A mente é passado, é memória, todas as experiências acumuladas num certo sentido.
Tudo
o que você já fez, tudo o que já pensou, tudo o que já desejou, tudo o
que já sonhou - tudo, seu passado inteiro, sua memória - mente é
memória. E a menos que se livre da memória, você não conseguirá dominar a
mente. Como se livrar da memória?
Ela
está sempre ali, seguindo você. Na verdade, você é a memória, então
como se livrar dela? Quem é você sem as suas lembranças?
Quando eu pergunto “Quem é você?” você me diz seu nome - isso é uma lembrança. Seus pais lhe deram um nome um tempo atrás.
Eu pergunto “Quem é você?” e você me fala de sua família, do seu pai, da sua mãe - isso é uma lembrança.
Eu
pergunto “Quem é você?” e você me conta o que estudou, seu nível de
instrução, que fez mestrado em Artes ou que tem doutorado ou que é
engenheiro ou arquiteto. Isso é uma lembrança.
Quando eu pergunto “Quem é você?” se você de fato olhar para dentro, só terá uma resposta: “Não sei”.
Tudo o que disser será apenas uma lembrança, não você de verdade.
A única resposta verdadeira, autêntica, só pode ser “Não sei” pois conhecer a si próprio é a última coisa que você faz.
Eu posso dizer quem sou, mas não digo.
Você não pode dizer quem é, mas se apressa em dar a resposta.
Aqueles que sabem quem são, guardam silêncio sobre isso.
Pois, se toda a memória for descartada e toda a linguagem for descartada, então quem eu sou não pode ser dito.
Eu
posso olhar dentro de você, posso dar a você um gesto, posso ficar com
você, com todo o meu ser - essa é a minha resposta. Mas a resposta não
pode ser expressa em palavras, pois tudo que é expresso em palavras faz
parte da memória, da mente, não da consciência.
Como se livrar das lembranças? Observe-as, testemunhe-as.
E lembre-se sempre: “Isso aconteceu comigo, mas isso não sou eu.”
É
claro que você nasceu numa determinada família, mas isso não é você,
aconteceu com você, é um acontecimento externo a você. Alguém lhe deu um
nome, você o tem usado, mas ele não é você. É claro que você tem uma
forma, mas a forma não é você, ela é só a casa em que por acaso você
está. A forma é só o corpo em que por acaso você está. E o corpo lhe foi
dado por seus pais - é uma dádiva, mas não é você.
Observe e tenha discernimento.
Isso
é o que no Oriente chamam de viver discernimento - você usa o tempo
todo a sua capacidade de discernir. Continue fazendo isso - chegará um
momento em que você terá eliminado tudo o que não é você. De repente,
nesse estado, você se olha pela primeira vez e encontra seu próprio ser.
Continue
jogando fora todas as identidades que não são você - a família, o
corpo, a mente. Nesse vazio, quando tiver jogado fora tudo o que não for
você, de repente seu ser vem à tona. Pela primeira vez você encontra si
mesmo, e esse encontro passa a ser o domínio.
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