quarta-feira, 15 de julho de 2015

Maçonaria na Revolução de 1932.



Poucos têm conhecimento da importância da Maçonaria na Revolução de 1932.
Em apertada síntese, reproduzirei e comentarei um pouco da história Maçônica pelos idos de 32.
No ano de 1932 o Brasil vivia sob o regime implantado pelo golpe de 1930, e os Paulistas, sobretudo os dirigentes do PRP – Partido Republicano Paulista, não se conformavam com o resultado da Revolução de 1930.


Com efeito, a nomeação de um não paulista o pernambucano [João Alberto] como interventor de São Paulo, foi a gota d’água para o desencadeamento de uma grande propaganda contra o governo federal. Os paulistas clamavam pela promulgação de nova constituição.
A onda de agitação e descontentamento prosseguiu e, mesmo diante da promessa de eleições, nova Constituição e a nomeação de interventor paulista para São Paulo, o Estado se levanta contra a Revolução de 30.


Poucos sabem, mas a Maçonaria participou ativamente da Revolução de 1.932, como outrora, já havia atuado nos destinos de nossa nação, e sempre discretamente deixando sua marca. Segundo consta, já a partir do início de 1931, da pena do advogado, jornalista e tribuno Ibrahim Nobre, maçom da Loja Fraternidade de Santos, saiam críticas mordazes contra o golpe e a situação social, que eram publicadas no jornal paulista “A Gazeta”.


O início de 1932, o pensamento da população de São Paulo consistia no desejo de ter um interventor federal que não fosse militar e que fosse de São Paulo.
Ouvindo o clamor dos paulistas, no dia 3 de março o ditador nomeava, para o cargo, o embaixador Pedro de Toledo, Maçom, ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Estadual de São Paulo (1908-1914), o qual assumiria no dia 7. Essa indicação, todavia, não serviu para aliviar o mal estar e a tensão reinantes em diversos pontos do país, começando, dessa maneira, a fermentar a revolta.
As reuniões preparatórias do movimento foram levadas a efeito na sede do jornal “O Estado de S. Paulo”, pelos maçons Américo de Campos, Francisco Rangel Pestana, Manoel Ferraz de Campos Salles, e José Maria Lisboa.


Nessa época, o jornal já era dirigido pelo Maçom Júlio de Mesquita Filho (Loja Maçônica União Paulista), que era um dos principais líderes do movimento.
A revolta eclodiu no dia 23 de Maio 1932, quando durante uma manifestação na Praça da República, alguns jovens – MARTINS, MIRAGAIA, DRÁUSIO e CAMARGO, cujos nomes deram origem ao M.M.D.C. foram mortos pela polícia política da ditadura. O Estado de São Paulo já possuía um governante civil e paulista, de modo que a grande reivindicação foi mesmo a promulgação da nova constituição. No dia 9 de julho, um sábado, a revolta constitucionalista estava nas ruas saindo do palácio Campos Elíseos e marchando à Estação da Luz e Sorocabana rumo ao interior.
Assim é que, o movimento eclodiu às 11h40min. Do dia 9 de julho, sob o comando de Euclides Figueiredo, com a tomada do Quartel General da 2ª Região Militar. No mesmo dia, às 23h15 min., as sociedades de rádio eram tomadas por civis. No dia 10, o interventor Pedro de Toledo (Maçom) era aclamado, pelo povo, pelo Exército e pela Força Pública, como governador de S. Paulo!!!


No dia 14 de julho, o Grão-Mestre estadual de S. Paulo, José Adriano Marrey Júnior (Maçom), convocou uma reunião dos Presidentes das Lojas Maçônicas da Capital. Nessa reunião, foi solicitado o apoio das Lojas à causa paulista, o auxílio às famílias dos maçons que tivessem seguido para as frentes de batalha, e a colaboração de todos os maçons que pudessem tomar parte, de alguma maneira, nessa luta por São Paulo.
Infelizmente, os Paulistas ficaram sós, pois não houve adesão de outros maçons dos demais estados. Deixado sozinho na luta pela Constituição e pelo Brasil, os combatentes de S. Paulo sem o esperado apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul e sem os recursos necessários, resistiram por apenas três meses.


É que, o bloqueio do porto de Santos e a grande concentração de forças federais, vindas de todos os Estados, venceram a resistência dos soldados paulistas, graças ao esgotamento de seus recursos.
Getúlio venceu a Revolução, mas mesmo assim o governo percebeu que era difícil governar sem as oligarquias paulistas. Para não perder o poder, Vargas convoca uma Constituinte visando a conciliar as diversas tendências.


Finalmente, em julho de 1934, foi promulgada a nova Constituição brasileira, pela qual lutara o Estado de São Paulo, apoiado unilateralmente  pela Maçonaria, de modo que acabou sendo alcançado o objetivo. Além disso, houve uma mudança de atitude e de conceitos, notadamente os cívicos e libertários, cujos reflexos se desdobraram no tempo, até os dias atuais, com a preservação do Estado Democrático de Direito.


O civismo, que foi a mola propulsora da Revolução de 32, no meu modo de ver, não se faz presente hoje em dia. É chegada a hora de repensar tudo isso, afinal de contas estamos todos “no mesmo barco” e amamos nossa Terra.


Finalmente, quero manifestar, publicamente, meu orgulho de ser Brasileiro, mas, sobretudo, de ser Paulista! Que esta singela peça de arquitetura se preste a homenagear os combatentes de 32 e os Maçons que lutaram, articularam e apoiaram a insurgência, cujos reflexos benéficos se projetaram e se projetarão no tempo.


Autor:  Ir.’. Denilson Forato – M.’.I.’.

Fonte: http://www.maconaria.net/portal/index.php/artigos/244-a-revolucao-constitucionalista-de-32-e-a-maconaria-paulista.html

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