segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Das máscaras sociais - Ano Novo


Mascara-social 
 
Hoje é dia 10 de dezembro (de 2012) e daqui a  dias estaremos entrando em mais um ano-novo, 2013.
Completamendo mais uma volta ao redor do sol. Fechando mais ciclo anual humano proveniente do calendário gregoriano.

Mais do que isso, daqui dias estaremos envoltos na data mais falsa da humanidade. Ano-novo é um tempo de falsidade, onde as máscaras sociais se enraízam de tal forma na sociedade que fica impossível distinguir onde começam as mentiras e iniciam as farsas. No dia 31 de dezembro faça o exercício e tente percebem, dentre as pessoas presentes na sua festa, quantas ali você realmente estima. Quantas ali você realmente gostaria de manter contato pelo resto do ano de forma ininterrupta. Mais, quantas ali são "da família" ainda que família seja um conceito  ultrapassado e que não lhe diga nada além de "você deve aturar esses doidos".

Pense mais. Pense em quantas vezes você teve de fingir interesse naquele assunto chato do seu primo de oitavo grau que só fala sobre trabalho, ou aturar as piadas do seu tio bêbado sobre namoradas , ou mais ainda fingir que ri das piadas sem graça daquela gama de pessoas que estão ali, assim como você, representando apenas.

Ano-novo é isso: falsidade. Ninguém em sã consciência reúne a família para uma festa de noite com álcool e comida (exceto se for um velório, mas esses costumam ser mais animados do que a festa de final de ano) se não for para a) sair uma boa briga ou b) mostrar o seu sucesso pessoal perante todo mundo.

Não importa, todo mundo ali está na obrigação social de ser feliz e agradável. Risos amarelos e pessoas sem graça fazem parte da tradição de ano-novo familiar, ninguém ali está feliz e todos estão esperando a meia-noite chegar para poder debandar dali (talvez a comemoração pela chega da meia-noite, consequentemente o final da festa, seja a única ação honesta da noite) e falar mal da familia com os amigos.
Beber e beber....até cair...!

Mais do que isso, o verniz social nessa época do ano fica em alta, se riscassem um palito de fósforo numa dessas festas iria terminar todo mundo no setor de queimados do Hospital. Ninguém se salva. Aquele sorriso maroto da sua madrinha pensando "como pode, ainda tenho que dar presente pra esse infeliz?" é a prova disso.

Nessa época do ano todo mundo fica legal, feliz e de bem com a vida. É um tal de navittaten pra cá, feliz ano-novo pra lá. Saúde, paz e harmonia entre os povos aqui assim. Ninguém é triste no final de ano. Ninguém teve um ano de chateação, ninguém perdeu dinheiro na bolsa ou contas para pagar , Não, todo mundo está pleno e feliz, satisfeito e com 1001 planos de vida. A vida é bela e o mundo parece ser de um tom cor-de-rosa PROZAC nunca antes visto.

Eu desconfio de pessoas felizes o tempo todo, acho que a felicidade tem um que de loucura imbecil e estúpida, e que ninguém pode ser saudável estando feliz por mais de 2 dias seguidos. Ninguém.
O ano-novo é ainda pior que o natal. No natal ao menos as pessoas tem a desculpa - esfarrapada - do nascimento do Yeshua, mas no ano-novo é simplesmente uma data mesquinha, feita para se vender champanhe e roupas brancas - que sem o ano-novo seriam usadas somente em terreiros de umbanda e hispitais - e fazer com que a natalidade dê um salto daqui a nove meses (salto não tão grande quanto o que ocorre no carnaval, mas vá lá, um salto) portentando um sonho distante de felicidade alcóolica que não se desfaz com o primeiro baque da onda na cara.

Pular ondas, comer lentilhas, contar semestre de romã e dar 3 beijos na ex-sogra.
Tudo tão útli quando um shake emagrecedor ou um pulseira power balance de 2 dólares.
A máscara social que se veste nessa época do ano é rísivel e não suporte uma lavada de roupa suja pós-álcool, mas mesmo assim, todo o ano somos inbuídos da missão social de nos fazermos presentes no seio familiar para mostrar como somos felizes, amáveis e sociáveis. vestimos a nossa máscara e caminhamos alheios a multidão, como se fossemos de fato aquela personagem que existe no final do ano.

 Somos, enfim, um bando de mentirosos incapazes de sermos sinceros e honestos conosco e com os outros, então, para amenizar esse sentimento de culpa, nos colocamos no pedestal indulgente do bom samaritanos e aturamos com louvor esses últimos dias do ano, desejando secretamente que todos na nossa volta morram .

E que ninguém que dê presente "de natal e aniversário, porque sabe como é, a coisa tá feia". 

 

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