Infelizmente,
até os mais respeitáveis escritores maçons deixaram com que suas
formações cristãs influenciassem sobre este tema, pecando em sua
interpretação. Nas instruções originais de Thomas Webb, amplamente
divulgadas nas Grandes Lojas Americanas, a Estrela Flamígera é símbolo
da estrela que guiou os sábios até o local de nascimento de Jesus. Por
sorte, essa interpretação foi retirada quando da revisão das instruções,
em 1843, na Convenção de Baltimore. Albert Pike, não satisfeito,
praticamente copiou essa interpretação de Webb em seu famoso livro
“Moral & Dogma”, em 1871. Importante ressaltar que são afirmações
sem qualquer embasamento histórico.
Alguns
autores brasileiros conseguiram ir mais além no mundo da imaginação. Na
teoria desses, multiplicada por trabalhos apresentados nas Lojas, a
Estrela Flamígera foi inventada por Pitágoras e nomeada por Agrippa,
sendo usada pela primeira vez em um ritual de 1737 na França.
Essa
teoria seria ótima, se não houvesse vários pentagramas de origem
mesopotâmica, babilônica, egípcia, registrados em pedra e datados de,
pelo menos, 3.000 a.C, ou seja, mais de dois milênios antes de Pitágoras
nascer.
Outro
fato que pesa contra essa teoria é o fato de Albert Mackey ter
registrado em uma de suas principais obras possuir um monitor de
trabalhos maçônicos datado de 1735 que consta a Estrela Flamígera como
ornamento da Loja, o que contradiz o pioneirismo francês.
Outro
ponto importante é que uma coisa é uma estrela e outra coisa é uma
Estrela Flamígera. Deve-se tomar o devido cuidado de não se relacionar
todas as estrelas do mundo e seus significados com a Estrela Flamígera.
Afinal de contas, não importa o significado que a estrela tem para os
índios da tribo dos tapajós ou para os esquimós. Estamos tratando aqui
de Maçonaria.
Mas
então o que seria a Estrela Flamígera? Há uma explicação mais razoável
do que simplesmente “chutar” que se trata da Estrela de Belém?
Eis uma teoria FUNDAMENTADA da origem da Estrela Flamígera na Maçonaria:
Os
povos antigos tinham a crença de que os deuses habitavam as estrelas.
Essa crença esteve presente no judaísmo, como denuncia o livro “Amós”
(5:26), onde consta a crença ao deus Moloch, um deus que possuía uma
estrela como símbolo. Os judeus adotaram tal crença por influência dos
egípcios, que adoravam Sírius como um de seus mais importantes deuses.
Sírius é a estrela mais brilhante do céu, também conhecida como
“estrela-cão” por ser a principal estrela da constelação “Cão Maior”. Os
egípcios construíram vários templos em dedicação a Sírius e há indícios
de que Sírius serviu de base para o calendário egípcio.
Essa
influência egípcia fica clara no livro “Atos” (7:43), que cita o
tabernáculo de Moloch e “a estrela do vosso deus Renfan”. Renfan era um
dos nomes pelos quais os egípcios chamavam Sirius. O Antigo Testamento
contém várias outras passagens que citam o deus Moloch.
Pois
bem, nos livros de “Reis I” e “Reis II”, ninguém menos do que o Rei
Salomão edifica um altar em homenagem a Moloch, o qual, como sabemos,
tinha como símbolo uma estrela, por ser a estrela mais brilhante do céu.
Os livros relatam que Salomão agiu por influência feminina. Já não mais
forte como antes, velho, encontrava-se dividido entre sua sabedoria e a
beleza de suas mulheres e concubinas. Enfim, Salomão misturou assuntos
da matéria com assuntos do espírito.
Essa
questão de dualidade entre matéria e espírito está diretamente ligada à
maçonaria simbólica, em que o material prevalece no grau de Aprendiz,
mede forças com o espiritual no Grau de Companheiro, e então o
espiritual prevalece no grau de Mestre.
Considerando
o papel do Rei Salomão para a Maçonaria e essa dualidade enfrentada por
Salomão e culminando na sua reverência a Sírius, a estrela mais
brilhante do céu (daí o termo “flamígera”), é fácil compreender o
importante papel e simbolismo que a Estrela Flamígera ocupa no grau de
Companheiro Maçom. Não haveria melhor maneira de simbolizar tal
dualidade aos Companheiros do que através do exemplo do próprio Rei
Salomão, identificada no Templo por Sírius, a Estrela Flamígera.
A
Estrela Flamígera representa as forças e os perigos que podem
desvirtuar até o homem mais sábio de todos os sábios do caminho da
retidão que leva à Verdade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário