
Sei,
e com muita convicção, que a Instituição não é o que praticam nela, e o
pior, existem Irmãos que acreditam que a Maçonaria é aquilo que vêem,
que ouvem e, muitas vezes, aquilo que fazem…
São esses Irmãos que
ignoram seus maiores feitos e nomes. É por isso que faço questão de
tratar daquilo que é um dos fatores mais sublimes no ser humano: a sua
espiritualidade, fator este que está intimamente ligado à Maçonaria, a
começar pelas cerimônias de Iniciação.
Mas antes de tratarmos do
tema central de nosso artigo, creio ser relevante, até mesmo para
conhecimento dos leitores profanos, lembrarmos o que é, afinal, a
Maçonaria. Ela é uma Ordem Universal, formada por homens livres e de
bons costumes, não importando sua raça, sua cor, seu credo e sua
nacionalidade. Nela, os seres são acolhidos por suas diversas qualidades
com a finalidade de evoluírem, física e espiritualmente. Essa Ordem foi
fundada sob o Amor incondicional, na esperança da construção de uma
sociedade humana mais justa e perfeita. Por isso mesmo, é Investigadora
da “Verdade” e combate a ignorância. Seus princípios são a Tolerância, a
Virtude, a Justiça e a Sabedoria, sob a tríade Liberdade, Igualdade e
Fraternidade.
Ao contrário do que muitos pensam, a Maçonaria não é
uma sociedade secreta. Nossa história tem sido divulgada em diversos
livros, os quais estão à venda em todas as livrarias. Nossos documentos
são registrados em cartório. Temos endereço certo, como toda pessoa
jurídica legalmente constituída. Também não é uma religião. Não promove
nenhum dogma, deixando o ser pensar como bem entender. Não é ateísta,
muito menos um partido político, como alguns tentam conduzi-la. Para
muitos, e eu me incluo entre estes, a “política é uma introdução à
guerra”.
Além de combater a ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se em uma escola, impondo-se o seguinte programa:
I — Obedecer às leis democráticas do país;
II — Viver segundo os ditames da honra;
III — Praticar a justiça;
IV — Amar ao próximo;
V — Trabalhar pelo progresso do homem.
A par dessa definição e da declaração formal da aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, proclama, também, os seguintes princípios:
I — Amar a Deus, a pátria, a família e a humanidade;
II — Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhação;
III — Praticar a Solidariedade Maçônica, nas causas justas, fortalecendo os laços de fraternidade;
IV — Defender os direitos e as garantias individuais;
V — Considerar o trabalho lícito e digno como dever do Maçom;
VI — Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;
VII — Exigir a tolerância para com toda a forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem social;
VIII — Lutar pelo princípio da equidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, suas obras e seus méritos;
IX — Combater o fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios.
II — Viver segundo os ditames da honra;
III — Praticar a justiça;
IV — Amar ao próximo;
V — Trabalhar pelo progresso do homem.
A par dessa definição e da declaração formal da aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, proclama, também, os seguintes princípios:
I — Amar a Deus, a pátria, a família e a humanidade;
II — Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhação;
III — Praticar a Solidariedade Maçônica, nas causas justas, fortalecendo os laços de fraternidade;
IV — Defender os direitos e as garantias individuais;
V — Considerar o trabalho lícito e digno como dever do Maçom;
VI — Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;
VII — Exigir a tolerância para com toda a forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem social;
VIII — Lutar pelo princípio da equidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, suas obras e seus méritos;
IX — Combater o fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios.
Comungo
da verdade de que a Maçonaria é uma Ordem tradicional, muito mais
antiga do que a data que lhe é atribuída: 1717. Baseia-se essa
informação pela estrutura da Ordem, a prática mecânica de nossos
rituais, os símbolos, a transmissão das ciências secretas aos Iniciados,
as diversas teorias místicas, ocultistas, metafísicas, espirituais e
filosóficas. Enfim, somos uma entidade muito mais antiga, mas,
infelizmente, os livros de História não podem nos dar uma data precisa
de nosso surgimento. Não nos esqueçamos de que a história é narrada e
criada pelos vencedores e que muitos dos vencedores, diversas vezes, não
têm interesse de que a verdade seja revelada.
