quarta-feira, 6 de maio de 2020

O VISITANTE & O RITUAL


Apesar de ser um tema um pouco polêmico, e por isso é 
certo que alguns Irmãos discordarão do aqui exposto, 
sua abordagem é importante para a promoção da 
reflexão e do debate entre os Irmãos.
Existem três forças que, apesar de distintas, estão 
relacionadas: a regra legal, que é imposta; a regra 
social, que é respeitada; e a educação, maçonicamente
 chamada de “bons costumes”, que leva o cidadão a 
respeitar a regra social e a obedecer a regra legal.
No Japão há uma antiga tradição de tirar os sapatos
 para entrar em casa. Se você está no Japão e visita 
a casa de um japonês, é claro que você tira os sapatos. 
Não é por você não ser japonês que desrespeitaria 
tal regra social. Da mesma maneira, um japonês, 
ao visitar o Ocidente, não sai tirando os sapatos em 
todo lugar que entra, pois respeita as convenções sociais 
daqui.
Já na Inglaterra, as mãos do trânsito são invertidas: 
os carros trafegam pelo lado esquerdo da via, com o lado
 direito do carro voltado para o centro. Quando você vai
 para a Inglaterra, é evidente que você não teima e
 dirige como se estivesse no Brasil. Assim como um inglês
 no Brasil não dirige na contramão. Ele segue nossas regras
 legais.
Existem também instituições cujos regimentos exigem 
do homem o uso de terno e gravata. Poderia um
 pescador que nunca usou uma gravata exigir sua entrada 
de bermuda e chinelo? E um índio que ingressa nas
 Forças Armadas, está dispensado do uso de uniforme
 por conta de sua cultura?
Seja numa casa no Japão, numa rua de Londres, num
 Fórum de uma cidade, num quartel no meio da selva 
ou em qualquer outro lugar do mundo, as pessoas de bem
 respeitam as regras sociais e se sujeitam às regras legais
 do local onde estão. Na Maçonaria, fraternidade de cidadãos
 exemplares, todos homens livres e de bons costumes, 
isso não deve ser diferente.
Porém, muitas vezes assistimos simbologias e
 ritualísticas serem quebradas por visitantes crentes que
 devem seguir as regras de suas Lojas, e não da Loja 
que estão visitando. Uns não respeitam o modo de
 circulação do rito adotado pela Loja visitada, talvez
 com receio de estarem ferindo o que aprenderam
 em suas próprias Lojas.
Outros, Mestres Maçons, insistem em utilizar todos 
os paramentos e acessórios maçônicos de um Mestre
 ao visitarem uma Loja no grau de Aprendiz de outros ritos,
 porque assim é feito no seu rito. Esses últimos ignoram 
o fato de que na maioria dos ritos o uso do Chapéu
 numa Loja de Aprendiz é restrito ao Venerável
 Mestre, sendo representativo de sua autoridade e 
governo da Loja, simbolismo esse muito bem reforçado
 nas Instalações. Quando, nesses casos, visitantes utilizam
 chapéu, estão anulando a representatividade da autoridade
 do Venerável Mestre anfitrião e, de certa forma, ferindo o 
simbolismo do rito visitado.
As regras, simbolismo e ritualística de seu rito alcançam
 somente as reuniões dele. Ao visitar Lojas de outros
 ritos, respeite as regras sociais e siga as regras legais
 do mesmo. Não importa se na sua Loja o certo é 
assim ou assado. Os “bons costumes”, que todo maçom 
deve observar, ditam que, na casa dos outros,
 você tem que dançar conforme a música. 
Como muito bem ensina o ditado: “Quando em Roma,
 faça como os romanos”.

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