Alguém já disse que, em qualquer bloco de pedra esconde-se uma bela escultura, quem quiser vê-la deverá remover os excessos, as partes que a escondem. A pedra bruta é o bloco a que me referi no título. É uma massa disforme, compacta, dura que no seu interior esconde uma escultura maravilhosa, mas para isso precisa ser desbastada.
Preocupado pela importância que dou ao simbolismo, que é a base filosófica de nossa instituição. A instrução algo que considero da mais alta importância para nós maçons, o desbastar da pedra bruta é simplesmente a razão, o motivo da nossa iniciação, (muitos morrerão e não a desbastarão, eu mesmo tenho lascas enormes e afiadas ainda), é o conhecimento adquirido quando, em nossa iniciação, a partir do momento em fazemos nosso juramento e, que batemos por três vezes com o maço e cinzel sobre a pedra bruta, aos pés do 1º VIG. temos a obrigação de transformar uma pedra bruta em pedra polida. A compreensão, o entender consciente do significado daquele simbolismo é o que vai determinar no iniciando o estar maçom ou o ser maçom. O tentar é importante, o conseguir é com muito suor, lágrimas e sangue.
Quando um artista se propõe a fazer uma obra de arte ele parte de uma inspiração que o motiva a execução da obra. O motivo que o leva a idéia da obra pode ser o mais variado, desde a escuta de uma boa peça musical, a leitura de poema ou até mesmo um sonho. Criada a idéia o artista parte em busca do material no qual irá executar a obra. A escolha do bloco de pedra (o profano) para fazer a escultura irá facilitar ou dificultar seu trabalho. Se o bloco de pedra bruta tiver semelhas com sua idéia será mais fácil, exigira menor desbaste para chegar a forma final (maçom), mas seu ponto de partida será sempre a pedra bruta e a idéia.
Podemos comparar a escolha da pedra, para a escultura, com o trabalho do MM:. ao indicar um profano para ser iniciado. Assim como o artista procura uma pedra que esteja, na sua rusticidade, o mais próximo de sua idéia, o MM:. irá indicar para ser iniciado alguém que já tenha as condições mínimas para ser um maçom. Após a iniciação o aprendiz passará a ser o artesão que iniciará sua auto-escultura, irá desbastar a si próprio. Trabalho esse que será realizado com o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas e, como artesãos exigentes, todos nós iniciamos um trabalho mas nunca damos por concluído.
Estamos constantemente descobrindo pequenas arestas que nos levam a novos desbastes. Quanto mais exigente for o artesão melhor ficará a escultura.
Disse o sábio: “cada homem deve fazer um esforço para acomodar-se com os outros.”
Os instrumentos recebidos pelo aprendiz maçom, o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas, tem um grande significado simbólico e é com eles que o aprendiz irá fazer o seu trabalho de desbaste da pedra bruta.
O maço representa a força necessária para executar qualquer trabalho, força é energia, sem energia o mundo não existiria. Sem energia nada existe. A teoria mais aceita da origem do universo, o big-bang, teria sido uma enorme explosão energética. Para vivermos nosso corpo necessita também de energia que adquirimos pela oxidação em nossas células. Mas a força que precisamos para nossa auto-escultura é a força de vontade, é a coragem para admitir que existem coisas em nós que precisam ser mudadas. Ver defeito nos outros é fácil, mas admiti-los em nós é bem mais difícil.
O cinzel é o instrumento de corte usado para remover, com o auxilio, do maço as lascas de pedra. O trabalho do cinzel depende da força, nele aplicada, pelo maço. O cinzel deve ser para nós a capacidade de enxergar aquilo que precisamos mudar, deve ser a nossa autocrítica que apoiada pela força de vontade que fará com que consigamos o desbaste necessário de nossa pedra bruta.
A régua de 24 polegadas, poderemos usá-la como um instrumento de comparação, já que é um instrumento de medida, servirá para comparar e aferir os desgastes necessários, evitando que os desbastes sejam exagerados ou muito limitados. Será nossa consciência aliada a um bom senso nos guiando na realização do trabalho. Este trabalho deverá ser consciente e racional, a emoção é importante para dar ao homem sensibilidade necessária para admirar o belo mas a razão deve frear suas impetuosidades e dominar as explosões emocionais.
Para complementar e auxiliar em nosso trabalho devemos também usar de alguns recursos que estão a nossa disposição e, são da maior importância. O principal deles é o cultivo da fraternidade, base fundamental de nossa instituição. Não esquecer de ter sempre em mente que a tolerância e a ética são indispensáveis para o convívio em grupo.
Pela minha vivência e experiência, e falo por mim, um Mestre já desgastado pelo tempo profano e maçônico, com várias andanças por muitas Lojas e aprendido as diferenças de Ritos e Rituais das diversas Potências e de alguns países visitados. Posso dizer com muita conclusão, os Maçons das capitais são diferentes dos Maçons dos interior, vivi e vivo isso; nas capitais há uma competição ignóbil por cargos e medalhas, no interior nem tanto (mas há também). Mas em compensação, há mais fraternidade, união e amizade. Nas capitais pude ver que os negócios estão na frente, já vi até Associações que quase levaram uma Loja a bater colunas por causa de conflitos.
Em resumo: Trabalhe na pedra bruta, apare as arestas, respeite as diferenças de pedra, use a ferramenta correta e bata na pedra com a pressão certa, use a fraternidade dos irmãos para se apoiar e se manter de pé, pois as coisas neste 3º milénio não estão boas, pois os selos do apocalipse estão sendo rompidos, muita coisa tem acontecido e vai acontecer. Temos que nos unir! Temos que nos amparar! Temos que ser fortes! Devemos parar com "bobeiras" que nada leva a nada! Parar com falso pudor! Maçonaria é alegria e felicidade! O resto é política!
Denilson Forato
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