Sejamos, ao menos,
justos. Se debitamos à Maçonaria, em geral, todos aqueles casos
particulares, ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios
que dela temos recebido em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as
mãos por lhes ter sido dado acolhimento e liberdade na Prússia, no
século XVII — quando expulsos de toda parte, o próprio papa os repudiava
—, pelo maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe a vitória de Waterloo, pois
Wellington e Blucher eram maçons. Sejamos-lhe gratos por ter sido ela
quem criou a base na qual veio a assentar a futura vitória dos Aliados —
a Entente Cordiale, obra do maçom Eduardo VII. Pensando na América,
podemos citar a Independência do Brasil e a Abolição da Escravatura. Na
França, a Maçonaria teve influência na Revolução Francesa. E não nos
esqueçamos, finalmente, de que devemos à essa Ordem as maiores obra da
arte moderna — Fausto, do maçom Goete, e a memorável A Flauta Mágica, do
maçom Mozart.
Isso é apenas um pouco da nossa história que não
foi apagada nem esquecida…Mas vamos falar de espiritualidade. Ao
abordarmos este tema, surge um outro infinitamente ligado a ele — A
MORTE.

É
ainda mais surpreendente que nem todos se lembrem de sua morte
anterior. E, em decorrência desse lapso de memória, a maioria das
pessoas não acredita que tenha havido uma morte anterior. Mas também não
se lembram de seu mais recente nascimento, embora, nesse caso, não
duvidem de terem nascido. Tais pessoas esquecem-se de que a memória
ativa é uma pequena parte de nossa consciência normal e que nossa
memória inconsciente registra e preserva cada impressão e experiência
passadas, que a nossa mente despertada não consegue se lembrar.
Poderia citar também a lagarta; o que ela chama de morte, chamamos de BORBOLETA.
Na
realidade, nem todos têm a sensibilidade de perceber determinadas
vibrações, ou melhor, freqüências vibratórias, o que dificulta, e muito,
os contatos que são feitos com habitantes de um outro plano ou outra
dimensão. Muitas pessoas que fazem parte de nosso grupo de estudos
tentam desenvolver essa sensibilidade por diversos meios, um deles seria
o que chamamos de “viagem astral”, em que, por meio de exercícios, as
pessoas conseguem entrar em um estado de relaxamento (transe) profundo e
contatar esses habitantes de outros planos, em outras dimensões ou na
mesma dimensão.
Esse processo é muito semelhante ao da sintonia de
um rádio, quando vamos sintonizar uma determinada estação. As ondas
estão ali, no mesmo lugar, passando por nós, mas se não sintonizarmos na
“freqüência” certa, se não entramos em sua sintonia, não conseguiremos
captar a estação.
Obviamente, o que parece ser tão fácil, não é.
Todo trabalho, de qualquer Escola Iniciática séria, tem de preparar o
discípulo para a morte, para que ele tenha a oportunidade de se iluminar
no tempo certo, por meio da integração com a sua própria essência. Para
que o leitor tenha uma compreensão mais vasta do tema, recomendo a
leitura de duas obras verdadeiramente herméticas: O Livro dos Mortos do
Antigo Egito e O Livro dos Mortos Tibetano, lançados pela Madras
Editora. Ambos dão um registro muito claro e preciso “da arte de viver e
da arte de morrer”.
Vejamos, agora, como grandes personalidades
da História vislumbravam o fenômeno morte. Primeiramente, vou descrever
parte de um texto de Fedro, livro de autoria de Platão:
“Nenhum
poeta jamais cantou nem cantará a região que se situa acima dos céus.
Vejamos, todavia, como ela é. Se devemos dizer sempre a verdade, quanto
mais obrigados o seremos ao falarmos da própria verdade? A realidade sem
forma, sem cor, impalpável, só pode ser contemplada pela inteligência,
que é o guia da alma. E é na idéia Eterna que reside a ciência perfeita,
aquela que abarca toda a verdade.
