Sinopse:
Considerações a respeito do livro A Chave de Hiram; implicações de
conhecimento e educação para o maçom; valor do culto e erudito para a
ordem maçônica.
A leitura do livro "A Chave de
Hiram" é visto como leitura prejudicial por pessoas que, em razão de
suas crenças, descartam a possibilidade aventada pelos autores de que
Jesus Cristo é parte de linhagem real diferente da vertida pela Bíblia
Judaico-cristã. Sem entrar no mérito da veracidade e seriedade das
pesquisas que culminaram na proposta das mudanças na história da
cristandade, os argumentos são válidos e consistentes como pensamentos
novos. Que cada pessoa, debaixo da luz de seu próprio discernimento e
crenças, com a visão de sua sã racionalidade e sensibilidade, mude sua
forma de pensar. Se isto destruir dogmas absurdos é bom sinal; liberdade
é objetivo central da Maçonaria. Significa progresso do pensamento e do
conhecimento, cauteriza as chagas do obscurantismo que tanto mal
promove ao longo da história. A educação e o conhecimento libertam!
Polir a pedra é tarefa de todo maçom.
Todos carecem de polidez,
virtude que marca a origem de outras virtudes. A polidez é
insignificante e ao mesmo tempo importante; sem ela todas as outras
virtudes seriam imperceptíveis. É na aparente insignificância da polidez
que reside sua importância. Não se trata de refinada educação,
tratamento impecável e boas maneiras, mas do acolhimento de novas ideias
e posturas, de mais cultura. É o que significa polir a pedra; é
polidez! O caminho da polidez é o ataque frontal, e com todas as forças
mentais e psicológicas disponíveis, ao estudo pessoal dentro da
capacidade individual e, com isto, progredir em conhecimento,
desenvolver em polidez. O maçom alcança seu objetivo quando discute algo
que muda seu modo de pensar. Debates fomentam o crescimento maçônico; é
o brunir da pedra até brilhar, ficar polida. Ingressa-se na ordem
maçônica para beneficiar-se de um sistema de incremento da polidez, para
se autoproduzir, e não apenas para ser membro do "sindicato". E que não
fique apenas em meia dúzia de autores! Que absorva bibliotecas inteiras
na tarefa de busca de polidez. Não se restrinja a temas exclusivamente
maçônicos. Seja eclético! É trabalho, estudo, diversão! E não fique
apenas nisso, coloque-se em uso prático o que se descobrir; dê exemplos;
as enciclopédias estão repletas de conhecimentos, mas não possuem a
capacidade de colocar tal preciosidade em ação.
Os irmãos autores do livro "A
Chave de Hiram" pesquisaram e trabalharam para alicerçar dados
aceitáveis. São corajosos ao exporem seus pensamentos para a
cristandade. O objetivo dos autores não é a de semear discórdia entre
maçons, mas apresentar novas ideias, novos formatos, questionar verdades
em novos ciclos de tese, antítese e síntese. Seriam estultos se suas
pesquisas estivessem baseadas em argumentação sem sustentação histórica e
científica. As comunidades acadêmicas e de pensadores os trucidariam!
Foi graças ao seu treinamento maçônico que eles obtiveram discernimento
diferente das comunidades acadêmicas e científicas que há tanto tempo
estudam na mesma linha sem acrescentarem novidade na área, talvez por
receio de enfrentar a ira de religiosos fundamentalistas ou mesmo da
falta de visão; insight.
Independente de o historiador
não usar de "achismos", seja ele técnico e alicerce suas reflexões em
documentação de fonte segura e fidedigna, a história contada em qualquer
tipo de registro histórico contém falhas de interpretação, erros e
falsidades; não por falha do historiador. Mesmo se a fonte estiver
registrada e fartamente documentada, a redação de evento histórico está
sujeita aos ventos dos interesses do historiador, grupos de poder,
filosofias, religiões e políticas. Muito do que lemos e interpretamos em
documentos que o tempo preservou intactos, estão recheados de mentiras;
já falsos em sua origem. A boa técnica exige do historiador métodos e
procedimentos de correlação de fatos passados, e por ser parte
especulativa e parte assertiva, a verdade histórica absoluta é quase
impossível; resta duvidar sempre; na dúvida e na certeza, duvide!
Segundo o pensamento grego, a verdade absoluta e eterna deve presidir o
pensamento filosófico, mas até este deve ser permanentemente
questionado. O pensamento deve ser reavaliado em base permanente pelos
eternos ciclos de tese, antítese e síntese. Para evadir-se da
possibilidade de gerar obscurantismo é recomendada ampla abertura para o
lançamento de novas ideias, sempre as submetendo aos filtros que cada
um dispõe. Com o livro "A Chave de Hiram" não é diferente. Mesmo com o
risco de a obra ser construída em resultado de promoção comercial,
visando lucros, em hipótese alguma aceitar o preconceito fundamentado em
crenças, dogmas, fantasias e absurdos de alguns para censurar, refutar
ou invalidar o pensamento. A liberdade de pensamento é a coluna mestra
de sustentação da Maçonaria. A pesquisa de novas ideias não divide a
Maçonaria, tal procedimento a justifica. Divisão é natural em todas as
organizações humanas, a Maçonaria não é exceção. A proposta da Maçonaria
é a de promover a tolerância para fomentar a livre investigação da
verdade, caso contrário ela é apenas mais uma simples organização
filosófica.
