
Os
rituais maçônicos proporcionam uma verdadeira viagem a importantes
conceitos filosóficos e suas evoluções, principalmente no que tange à
Grécia Antiga, cerne não somente da arquitetura presente nos rituais
maçônicos, mas também de seu arcabouço filosófico.
A filosofia aristotélica é, sem sombra de dúvidas, a mais
privilegiada, principal alicerce da estrutura filosófica contida nos
ritos maçônicos, em especial os de origem latina. Tratemos de
compreender os traços aristotélicos adotados pela Maçonaria
Especulativa:
Esotérico e Exotérico: Aristóteles dividia suas
palestras em dois tipos, os esotéricos, realizados pela manhã e restrito
ao seu círculo interno de alunos, e os exotéricos, realizados pela
tarde e destinados ao público em geral. Tais termos são amplamente
utilizados nos ritos maçônicos latinos em referência ao que o maçom
aprende em Loja (esotérico) e o reflexo desse aprendizado em sua vida
pública (exotérico).
Dialética Aristotélica: trata-se de método de
diálogo baseado na contradição de ideias iniciais com objetivo de
esclarecimento e geração de novas conclusões. Sua estrutura é baseada na
tese, antítese e síntese. A tese é uma afirmação inicial, a antítese é
um questionamento à tese, o que então gera uma síntese, que é uma nova
tese, porém mais correta. Os rituais maçônicos e até suas instruções
foram construídos com base no diálogo e na dialética aristotélica. Um
exemplo claro é: “- O que é a Maçonaria? – Uma instituição que tem
por objetivo tornar feliz a Humanidade… – Ela é regional? – Não. Ela é
universal e suas oficinas…” O conceito inicial de Maçonaria, após um questionamento, tornou-se mais completo.
Sete Artes Liberais: Na Academia de Platão,
Aristóteles aprofundou seus conhecimentos sobre Geometria, Dialética
(endógena), Aritmética e Retórica. Já em sua própria escola, o Liceu,
Aristóteles desenvolveu sua Dialética, promovendo também estudos sobre
Astronomia (Terra e Universo, explicação das fases da lua e dos
eclipses), Música (na obra “A Política”), Retórica (gêneros retóricos) e
Gramática (criação das categorias gramaticais), formando assim a base
do que ficou popularizado na Idade Média como as Sete Artes Liberais. Na
Idade Moderna, essas Sete Artes Liberais eram tidas como as disciplinas
básicas para a formação de um homem livre, conceito esse também adotado
pela Maçonaria e abordado principalmente no grau de Companheiro Maçom.
Globo Terrestre e Celeste: Aristóteles é autor da
teoria de que a Terra e o Universo são esféricos. Em muitos ritos
maçônicos, têm-se os globos terrestre e celeste encimando as colunas,
numa clara alusão à astronomia aristotélica.
Virtudes e Vícios: O termo maçônico “levantar
templos à virtude e cavar masmorras ao vício” reflete os conceitos da
ética aristotélica, defendidas na obra “Ética a Nicômaco”. Quando os
rituais maçônicos tratam do combate à ignorância, a intolerância, os
preconceitos e o fanatismo, trata-se de vícios opostos das virtudes
chamadas por Aristóteles de “virtudes intelectuais” que seriam
superiores às “virtudes morais”, pois são adquiridas pelo ensino e
baseadas na razão. Da mesma forma, o termo “vencer minhas paixões”
refere-se ao raciocínio de Aristóteles de que mesmo uma virtude moral,
se refém das paixões, tende à deficiência ou ao excesso, tornando-se
assim um vício.
Esses são apenas alguns dos vários traços do pensamento aristotélico
que podem ser encontrados na Maçonaria Especulativa a qual não se
conteve apenas com as Ordens de Arquitetura da Grécia Antiga, resgatando
também o que havia de melhor no mundo grego: sua filosofia. A intenção
aqui logicamente não foi de abordar o tema em sua magnitude, mas de
servir como um simples facho de luz a chamar a atenção de cada maçom
para a importância de se estudar a filosofia contida em nossa
instituição, buscando assim o aperfeiçoamento que a Sublime Ordem se
dispõe a nos proporcionar. Por sinal, o facho de luz também foi objeto
de estudo de Aristóteles.
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