Existe no meio maçônico uma crença, popularizada por alguns
escritores maçons, de que “maçom não lê”. Seria isso verdade? Por que
dessa imagem negativa, de baixo índice de leitores e baixo volume de
leitura?
Ora,
os maçons não são analfabetos, pois exige-se intelecto bastante para
absorver e compreender os ensinamentos maçônicos. O que os editais de
candidatos à Iniciação também evidenciam é que a média de maçons com
nível superior é bem superior que a média da sociedade em geral.
Então, o que justificaria tal imagem interna?
Vejamos
uma explicação racional: conforme o IBGE (2009), apenas 28% dos
municípios brasileiros possuem livrarias. Uma boa parcela dessas
livrarias é segmentada, ou seja, de livros religiosos, ou jurídicos, ou
didáticos, etc. Isso significa que menos de ¼ das livrarias do país
atendem vários segmentos, podendo os títulos maçônicos alcançar suas
estantes. É claro que essas cidades com livrarias são as maiores, mais
populosas, distantes das pequenas cidades do interior. Assim sendo, como
única alternativa, sobra ao maçom do interior a compra pela Internet,
correto?
Ainda
nesse raciocínio, o IBGE (2010) indica que apenas 27% dos domicílios
brasileiros possuem acesso à Internet. Tais domicílios também estão
concentrados nas grandes cidades. Resultado: as pequenas cidades,
carentes de livrarias, também são de Internet, enquanto que 2/3 das
Lojas Maçônicas brasileiras estão situadas nas pequenas cidades!
Além
disso, deve-se observar o mercado editorial brasileiro: conforme a
Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de
Livros, o Brasil possui mais de 700 Editoras. Dessas, dá para contar nas
mãos aquelas que publicam livros relacionados à Maçonaria e os
disponibilizam nas livrarias, sejam reais ou virtuais. Entre elas,
destacam-se (por terem mais de dois títulos maçônicos publicados):
Madras, Landmark, Pensamento, Universo dos Livros. E essas quatro
editoras precisam brigar com as centenas de outras para garantir que os
títulos maçônicos cheguem às estantes das livrarias. Afinal de contas,
são dezenas de milhares de títulos publicados todos os anos… Por que
priorizar um livro maçônico em detrimento de tantos outros livros, se,
de mais de 200 mil maçons brasileiros, talvez apenas 70 mil vivem em
cidades com livrarias? É um nicho muito pequeno, se comparado às
centenas de milhares que são públicos-alvo de romances, livros
religiosos, autoajuda e best-sellers.
Enfim,
não é que os maçons leem pouco… é que eles não têm o que ler! Os livros
simplesmente não chegam a grande parte deles. Cabe então às editoras
com títulos maçônicos procurarem soluções inovadoras para alcançarem seu
público. Mais vendas levariam a tiragens maiores, o que proporcionaria
uma redução dos custos que refletiria em livros mais baratos para os
maçons, o que colaboraria para ainda mais vendas. E mais maçons lendo mais livros significa mais luz na Maçonaria.
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