais sobre nosso Astro Rei “O SOL”, para que assim eu possa melhor abrilhantar meu trabalho.
O Sol está representado em nosso Templo e rituais sob muitas forma e maneiras, cada qual referindo-se a um de seus aspectos. Temos o Sol no altar do Venerável Mestre, como no teto da Loja, como está implicitamente representado na circulação do Mestre de Cerimônias em Loja. No altar do Venerável Mestre, acha-se o Sol acompanhado de sua parceira a Lua. Neste assunto existem muitas controvérsias sobre qual a posição correta de cada um dos luminares em relação ao trono.
O Templo representa o Universo e também a própria figura humana. Como os dois luminares são representantes fidedignos da polaridade lateral dos hemisférios, tanto terrestre e celeste como do próprio homem, e, tendo ainda por princípio que o Sol representa a Razão enquanto a Lua a Emoção, notamos que na maioria dos Templos as posições dos dois luminares obrigam a que, o homem representado pelo Templo, esteja de bruços, posição negativa, ao invés de decúbito dorsal que é uma posição positiva. Por outro lado, a posição do Sol no lado do Sul está em correspondência com o simbolismo dos hemisférios, já descritos. De qualquer maneira, o importante é notar que o Sol, nesta posição, faz equilibrio com a Lua na divisão dos hemisférios da Loja, e representam os princípios da polaridade universal.
O Sol, no teto da Loja, acha-se no Oriente, e está representando no cenário do sistema celeste do plano horizontal do teto, o Rei da Evolução e comandante do nosso sistema. Geralmente está acima do Altar dos perfumes como a indicar que é ele que diariamente vem perfumar a natureza com seus fulgurantes raios. Representa também o poder de iluminar da sabedoria do Venerável Mestre, que comanda a luminosidade da Lua que está acima do 1ºvigilante e da Estrela Flamejante do 2º vigilante.
A Circulação do Mestre de Cerimônias em Loja, está a representar a translação aparente do Sol em relação à Terra, representando portanto o Mestre de Cerimônias, o próprio Sol nesses momentos, enquanto os demais obreiros possuem sua representação planetária própria.
Como vemos, inúmeros são os exemplos que constam em nossos rituais sobre a tradição simbólica pagã na Natureza, e por demais extenso seria aqui relatar todos.
Aproveitando ainda o tempo de apresentação do meu trabalho, farei breve relato quanto as organizações operativas medievais, que avultava a dos canteiros, que trabalhavam em cantaria, esquadrejando a pedra bruta, para transformá-la em pedra cúbica, ou em paralelepípedo, já que esses são os únicos sólidos geométricos que se encaixam, perfeitamente, nas construções.
Os bons canteiros, eram disputados e, além de bem pagos, tinham prestígios social, o que fazia com que houvesse, entre as organizações, uma rivalidade, que levava até à sabotagem, para prejudicar possíveis concorrentes.
Entre os atos de sabotagem do trabalho, estava o leve desbastamento de pedras já prontas, invisível, praticamente, a olho nu, mas que, no momento do uso, na construção, iria mostrar o defeito, prejudicando a imagem dos canteiros responsáveis. Por isso, ao terminar o serviço, ao cair da noite, o proprietário da obra, ou seu preposto, o master (mestre-de-obras), solicitava, aos Wardens (zeladores ou vigilantes), que verificassem a exatidão do trabalho. Um deles, então, verificava a verticalidade da pedra, com o prumo, e o outro verificava a sua horizontalidade com o nível; comprovada a exatidão das medidas, comunicavam que “TUDO ESTÁ JUSTO E PERFEITO”.
Mesmo procedimento era repetido na manha seguinte, para se precaver de possível sabotagem realizada à noite, o proprietário ou o master, mandava os zeladores, ou vigilantes, reperitem o procedimento; e após cumprirem o seu dever, caso a obra continuasse perfeita, comunicavam, novamente, que “TUDO ESTA JUSTO E PERFEITO”.
O master é, hoje, o Venerável Mestre, que ordena aos Vigilantes, a verificação a exatidão, da regularidade e da perfeição dos trabalhos, através do envio da P.'.S.'., recebendo, então, a comunicação de que “TUDO ESTÁ JUSTO E PERFEITO”. E isso é feito no começo e no fim dos trabalhos, como entre os canteiro medievais.
A Maçonaria exalta na sua ritualística não somente a grandiosidade da Natureza e seus elementos, como também representa e guarda os segredos do passado, a exemplo das precauções tomadas nos canteiros de obras, e, mister se faz, que o obreiro se tome consciência desses princípios, para que trabalhe em harmonia com a Natureza Universal, alcançar a Sabedoria, a Força e a Beleza de sua natureza interior. Dessa forma notamos que na Maçonaria fundem-se a tradição pagã com a Arte Construtora Sagrada e a tradição hebraica, aliado a lenda do construtor na figura de Hiram. Assim, nossa ritualística, toma um caráter judaico-hiramítico-pagão.
Deve o Maçom especulativo, iluminado pelas leis judaicas expressas no Livro da Lei, sob o modelo da alegoria do Construtor Sagrado e auxiliado pelos conhecimentos pagãos da antiguidade, erguer o Templo Interno de sua personalidade, a fim de abrigar a individualidade Superior para a Glória do Grande Arquiteto do Universo.
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