“O pensamento de um deus
nutre-se de inteligência e de ciência puras. O mesmo se dá com todas as
almas que buscam nutrir-se do alimento que lhes convém quando a alma,
depois da evolução pela qual passa, atinge o conhecimento das essências.
Esse conhecimento das verdades puras a mergulha na maior das
felicidades.
“Depois de haver contemplado essas essências, volta a
alma ao seu ponto de partida. E, ao longo da evolução pela qual passou,
ela pôde contemplar a Justiça e a Ciência — não esta que conhecemos,
sujeita às mudanças e que é contingente aos objetos, mas a Ciência que
tem por objeto o Ser dos Seres. Quando assim contempla as essências,
quando sacia a sua sede de conhecimento, a alma mergulha novamente na
profundeza do céu e volta a seu pouso. Aquela (alma) que mais Verdades
contemplou gerará um filósofo, um esteta ou um amante favorito das
Musas.
“A beleza era visível em todo o seu esplendor quando, na
corte dos bem-aventurados, deparávamos com o espetáculo ridente em que
seguiam a Zeus (Deus na mitologia grega) e alguns entre nós a outros
deuses. Iniciados nos mistérios divinos, nós os celebrávamos puros e
livres, isentos das imperfeições em que mergulhamos no curso ulterior do
nosso caminho. A integridade, a simplicidade, a imobilidade, a
felicidade eram as visões que a iniciação revelava ao nosso olhar,
imersas numa pura e clara luz. Não tínhamos mácula nem contato com esse
sepulcro que é o nosso corpo, ao qual estamos ligados como a ostra à sua
concha.”
Existem diversas teorias a respeito da morte; entre elas, há os que dizem que sentem muito frio ao desencarnarem.
O
poeta Ovídio dizia que a Noite, mãe do Sono e do Falecimento, habitava
além do país dos cimérios, que o Sol jamais ilumina. Nela, os galos
nunca anunciaram a volta da aurora. Os cães e os gansos que vigiam as
casas nunca turbaram com seus gritos o silêncio que reina eterno. Nessa
época fabulosa de poesias eternas e encantos nunca vistos, também se
sabia que a Morte, irmã gêmea do Sono, era implacável, mesmo tendo sido
ludibriada poucas vezes, como aconteceu com Sísifo, que, como nos relata
a mitologia, burlou a Morte acorrentando-a de tal modo, que ninguém
morria na Terra. Mas foi punido pelo Deus Marte, que o levou ao inferno
após livrar a Morte, para continuar a ordem no Universo.
Podemos
notar que os castigos para os pecadores no inferno são severos e
eternos. Sísifo, por exemplo, tinha o dever de rolar uma grossa pedra
até o pico de uma montanha, mas sempre que chegava próximo, uma força
maior fazia com que a pedra rolasse até o chão, e novamente ele se
esforçava para tentar levá-la até o pico da montanha.
Para as
Denaides, protagonistas de um belíssimo poema em que matam seus maridos,
pelo pecado foram condenadas a carregar jarros de água de uma fonte e
encher um poço sem fundo.
Pela mitologia grega, sabe-se que o
inferno, formado pelos rios Estige e Aqueronte, tem um vigia, um
barqueiro chamado Caronte, que escolhe os mortos que serão levados ao
seu eterno lar na escuridão. Ao chegar do outro lado, os mortos
condenados ao inferno encontram o cão vigia de Caronte, chamado Cérbero,
que tem três cabeças e impede qualquer das almas de voltar ao mundo
normal.
Ao longo de toda a sua história, o homem sempre soube que o
inferno é um lugar onde impera o calor, em que se queima enxofre
eternamente. Conforme algumas teorias, lugares quentes, como o inferno,
têm pouquíssima energia; logo, o Céu, oposto ao inferno, tem muita
energia, e por isso é muito frio.
