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Espada Flamejante e Malhete |
A
verdade é que a espada não tinha presença tão forte e tão variados
papeis no Antigo Ofício. Nos rituais mais antigos só há uma única espada
na Loja: a do “Tyler”,
do Cobridor. Espada Flamejante??? Nem pensar! E essa “escassez de
espada” ainda pode ser vista nas Lojas americanas e inglesas, mesmo
quando no grau de Mestre Maçom.
Antes
de alguém cogitar a ideia de achar estranho um Mestre Maçom sem espada
ou uma Loja sem Espada Flamejante, raciocinemos: o que é “maçom”? Nossa
Maçonaria Especulativa originou-se do que?
Maçom
é pedreiro. A Maçonaria Especulativa originou-se da Maçonaria
Operativa, ou seja, das associações de artífices, sindicatos de
pedreiros. Por um acaso os pedreiros usavam espada? Espada é uma
ferramenta de trabalho de um pedreiro?
Se
você pensar bem, uma espada entre esquadro, compasso, régua, maço,
cinzel, nível, prumo, alavanca, é um objeto um tanto quanto estranho e
dissonante. Isso porque quem usa espada não é pedreiro. É cavaleiro. E
já está mais do que claro que Maçonaria Simbólica nada tem com
Templários, mesmo Ramsay tendo desejado o contrário.
Então
de onde surgiu essas espadas presentes no grau de Mestre em tantos
ritos? Observa-se que a espada como acessório oficial do Mestre Maçom
está presente nos Ritos de origem francesa: REAA, Moderno, Adonhiramita.
Isso porque, quando a maçonaria surgiu na França, foi pelas mãos dos
escoceses exilados na França, os stuartistas.
As primeiras Lojas eram compostas de nobres escoceses, nobres franceses
e militares franceses. Todos esses usavam espadas e parece que elas
acabaram adentrando aos templos com certa facilidade. É fácil entender o
raciocínio desses pioneiros na França: eles eram nobres e militares.
Combinaria mais com eles
serem sucessores de cavaleiros medievais do que de pedreiros! Ramsay
teria sido apenas o porta-voz da vontade desses senhores.
E
a espada flamejante? Ela tem tudo a ver com isso. Quem se ajoelha para
ser recebido e consagrado com uma espada sobre a cabeça definitivamente
não é o pedreiro, e sim o cavaleiro. E numa Loja em que todos têm uma
espada, a espada da sagração, visto ter exatamente o objetivo de
“sagrar”, precisa ser diferente, precisa ser sagrada, imaculada. Daí
então, as Sagradas Escrituras serviram de inspiração para a adoção duma
Espada Flamejante, cujo porte pelos querubins imprime uma imagem sacra e
o fogo simboliza purificação. Por isso, esqueça aquela baboseira
escrita por um dos grandes “sábios” da maçonaria brasileira, de que a
espada flamejante é um “raio jupteriano” que fulmina o candidato se
encostar em sua cabeça. Pelo menos, aconteceu comigo na minha iniciação e
eu não morri!
Foi
assim que as espadas tiveram ingresso na Maçonaria Simbólica, fugindo
da simbologia do Antigo Ofício, mas caindo nas graças da burguesia que,
até aquela época, não portava espadas e não se sentava na mesma mesa que
os nobres. Característica da cavalaria inclusa nas antigas tradições
maçônicas, vista por uns como aberração e justificada por outros como
evolução.
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