Quem
é regular? Para alguns maçons, uma Obediência Regular é aquela que tem
reconhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI), visto essa ser
a 1ª Grande Loja da história, tida por isso como a Grande Loja Mãe do
Mundo. Para esses, não importa se uma Obediência possuir reconhecimento
de outras 200 Obediências Regulares nos cinco continentes ou até mesmo
da própria Obediência a que eles pertencem. Se não tiver o
reconhecimento da GLUI, não é regular.
No Brasil, há atualmente apenas 05 Obediências com o tão desejado reconhecimento da GLUI: GOB, GLESP, GLMERJ, GLMEES e GLMMS.
O
GOB conseguiu reconhecimento da GLUI em 1919, quase 100 anos após sua
fundação. Já as quatro citadas Grandes Lojas, fundadas a partir de 1927,
possuem tratados mais atuais. Como justificativa para a negativa de
reconhecimento, a GLUI declarava que as Grandes Lojas brasileiras não
poderiam ser reconhecidas por terem recebido Carta Constitutiva de um
Supremo Conselho do REAA, e não de uma Obediência Simbólica, como ditam
suas regras (1º dos 8 Princípios
de Reconhecimento – A regularidade de origem: uma Grande Loja deverá
ser regularmente fundada por uma Grande Loja devidamente reconhecida, ou
por pelo menos três Lojas regularmente constituídas.). Mas com o
passar dos anos, a GLUI já reconheceu as 04 mencionadas, e vem flertando
com outras. A regra para reconhecimento mudou? Não. Mas trata-se apenas
de uma “regra de conveniência”. Dessa forma, tudo indica que esse número de 05 Obediências brasileiras “regulares” perante a GLUI tende a aumentar.
Já
sobre o Rito Escocês no Brasil, a história se complica um pouco mais e
esse mesmo argumento de regularidade defendido por uns cai por simples
incoerência. Muitos dos maçons reconhecidos pela GLUI, são membros de um
Supremo Conselho do REAA espúrio. Em contrapartida, muitos outros que
ainda não têm reconhecimento da GLUI, são membros do Supremo Conselho do
REAA reconhecido internacionalmente. Acaba que aqueles que declaram que
o reconhecimento da Grande Loja Mãe do Mundo é a única regularidade
válida, não se importam de serem membros de um Supremo Conselho REAA que
não tem o reconhecimento do Supremo Conselho REAA Mãe do Mundo, o da
Jurisdição Sul dos EUA, e de todos os demais Supremos Conselhos
regulares do mundo. Em resumo: muitos dos defensores da “regularidade”
nos Graus Simbólicos com base no reconhecimento são espúrios nos Graus
Superiores do REAA. Contraditório, não?
A
bagunça já começou e ainda nem entramos na discussão mais polêmica: a
GLUI, que tem um pouco mais de 250 mil maçons, é realmente a regra? A
primeira sempre manda? Ou será que os EUA, que possuem mais de 2,5
milhões de maçons, seria a regra? Aliás, a regra é realmente se balizar
pelos outros? Isso não seria um tipo de “colonialismo”? Talvez o ideal
não fosse haver um Conselho, uma Confederação, algo como uma ONU
maçônica? Como fica as chamadas “Prince Hall”, que têm o reconhecimento
da GLUI e não tem da maioria das Grandes Lojas dos EUA? São reconhecidas
pelos estrangeiros, mas não são para muitos daqueles de seu próprio
país. Ou duas Obediências mexicanas, que não se reconhecem, mas ambas
têm o reconhecimento da GLUI? São regulares para a Inglaterra, mas não
se consideram entre si. Enfim, quem é regular e quem não é?
Na
verdade, regularidade e reconhecimento são coisas diferentes, que não
devem ser confundidas. A regularidade é com base em regras claras de
origem e de funcionamento. Regras de origem: ser constituída por uma
Grande Loja Regular ou por três Lojas Regulares, num território
idependente, e ser soberana em sua administração. Regras de
funcionamento: crença num Ser Superior; sigilo; simbolismo operativo;
divisão apenas em três graus: Aprendiz Companheiro e Mestre; observar a
Lenda do Terceiro Grau; juramento perante o Livro Sagrado; presença do
Livro Sagrado, Esquado e Compasso; investigar a Verdade; proibição de
discussões politico-partidárias e religiosas. Se uma Obediência atende a
essas regras, ela é indiscutivelmente regular. Já o reconhecimento é um
ato administrativo, de relações exteriores, e cada Obediência tem
autonomia para reconhecer ou não outra Obediência regular, assim como
retirar esse reconhecimento quando quiser.
Se uma Obediência é soberana, ela é responsável pelos seus próprios reconhecimentos, independente de outrem. Então, quando se tratar de regularidade, preocupe-se se tal Obediência é reconhecida pela sua Obediência, e não se é para uma ou outra Obediência. Você, como maçom, deve seguir as decisões da sua Obediência, e não da de ninguém. Da mesma forma, a sua Obediência, seguindo os landmarks, deve ser soberana, não se subordinando às decisões de qualquer outra.
Enfim,
quando se trata de Maçonaria Brasileira, desconfie das afirmações. Nada
é tão simples quanto parece. A aberração de ontem pode ser a tradição
de amanhã e, algumas vezes, os princípios de igualdade e fraternidade
ficam à mercê da vaidade ou prejudicados por uma história que não fomos
nós que escrevemos. Mas o presente, esse sim está em nossas mãos. O futuro ao GADU pertence.Se uma Obediência é soberana, ela é responsável pelos seus próprios reconhecimentos, independente de outrem. Então, quando se tratar de regularidade, preocupe-se se tal Obediência é reconhecida pela sua Obediência, e não se é para uma ou outra Obediência. Você, como maçom, deve seguir as decisões da sua Obediência, e não da de ninguém. Da mesma forma, a sua Obediência, seguindo os landmarks, deve ser soberana, não se subordinando às decisões de qualquer outra.
Ir.'. Denilson Forato
Nenhum comentário:
Postar um comentário