Se as almas dos mortos que se
destinam ao inferno não podem voltar, impedidas por Caronte e seu cão
Cérbero, não se pode dizer o mesmo das almas que vão para o céu, às
quais Deus sempre dá uma outra oportunidade. São almas não pecadoras,
normalmente vítimas de algum maltrato, mas que simplesmente não
conseguiram achar seu aposento no céu. Ao voltarem à Terra para pedir
ajuda, trazem o frio celeste consigo, causando o tremor de quem as vê ou
se aproxima.
Sócrates (469-399 a.C.) já dizia: “Porque morrer é
uma ou outra destas duas coisas. Ou o morto não tem absolutamente
nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como
se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma,
uma migração deste lugar para outro”.
Então, talvez morrer não
seja de todo desagradável. Será que viver é que seria a nossa
“condenação”? Eis um autêntico paradoxo. Viver implica várias formas de
sofrimento e uma busca incessante pela felicidade. Ademais, viver
implica morrer um pouco a cada dia, de forma que o evento terminal de
uma “vida”, ao qual chamamos “morte”, é apenas o cessar do processo de
morte. Deveríamos, então, ter medo da vida e não da morte.
O corpo
físico do homem, com seus cerca de 1.028 átomos, troca aproximadamente
98% desses átomos todos os anos. A mucosa do estômago se renova em uma
semana; a pele inteira, em um mês; os ossos, em três meses; o fígado, em
seis semanas; etc., de forma que, em aproximadamente cinco anos, todos
os nossos átomos retornaram ao “pó” e outros foram colocados no lugar.
Diante disso, podemos concluir que o corpo físico “morre” a cada cinco
anos. Assim sendo, o que permanece do nosso corpo original com toda essa
metamorfose?
Pode-se pegar um atalho conceitual e afirmar que
morte é ausência de vida. Mas o que é vida? Existe vida após o
nascimento? Realmente se vive, somente pelo fato de termos nascido?
Afinal, o que é que nasce e o que é que a morte faz cessar? Desde que o
“cérebro se tornou capaz de investigar o cérebro”, uma pergunta é
repetida e respondida pelo homem: existe alguma forma de consciência
após a morte do corpo físico? A neurociência não consegue, ainda,
responder a essa questão. Não há nenhuma evidência que sim, nem que não.
A
vida é algo que está além do corpo físico e que em algum momento passa a
“habitá-lo” ou “preenchê-lo”, a “dar-lhe vida”. Partindo do conceito
científico moderno de que não existe algo como um corpo individual
delimitado no espaço, pois todos os corpos são interdependentes,
processos vivos compartilhados, e de que a vida e a consciência devem
estar de alguma forma escondidas no mundo quântico, pode-se afirmar que a
vida é uma propriedade do Universo em geral, ligada a tudo e a todos.
Se a vida é Una, algo que está imerso em toda a manifestação, nós
podemos concluir que, para que algo morra, é necessário que tudo morra.
Somos todos UM!
Há, ainda, grandes vultos da História que proferiram frases relevantes a respeito do assunto, e que faço questão de mencionar:
“A morte de qualquer homem diminui-me, porque eu estou englobado na humanidade.”
Carl Gustav Jung (1875-1961)
Carl Gustav Jung (1875-1961)
“Eu, enquanto homem, não existo somente como criatura individual, mas me descubro membro de uma grande comunidade humana.”
Albert Einstein (1879-1950)
Albert Einstein (1879-1950)
“A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro.”
John Lennon (1940-1980).
John Lennon (1940-1980).
“O que é oposto à morte?… É o nascimento, pois a Vida é eterna!”.
Sidarta Gautama, o Buda (563-483 a.C.).
Sidarta Gautama, o Buda (563-483 a.C.).
Fernando
Pessoa já dizia que “a morte é a curva da estrada; morrer é só não ser
mais visto”. Diante disso, é possível termos uma visão da morte com mais
serenidade, como ponto de partida para uma nova vida. Sobretudo, de
modo transcendente, ou seja, sublime. É como se adormecêssemos com a
plena convicção de que continuaremos vivos no dia seguinte, junto
àqueles que amamos. Porém, estaremos em outra dimensão, convivendo com
seres que já convivemos um dia, que foram nossos entes queridos em
outras vidas, ou mesmo na atual, e estaremos prosseguindo nossa jornada
evolutiva nessa nova fase da existência. A vida é assim: feita de
reencontros, aqui ou em qualquer lugar. Não entraremos, aqui, no mérito
da questão de que a alma poderá não ir para esse paraíso, e sim para o
inferno. É o que muitos podem estar pensando neste momento. Mas, afinal,
quem somos nós, seres humanos, para julgarmos os destinos das almas ou
espíritos?
É comum ouvirmos a expressão “a morte é a única certeza
que temos na vida”. Ocorre que a civilização ocidental materialista se
amoldou à idéia de que tudo acaba com a morte. Dessa forma, ela é
tratada por muitos como um tabu, algo que não se deve comentar ou
investigar. O maior desejo do ser humano é a imortalidade, e esse desejo
está intimamente relacionado ao medo da morte. Mas, de onde vem esse
medo? Pode ser que venha do medo que se tem do desconhecido, do instinto
de autopreservação que estimula o medo da própria extinção. Ou será que
viria de uma experiência antiga, guardada na memória, já vivida e não
mais desejada?
Se desejamos viver indefinidamente, por que
insistirmos em acreditar que morrer é o fim? Provavelmente, se o
contrário estivesse acontecendo, se o homem tivesse certeza de sua
imortalidade, ele procuraria a própria extinção. Será que o inconsciente
coletivo do homem já tem essa certeza da imortalidade? Será que os atos
humanos destrutivos, contra a natureza e contra si mesmos, não são
formas veladas (e doentias!) de se buscar atingir esse estado?

Para
os materialistas, o dia da morte de uma pessoa deveria ser uma data
inerte; afinal, tudo acaba com esse fenômeno e não há razão para
homenagear quem não existe mais. Ocorre, porém, que a maioria das
pessoas homenageia a memória de seus entes queridos, até mesmo os ateus;
mas, no fundo, estão apenas dando vazão à dor da própria ferida não
curada, gerada pela falta que sentem dos seus entes queridos: saudades.
Quem
de nós nunca sentiu saudades? Aquele que já a vivenciou sabe o quanto
ela dói, causa um estado profundo de melancolia, faz chorar, provoca um
desejo imenso de querer ter de volta aquilo ou alguém que um dia nós
“possuímos”; pode, enfim, levar uma pessoa à “loucura”. E no momento em
que qualquer ser humano perde um ente querido, seja ele espiritualista
ou ateu, a saudade daquele que partiu mexe com os mais profundos
sentimentos. Assim sendo, pergunto a um ateu se a morte seria mesmo o
fim da vida. Por que, então, ele sente saudades de quem se foi, se a
morte acaba com tudo? Qual a razão de homenageá-los?
Já ouvi
muitos espiritualistas dizerem que, apesar de acreditarem na eternidade
da vida, não se conformam quando a morte chega em sua família; então
sofrem e choram a perda de seu ente querido. A dor da perda é a visita
da morte à vida, e sem dor não há vida, porque nos apegamos demais a
tudo o que possuímos, ou seja, pensamos que possuímos; na verdade,
apenas nos foi emprestado, inclusive a carne, e, como tal, um dia
teremos que devolvê-la ao Universo.
Flua como um rio, desapegue-se de situações e de pessoas, transcenda…
A
Teosofia afirma que essa homenagem remonta à época dos Atlantes, raça
de “gigantes” (Gênesis 6:4), os enacim e os emim, presentes na Bíblia
Sagrada (Números 13:33 e Deuteronômio 1:28, 2:10).
Historicamente,
o culto aos antepassados é tão antigo quanto a história do Antigo
Egito. Seu povo, longe do conhecimento de sua avançada espiritualidade,
restringia o seu culto à veneração de imagens dos antepassados, ou de
alguma divindade menor, por meio de diversas superstições, incluindo o
uso de amuletos.