A Maçonaria simbólica de 1871
era vista assim por Albert Pike: "Se você ficou desapontado nos
primeiros três graus da forma como os recebeu, e se pareceu a você que o
desempenho não atingiu o prometido, que as lições de moralidade não são
novas, a instrução científica é rudimentar e os símbolos foram
explicados deficientemente, lembra de que as cerimônias e lições desses
graus foram se acomodando cada vez mais no tempo, reduzindo-se e
afundando na trivialidade da memória e capacidade limitada do mestre e
instrutor para o intelecto e necessidades do iniciado; que eles vieram a
nós de tempos onde os símbolos eram usados, não para revelar, mas para
esconder, quando o aprendizado simples foi limitado a uns poucos seletos
e os princípios mais simples de moralidade pareciam verdades
recentemente descobertas; e que estes antigos e simples graus estão
agora como as colunas quebradas de um abandonado templo druida, na sua
rude e mutilada grandeza; e em muitas partes, também, corrompidas no
tempo, desfiguradas por adições modernas e interpretações absurdas.
Estes graus iniciais são a entrada para o grande templo maçônico, as
colunas triplas do pórtico". - Estas "colunas triplas do pórtico" são os
três graus simbólicos, a base, o sustentáculo de toda a estrutura do
sistema de polidez da Maçonaria. Se a Maçonaria simbólica cai na
trivialidade, as colunas de sustentação quebram e a Maçonaria Universal
caminha para a aparência de "um abandonado templo druida".
A aventura continua nos graus
filosóficos nos ritos que possuem tal extensão. Não são graus
superiores; é falácia! Não distingue ninguém! Antes, espreme o maçom
debaixo de grande responsabilidade: o de tornar-se mestre servidor. Os
graus filosóficos caracterizam-se apenas pela continuação do que deveria
acontecer no terceiro grau simbólico. Nada mais! O maçom que alcança ao
mais alto grau de seu rito deve abandonar insígnias, comendas e
enfeites dourados, que só serviram como demarcação visível do caminho e
passagem pelos degraus da escada de Jacó, para voltar a portar apenas a
mais humilde e significativa das insígnias maçônicas: o avental do
aprendiz maçom; assim continua e faz da arte de pensar, debater,
estudar, o hábito permanente de sua vida; chegado ao topo, volta aos
graus simbólicos e filosóficos inferiores para dar sustentação à base;
sem alicerce a estrutura da edificação vem abaixo.
A Maçonaria cresceu
vertiginosamente até a década de 1950, quando inicia sua corrosão e
aumenta a evasão; é fenômeno universal! A evasão acentuada é em virtude
da falta de desafios, de renovação do pensamento, de acomodação, sem
interesse intenso em pesquisar, ler e abrir a mente para novos
pensamentos. Quando a divisão em novos ritos e obediências promove novas
linhas de pensamentos ela é correta, se a razão for dividir para
conquistar poder, então a instituição segue o caminho da estagnação,
mesmice, trivialidade; basta avaliar em qual destes caminhos cada loja
segue, para determinar a capacidade de sobrevivência de seus obreiros na
ordem maçônica.
A Maçonaria universal oferece
amplas possibilidades ao crescimento de polidez de seus membros, mas
eles devem trabalhar arduamente a pedra. Reportando-se a isso, certo
ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito verte o seguinte: "Um sistema de
numerosos graus, onde o ensino é permanente, não pela palavra do
presidente ou do orador, mas principalmente pelo trabalho do adepto".
Quem trabalha é o obreiro, o adepto - não existe a figura do professor;
não existe cardápio pronto, receita de bolo ou varinha mágica! Quem
desenvolve polidez com auxílio de seus irmãos é o obreiro, e isto só
ocorre na convivência, em debates e produção de material intelectual
escrito. Aponta-se principalmente para a importância em manter a mente
aberta para novos ou inusitados pensamentos; abrir portas diferentes ou
novas. A sociedade muda pela força do pensamento e da consciência; e
isto demanda trabalho!
O resultado certo é a produção
duradoura de felicidade e paz para a humanidade pela evolução do
conhecimento bem utilizado. O Grande Arquiteto do Universo ilumina os
caminhos do homem que obtém sabedoria em resultado do uso do
livre-arbítrio no esforço de obter polidez e discernimento de aplicação
prática.
Bibliografia:
1. BRASIL, Supremo Conselho do
Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do,
Ritual do Grau 15 do Rito Escocês Antigo e Aceito, Cavaleiros do
Oriente, da Espada e da Águia, Segunda Série de Graus Históricos e
Capitulares, primeira edição, Supremo Conselho do Grau 33 do Rito
Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do Brasil, 64
páginas, Rio de Janeiro, 1925;
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