A Maçonaria adquiriu o seu aspecto iniciático a
partir do século XVIII. A singela recepção das Lojas operativas foi
transformando-se, o ritual foi enriquecendo-se e complicando-se a
Liturgia, durante todo o século XIX, até chegar à Iniciação Maçônica
atual com o seu brilhante cortejo simbólico.Na verdade, o que a Ordem
Maçônica pretende, através da Iniciação, é dar ao iniciado uma
responsabilidade maior não somente como ser humano com vida espiritual,
mas também como homem e cidadão. E isto os antigos o faziam por meio de
ritos iniciáticos. Os iniciados eram submetidos a exercícios mentais e
intelectuais e, pela meditação e a concentração, eram conduzidos
paulatinamente ao despertar de uma vida interior intensa e, assim, a uma
compreensão melhor da vida.Diz ARYAN, na introdução ao Livro "La
Masoneria Oculta Y la Iniciacion Hermética", de J. M. Ragon, que "os
ritos não teriam nenhuma utilidade se os seus ensinamentos caíssem como
água numa ânfora quebrada. O seu objetivo consiste em relembrar ao
iniciado que deve dar cada vez mais predomínio à vida interior do que à
atração dos sentidos. A promessa do Maçom de ser bom cidadão, de
praticar a fraternidade não quer dizer outra coisa. Diodoro da Sicília
dizia que "aqueles que participavam dos Mistérios tornavam-se mais
justos, mais piedosos e melhores em tudo". Por isto, o primeiro passo da
vida iniciática é a entrada em câmara ou cripta onde hão de morrer as
paixões, para que o aspirante possa ser admitido no reino da Luz. Como
dizia, faz séculos, Plutarco: "Morrer é ser iniciado".Há duas espécies
de iniciação: a REAL e a SIMBÓLICA. A primeira, segundo escreve A.
Gédalge no "Dicionário Rhea", é o resultado de um processo acelerado de
evolução que leva o Iniciado a realizar em si mesmo o que o homem atual
deverá ser num futuro que não pode ser calculado. A segunda é apenas a
imagem da iniciação real. Referindo-se à Iniciação Simbólica, o Manual
de Instrução do primeiro grau da Grande Loja de França, citado por PAUL
NAUDON em "La Franc-Maçonnerie et le Divin", assim se expressa: "Os
ritos iniciáticos não têm nenhum valor sacramental. O profano que foi
recebido Maçom, de acordo com as formas tradicionais, não adquiriu só
por este fato as qualidades que distinguem o pensador esclarecido do
homem ininteligente e grosseiro. O cerimonial de recepção tem valor
unicamente como encenação de um programa que importa ao Neófito seguir,
para entrar na posse de todas as suas faculdades."Pela iniciação
simbólica, segundo o sentido etimológico dado por JULES BOUCHER, no
livro "Simbólica Maçônica", o "iniciado" é aquele que foi "colocado no
caminho".PAUL NAUDON, em "La Franc-Maçonnerie", referindo-se à iniciação
simbólica, assim escreve: "O objetivo da iniciação formal é conduzir o
indivíduo ao Conhecimento por uma iluminação interna. É a razão pela
qual a Maçonaria usa símbolos para provocar esta iluminação por
aproximação analógica”. "Vemos assim que "os verdadeiros segredos da
Maçonaria são aqueles que não se dizem ao adepto e que ele deve aprender
a conhecer pouco a pouco soletrando os símbolos". Não existe nisto
nenhum incitamento à pura contemplação interior, à êxtase, ao
misticismo..."Cabe ao neófito descobrir o segredo. "Dentro da noite das
nossas consciências, há uma centelha que nos basta atiçar para
transformá-la em luz esplêndida. A busca desta Luz é a Iniciação"."Nesta
marcha ascensional em direção à Luz, onde a via intuitiva parece
primordial é evidente que a razão não pode ser afastada. Em todos os
ritos, a Maçonaria invoca sem cessar. É a lição dos símbolos, entre
outras a do compasso, que se aplica particularmente ao Volume da Lei
Sagrada, símbolo da mais alta espiritualidade, à qual aspira o
Maçom."Estas idéias e pensamentos têm o objetivo fraterno e leal de
incutir nos recém iniciados o verdadeiro espírito maçônico; de faze-los
ver da responsabilidade assumida perante a família dos Irmãos conhecidos
e desconhecidos espalhados pelo orbe da terra.Que todos nós,
indistintamente, aprendamos a conhecer o espírito maçônico afastando-nos
da falsa ciência e do sectarismo, combatendo e esclarecendo todo
cérebro denegrido pelo obscurantismo para que possamos nos tornar dignos
de ser uma destas Luzes ocultas que iluminam a humanidade.Os
verdadeiros sinais porque se reconhece o Maçom não são outros senão os
atos da vida real, já nos ensinava o Irmão Oswald Wirth. O Maçom há que
agir eqüitativamente como homem que cuida de se comportar para com
outrem como deseja que se proceda a seu respeito. O Maçom distingue-se
dos profanos pela sua maneira de viver; se não viver melhor que a massa
frívola ou devassa, a sua pretensa iniciação na arte de viver revela-se
fictícia, a despeito das belas atitudes que finge.Esforcemo-nos para que
sejamos reconhecidos não pelo toque, pelo sinal ou pela palavra, mas
por nossas ações no âmbito maçônico, social e profissional. "Sejamos
homens de elite, sábios ou pensadores, erguidos acima da massa que não
pensa", porque somente desse modo é que poderemos alcançar a iniciação
real.
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