Na Índia védica, os filhos do Sol buscavam a
ciência pura do fogo sagrado, a adoração ao Deus Supremo e a honra aos
antepassados por meio de orações. Ao milenar povo chinês, afastado dos
ensinamentos elevados acerca do Tao, restava um culto mágico aos
antepassados e uma adoração aos espíritos.
Para o Xintoísmo, a
alma dos que morrem permanece poluída, conservando sua personalidade de
quando estava em vida, necessitando, assim, de rituais de purificação
para que assuma um aspecto benevolente e pacífico. Dessa forma, ela
atingirá o grau de guardiã, ou deidade (kami), protetora da família.
Assim, enquanto religião, a divinização das energias cósmicas foi
acompanhada da divinização dos espíritos dos antepassados (considerados
deuses tutelares da família), dos sábios ancestrais, dos imperadores, de
alguns animais e de forças elementares da natureza.
A Psicologia
Transpessoal fala da existência de outros pacotes de inconsciente, além
do Inconsciente Coletivo descrito por Jung. Um deles seria o
inconsciente familiar, responsável pela repetição de padrões de
comportamento presentes no seio familiar. Alguns pesquisadores defendem
que essas memórias estariam impressas em nosso DNA e, dessa forma,
acessíveis à nossa mente inconsciente. Essa tese explicaria também a
ocorrência de memórias novas, em transplantados, de fatos ocorridos na
vida do doador do órgão. O culto aos antepassados, de forma que se
libere essas energias de sua influência sobre nós, seria uma forma de se
trabalhar no inconsciente familiar.
Para os celtas, o ano era
dividido em quatro períodos de três meses e, no início de cada um, havia
um grande festival. No primeiro dia do ano celta, celebrado em 1º de
novembro, era comemorada a mais importante das quatro festas: o Samhain,
conhecido como “Noite dos Ancestrais” ou “Festa dos Mortos”, pois os
celtas acreditavam que nesse dia o véu entre os mundos estaria bem fino.
Hoje, essa festa está associada com o Hallows Day e é celebrada na
noite anterior ao Halloween. O mundo cristão assimilou essa festa pagã e
passou a comemorá-la em 2 de novembro (Dia de Finados).
Concluindo
nosso pensamento, podemos dizer que a crença generalizada na existência
da morte, como aniquilação individual, fez sumir a visão de longo prazo
e afetou o planeta inteiro. Não se prepara mais o futuro, apenas se
vive em busca de prazeres e desejos pessoais do ego, teoria de vida
pregada pelo capitalismo, que é uma forma geradora de desejos. O homem
está destruindo o planeta e a si mesmo. Definitivamente, não há morte
como a concebemos. A morte existe apenas porque não se sabe o que a vida
é, porque ainda estamos inconscientes da Vida, da sua ausência de
morte.
Assim, os que perguntam o que acontece após a morte o fazem
por não lhes ter acontecido nada durante a vida. É necessário um
nascimento espiritual para que a Vida nos permeie em sua abundância.
Quando se conhece a Vida, conhece-se a morte. A morte é apenas uma
transição de um estado de consciência para outro, e a única coisa que
morre é a morte. A morte é apenas uma PASSAGEM, e essa passagem deve ser
o triunfo de uma existência, seu mais glorioso momento.
Preparar-se
para morte, sem exageros, conscientes de que, assim como nascemos,
todos passaremos por ela, coloca-nos em sincronicidade com as Leis do
Universo.
Somente quando formos capazes de entender a chave
iniciática contida nas palavras de São Francisco de Assis, quando dizia
que “… é morrendo que se nasce para a vida eterna”, ou a declaração
proferida pelo Faraó, no final da quinta etapa da iniciação egípcia,
“Sebek Ur Sebek”, que afirma: “Só a Morte pode Vencer a Morte”,
estaremos, de fato, preparados para ela.
E esse entendimento
somente será completo até mesmo em certas iniciações, em que a “LUZ É
DADA DEPOIS DA MORTE”, e “QUE SE FAÇA A LUZ…! E A LUZ FOI FEITA!”.
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